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oposta à que prevalecera entre 1919 e 1931. Ao abrigo de pressões externas, os mercados<br />
internos agrícolas são reorganizados por preços garantidos e por serviços de venda geridos<br />
pelos produtores, sob o controle do Estado. Em 1930, o Coal Mines Act já tentava<br />
regulamentar a questão do carvão, reduzindo a jornada de trabalho de oito para sete horas e<br />
meia e criando uma comissão com plenos poderes para fixar a produção e os preços,<br />
responsável por organizar fusões e melhorias técnicas. Da mesma forma, sob a tutela do<br />
Estado, um comitê de reorganização da indústria siderúrgica reuniu 2 mil empresas em 1932<br />
na British Iron & Steel.<br />
A evolução internacional foi amplamente favorável: com entradas de ouro e de capitais<br />
(para um país com uma notável tradição de exportação de capitais), e combinação dos “termos<br />
de troca”, os preços das exportações continuam superiores aos das importações. O comércio<br />
externo é em parte reorientado ao Império, ainda que inúmeros acordos bilaterais garantissem<br />
o escoamento de alguns produtos britânicos em contrapartida a compras específicas. Essas<br />
medidas econômicas conduziriam o país a um lento reerguimento, perceptível a partir de<br />
1932-1933, sem rupturas sociais espetaculares, ainda de Estado-providência, mas<br />
acompanhado de medidas antecipatórias do Welfare State: se a gestão do seguro desemprego<br />
conduzira em 1931 o governo da União Nacional de R. MacDonald a diminuir em 10% os<br />
ralos pagamentos de subsídio desemprego (dole), essa medida é suprimida em 1934, e a<br />
previdência social desenvolve o sistema de pensão e aposentadorias criado em 1925. Há<br />
portanto um “piso” na retração do consumo, tanto que uma série de medidas tomadas entre<br />
1930 e 1935 estimularam amplamente a construção de moradias individuais padronizadas,<br />
levando a um verdadeiro boom do mercado imobiliário, duplicando nos anos 1930 o número<br />
de casas novas construídas nos anos 1920. A partir de 1937, a generalização do descanso<br />
remunerado permite a abertura de colônias de férias à beira-mar e o desenvolvimento do lazer<br />
de massa. Em oposição ao mito “negro” de uma Inglaterra miserável, esse dinamismo do<br />
consumo é característico da recuperação inglesa.<br />
2. Os dois New <strong>De</strong>al de F.D. Roosevelt<br />
Muito mais espetacular e tumultuada foi a política seguida por F.D. Roosevelt. Ao fim de<br />
1932, chega ao poder um homem pragmático, pouco preocupado com coerência doutrinária,<br />
que critica o presidente Hoover por sua inação e exige grandes economias orçamentárias<br />
dentro da pura tradição deflacionista. A inspiração do novo presidente vinha de dois lados.<br />
Em primeiro lugar, ele era herdeiro de uma corrente progressista favorável às intervenções<br />
federais. Em segundo, ele se tornara o intérprete direto da vontade de renovação encontrada<br />
país afora. A seu slogan de New <strong>De</strong>al, o novo acordo (uma redistribuição das cartas do jogo<br />
econômico e social), responde sua famosa frase segundo a qual “a única coisa a temer é o<br />
próprio medo”. Resulta disso uma intensa atividade reformista, inaugurada nos febris cem dias<br />
que se seguem à sua chegada ao poder: reformas bancárias aumentando o controle federal,<br />
impondo a separação entre bancos de depósitos e de negócios, concedendo novas garantias<br />
aos depositantes e reforçando o papel de banqueiro do Estado; reformas na Bolsa de Valores<br />
fiscalizando as transações de bens móveis; “reabastecimento do tanque” em matéria monetária