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edição de 26 de março de 2018

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Beyond the line<br />

SonerC<strong>de</strong>m/iStock<br />

Busca do Zeitgeist 2 –<br />

A missão<br />

Há jovens - millennials - que ficam mergulhados<br />

em telas, com pouco contato social<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Na semana passada, ocupei este espaço<br />

para refletir sobre a busca dos sinais<br />

mais evi<strong>de</strong>ntes e relevantes dos nossos<br />

tempos. Qual é o nosso Zeitgeist – ou Genius<br />

Saeculli – do latim Espírito Guardião<br />

do Século? Retomo o tema em função <strong>de</strong><br />

dois fatos: a repercussão do SXSW e alguns<br />

comentários <strong>de</strong> amigos que prezo muito<br />

sobre o tema. Primeiro, o SXSW. De tudo<br />

o que li ou ouvi, me restou uma conclusão<br />

marcante, <strong>de</strong>corrente do evento: os sinais<br />

dos nossos tempos são difusos e caóticos,<br />

<strong>de</strong> difícil i<strong>de</strong>ntificação e interpretação.<br />

Quem esperava voltar com respostas do<br />

gran<strong>de</strong> festival, se frustrou, trazendo novas<br />

questões, em vez <strong>de</strong> esclarecimentos.<br />

Afinal, como encontrar um conjunto minimamente<br />

organizado <strong>de</strong> sinais em meio<br />

a tantas e multifacetadas manifestações?<br />

De uns tempos para cá, alguns espertos começaram<br />

a ocupar o vácuo <strong>de</strong>ixado por essa<br />

dificulda<strong>de</strong> para criar alguns conceitos<br />

para satisfazer profissionais sequiosos por<br />

<strong>de</strong>finições que os ajudassem a criar estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing mais assertivas para<br />

seus planos.<br />

Aí vieram os tais conceitos: Baby Boomers,<br />

a Geração X, a Y e a Z. Por falta <strong>de</strong><br />

abecedário, passaram a cunhar expressões<br />

como millennials. E por trás <strong>de</strong> cada uma<br />

<strong>de</strong>ssas expressões, uma tentativa <strong>de</strong> emoldurar<br />

toda uma geração. Mas há alguns fenômenos<br />

que variam muito <strong>de</strong> país a país,<br />

<strong>de</strong> estado a estado, <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

bairro a bairro, <strong>de</strong> tribo a tribo (no sentido<br />

figurado).<br />

Embora a gente encontre McDonald’s,<br />

Starbucks e outras re<strong>de</strong>s internacionais por<br />

todo canto do mundo, o que nos dá a sensação<br />

<strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> internacional, basta<br />

nos aprofundarmos no tecido social para<br />

percebermos gran<strong>de</strong>s diferenças. Apesar<br />

<strong>de</strong> frequentarem os mesmos Starbucks por<br />

aí, brasileiros e americanos se comportam<br />

<strong>de</strong> forma muito diferente.<br />

Brasileiros, <strong>de</strong> uma maneira geral (olha<br />

eu caindo na tentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir todos os<br />

brasileiros...), ficam amigões íntimos rapidinho,<br />

abraçando e beijando pessoas que<br />

acabam <strong>de</strong> conhecer. Já os americanos ficam<br />

num discreto aperto <strong>de</strong> mão, mesmo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muita convivência.<br />

Há jovens - millennials - que ficam mergulhados<br />

em telas, com pouco contato social<br />

(contato físico, olho no olho – não máquina<br />

a máquina). De fato, esse número é<br />

cada vez maior. Mas há outros grupos expressivos,<br />

que resistem a essa banalização<br />

dos contatos virtuais.<br />

Há jovens totalmente focados na conquista<br />

<strong>de</strong> dinheiro, a qualquer custo. Há<br />

outros que já não querem carro ou roupas<br />

<strong>de</strong> grife. Ao contrário, preferem a simplicida<strong>de</strong><br />

e os prazeres mais naturais da vida.<br />

Há os que se entopem <strong>de</strong> salgadinhos<br />

cheios <strong>de</strong> conservantes e aromatizantes e<br />

outros que a<strong>de</strong>rem a uma comida mais natural,<br />

orgânica ou ao veganismo.<br />

Crescem as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> junk foods, mas<br />

crescem também as <strong>de</strong> opções mais naturais.<br />

Haja vista o crescimento exponencial<br />

da Whole Foods nos EUA, recentemente<br />

adquirida por Jeff “Amazon” Bezos. Com<br />

relação à ida<strong>de</strong>, numa outra ponta da socieda<strong>de</strong>,<br />

há os mais velhos. Que incrível<br />

mudança ocorreu nas últimas décadas no<br />

comportamento da conhecida “terceira<br />

ida<strong>de</strong>”! Na minha infância, essa classe era<br />

caracterizada pelo pijama e os chinelos.<br />

O que observamos hoje são sessentões e<br />

setentões com muito mais disposição e<br />

ativida<strong>de</strong> do que muitos jovens, que adotam<br />

uma vida mais caseira, focada em<br />

games e re<strong>de</strong>s sociais. Estamos na era das<br />

contradições.<br />

Por um lado, uma cruzada ferrenha pelos<br />

direitos humanos e <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> raça,<br />

<strong>de</strong> gênero, <strong>de</strong> cor... Por outro, um recru<strong>de</strong>scimento<br />

nas limitações às migrações e na<br />

intolerância social e religiosa. Países antes<br />

amigáveis, agora mostram-se xenófobos e<br />

restritivos. Basta ver a obsessão do dirigente<br />

do maior país do mundo em “proteger”<br />

sua gente com muros (físicos e alfan<strong>de</strong>gários).<br />

Minha conclusão neste segundo artigo<br />

<strong>de</strong>dicado ao mesmo tema só po<strong>de</strong>ria<br />

confirmar o que já afirmei no primeiro.<br />

Que dificulda<strong>de</strong> em ter o tal Zeitgeist<br />

<strong>de</strong>sses nossos tempos, não?<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 25

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