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TECNOLOGIA<br />
Motores de combustão e caixas de velocidade<br />
Independência<br />
ou morte?<br />
› Numa altura em que a indústria<br />
automóvel aponta para os veículos<br />
elétricos e movidos a energias<br />
alternativas, onde não existem motores<br />
alimentados a combustíveis fósseis<br />
nem caixas de velocidade manuais,<br />
ainda há quem veja futuro nas soluções<br />
“convencionais”. Estaremos perante um<br />
caso de independência ou morte? Só o<br />
tempo o dirá<br />
Por: Ricardo Carvalho<br />
Os automóveis que montam<br />
motores de combustão interna<br />
dispõem de um considerável<br />
potencial de melhoria dos seus consumos<br />
e emissões. Por um lado, através<br />
da otimização tecnológica do próprio<br />
propulsor, aumentando a sua eficiência<br />
e minimizando as per<strong>das</strong> de energia.<br />
Por outro, fazendo parte de um sistema<br />
de propulsão híbrido. E, depois, ainda<br />
existe o uso de combustíveis alternativos,<br />
como o gás natural ou os combustíveis<br />
sintéticos. O volume mundial de<br />
automóveis com caixas de velocidade<br />
manuais continuará a aumentar. Contudo,<br />
com pequenas modificações,<br />
poderão tirar benefícios <strong>das</strong> novas<br />
tecnologias na redução do consumo<br />
de combustível e <strong>das</strong> emissões de CO 2.<br />
Nos últimos 15 anos, os motores a<br />
gasolina registaram enormes progressos<br />
em termos da redução de consumos<br />
e emissões. Incitados por uma<br />
legislação ambiental cada vez mais<br />
exigente, os fabricantes têm vindo a<br />
aplicar nestes propulsores as tecnologias<br />
que já empregaram nos Diesel,<br />
como, por exemplo, a injeção direta<br />
e a sobrealimentação através de turbocompressor.<br />
Isto permitiu conceber<br />
motores mais pequenos (o chamado<br />
downsizing), com cilindrada mais baixa<br />
e menor número de cilindros. Além<br />
do mais, o aumento e a melhoria da<br />
entrega de binário permitiu alargar<br />
os desenvolvimentos <strong>das</strong> caixas de<br />
velocidade, o que, em conjunto com<br />
o aumento do número de relações,<br />
também contribuiu para reduzir consumos<br />
e emissões.<br />
n NOVAS NORMAS DE EMISSÕES<br />
O ciclo NEDC (New European Driving<br />
Cycle) de consumos e emissões<br />
foi a base sobre a qual os engenheiros<br />
trabalharam no desenvolvimento dos<br />
motores, concebidos para emitirem o<br />
mínimo a baixos regimes e cargas. Graças<br />
a isso, ofereciam consumos excecionalmente<br />
baixos nessas condições<br />
e valores que aumentavam consideravelmente<br />
na utilização real quotidiana.<br />
A 1 de setembro de 2017, entrou em<br />
vigor a nova norma WLTP (Worldwide<br />
harmonized Light vehicles Test Procedures),<br />
que começará a ser aplicada a<br />
partir do dia 1 de setembro de 2018.<br />
Os novos testes implicam uma velocidade<br />
média mais elevada, acelerações<br />
e desacelerações mais agressivas,<br />
normas de teste mais restritas e consideração<br />
do equipamento opcional<br />
para representar, com maior precisão,<br />
o consumo de combustível real para os<br />
consumidores. Para mais, na Europa,<br />
será realizado o teste RDE (Real Driving<br />
Emissions test). Este teste não mede<br />
as emissões poluentes (NOx, PM, CO<br />
e HC) em laboratório, mas na estrada.<br />
Uma vez que este método não segue<br />
um procedimento fixo, as emissões devem<br />
estar dentro dos limites legais em<br />
toda a gama de utilização do motor.<br />
Por causa de tudo isto, é provável que<br />
os preços dos automóveis aumentem<br />
consideravelmente. ✱<br />
Tecnologias que continuarão a otimizar os motores de combustão<br />
São várias as tendências e tecnologias que vão permitir aos motores de combustão continuar a evoluir em termos de eficiência e<br />
redução de CO 2, mas, também, adaptar-se às novas normas de emissões<br />
“Hibridização”<br />
O conceito de reunir um motor de combustão com um elétrico e um sistema de recuperação e armazenamento de energia mostrou-se muito válido para reduzir<br />
consumos e emissões. Os motores de combustão irão evoluindo para se harmonizarem com o sistema híbrido e de forma a manterem otimizado o seu funcionamento.<br />
A vantagem do conceito híbrido paralelo diz respeito ao elevado grau de flexibilidade <strong>das</strong> famílias de motores, que, apenas com pequenas modificações,<br />
podem ser utilizados tanto em sistemas de propulsão “convencionais” como nos híbridos. O que permite otimizar as capacidades de produção e o investimento<br />
em desenvolvimento tecnológico.<br />
A “hibridização” de 48 Volt permitirá “hibridizar” todo o tipo de motores com uma relação custo/benefício muito favorável. As simulações de consumo e emissões<br />
no ciclo WLTC demonstram que um híbrido de nível 0 – o mais simples tecnicamente – alcança uma poupança de 3,8% em consumos e emissões relativamente<br />
a um microhíbrido de 12 Volt (com alternador inteligente e função start&stop) equipado com um motor elétrico de polos assíncronos ou de polos alternados e<br />
de 6,6% desde que munido de motor elétrico síncrono de ímanes permanentes.<br />
Agosto I 2018<br />
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