L+D 71

¿QUÉ PASA?
O ESPAÇO TECIDO PELA LUZ
Este trabalho é o resultado de uma descoberta pessoal
feita há dez anos, de que uma câmera pinhole se transforma
em um projetor quando você altera a relação claro/escuro
– mudando da configuração tradicional de interior claro/
exterior escuro para exterior escuro/interior claro. Embora
no passado eu já tenha trabalhado com lâmpadas, sinto que
esse projeto lança mão daquela descoberta inicial de forma
adequada. Para mim, esse projeto sempre esteve relacionado
à forma da luz. As sombras em um espaço assumem a forma
da luz que as origina. Para esse projeto, a forma adotada foi a
sinuosa linha de um filamento incandescente. Mas poderia ser,
simplesmente, a circularidade do sol ou a linearidade de uma
lâmpada fluorescente.
A forma obtida por meio das projeções foi fortemente
influenciada pelo tecido jacquard, feito pela máquina de
tear, que utiliza uma tela perfurada, e por outras mídias
binárias, como os antigos cartões para programação de
computadores ou os rolos de música para pianolas. Para
mim, o poder dessa forma reside na relação entre dados e
informações, nos materiais brutos do mundo e na maneira
como os organizamos. Nessa analogia, a lâmpada representa
os dados, a tela perfurada seria um tipo de programa, e a
projeção, a informação resultante. O efeito geral é de um
espaço da luz tecida.
Cada um dos projetores usados para a produção dessas
imagens foi equipado com uma lâmpada incandescente
60 W. As pequenas variações nas formas dos filamentos
desempenham um papel significativo na geração dos padrões
das projeções. Não existem duas lâmpadas capazes de produzir
um mesmo desenho. Tenho a convicção de que, com a queima
da lâmpada, sua projeção será perdida. (Por Chris Fraser, versão
para o português Débora Torii e Orlando Marques.)
42 43