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deixam tudo para a última hora!” Mas será que a<br />

culpa é mesmo da procrastinação ou existe uma outra<br />

razão?<br />

Para responder a essa questão, gostaria de traçar<br />

um paralelo com o mundo esportivo. Você já percebeu<br />

o que acontece quando, em uma<br />

maratona, um corredor enxerga a<br />

linha de chegada? Ele acelera! É<br />

o famoso sprint, aquele gás final.<br />

Você já se perguntou como ele consegue<br />

acelerar depois de ter corrido<br />

41,5 km? De onde ele tira essa<br />

energia?<br />

O que pouca gente sabe é que<br />

quando o atleta percebe que irá<br />

atingir seu objetivo, quando enxerga<br />

a linha de chegada, uma carga<br />

de endorfina é liberada na sua<br />

corrente sanguínea, e isso faz com<br />

que ele passe a sentir menos dor<br />

e, também, com que uma certa euforia tome conta<br />

dele. A euforia, resultado da endorfina, fornece a<br />

energia de que ele precisa para acelerar. Numa maratona,<br />

o local em que os corredores enxergam a linha<br />

de chegada pela primeira vez chama-se “ponto X”. A<br />

carga de endorfina liberada nessa hora é tão grande<br />

que volta e meia corredores têm ataques cardíacos<br />

nesse local.<br />

Meta gradativa<br />

Esse fenômeno vem sendo estudado desde 1926, quando<br />

Clark Hull, psicólogo norte-americano e professor<br />

da Universidade de Chicago fez uma descoberta importante<br />

ao estudar o comportamento de ratos num<br />

labirinto: ele percebeu que quanto mais perto os ratos<br />

estavam do final do labirinto, mais rápido eles andavam.<br />

Hull nomeou sua descoberta de “Teoria da Meta<br />

Gradativa”, e até hoje nós podemos sentir os efeitos<br />

dela quando começamos a ler mais rápido assim que<br />

percebemos que estamos no final de um livro, ou<br />

quando percebemos que uma ligação telefônica irá<br />

terminar e apressamos a fala.<br />

É por causa desse mesmo fenômeno que os profissionais<br />

de vendas aceleram somente nos últimos<br />

dias do mês: quando determinamos metas mensais,<br />

os vendedores conseguem enxergar a linha de chegada<br />

somente no dia 28 ou 29.<br />

“Quando as coisas dão errado nas<br />

empresas, é sempre fácil culpar<br />

as pessoas, porém, muitos erros<br />

são estratégicos, pois parte da<br />

performance dos empregados é<br />

um reflexo das estratégias das<br />

empresas. Metas mal-formuladas<br />

irão causar resultados fracos,<br />

por mais que os seus vendedores<br />

tenham grandes habilidades em<br />

negociação, conhecimento do<br />

produto ou do mercado.”<br />

Ao unirmos os estudos de Hull com o que acontece<br />

numa maratona, podemos concluir que apenas<br />

sentir que o sucesso é possível já faz com que uma<br />

carga de endorfina seja liberada. Nas empresas, funciona<br />

da mesma forma. Se os vendedores sentirem<br />

que o final da “maratona” está chegando<br />

somente no dia 28, eles irão<br />

acelerar apenas nos dias restantes<br />

– correndo, aliás, o risco de terem<br />

um “infarto” a qualquer momento<br />

e não atingirem a meta. Mas o que<br />

aconteceria se os vendedores tivessem<br />

vários pontos X durante o<br />

mês? Se, ao invés de sentirem que<br />

a maratona está na reta final no<br />

dia 28, os vendedores “visualizassem”<br />

a linha de chegada toda quarta-feira?<br />

Certamente eles iriam<br />

acelerar no restante da quarta e<br />

durante toda a quinta e a sexta. É<br />

por esse motivo que metas semanais são mais vantajosas<br />

do que as metas mensais, pois causam aceleração<br />

frequente, enquanto metas mensais causam apenas<br />

um momento de aceleração.<br />

Você pode questionar: mas, dentro dessa lógica,<br />

as metas diárias não seriam ainda melhores? Não. Por<br />

dois motivos:<br />

1) Um dia está sujeito a diversos imprevistos: aquele<br />

cliente que gosta de conversar e segura o seu vendedor<br />

durante duas horas na visita; o trânsito que<br />

fica cada vez pior; um cliente que liga precisando de<br />

algo urgente; uma emergência familiar; e assim vai.<br />

Raramente conseguimos alcançar o que planejamos<br />

durante um dia. Além disso, metas diárias podem<br />

causar uma euforia tão grande no vendedor que ele<br />

acaba tendo um “infarto”, precisando parar antes da<br />

linha de chegada.<br />

2) Por causa desses imprevistos, se o vendedor tem<br />

uma meta diária e não a consegue alcançar durante<br />

alguns dias seguidos, acontece um fenômeno chamado<br />

de “desesperança aprendida”: o vendedor começa<br />

a perceber que não importa o esforço que empregue<br />

em bater a meta, ele nunca conseguirá atingi-la – o<br />

que faz com que a pessoa simplesmente desista de<br />

tentar chegar lá. Isso acontece também com empresas<br />

que não sabem determinar metas coerentes, aquelas<br />

que definem objetivos impossíveis de serem alcançados.<br />

Se o vendedor não bate a meta no primeiro mês,<br />

vendamais.com.br - JULHO-AGOSTO 2017 53

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