Desvairadas: histórias de pessoas LGBT em Florianópolis, capital de Santa Catarina (2014)
Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.
Este livro-reportagem foi produzido de maneira independente e apresentado como TCC do curso de Jornalismo da UFSC em 2014, com o intuito de oferecer narrativas jornalísticas sobre pessoas LGBT que fujam do olhar de exotificação e patologização habitualmente encontrado em reportagens dos meios de comunicação hegemônicos. Por esse motivo, a reprodução deste material é livre e fortemente estimulada.
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CAPÍTULO 6
É Patrícia e ponto final
Depois de onze anos de separação, pai e filha resolveram
se reencontrar. Combinaram para uma
quarta-feira de novembro, às duas da tarde, no
Largo da Catedral Metropolitana, do centro de
Florianópolis. Às quartas, acontece no Largo uma feirinha
tradicional de roupas, comida, velharias e brochuras ensebadas
– o tipo de coisa adorada por turistas curiosos e com bastante
tempo vago. Inquieto, o pai chegou no ponto de encontro
às dez da manhã. Aproveitou a folga que tinha para contar
a história a quem quisesse ouvir. O eleito foi o homem da
barraca de artesanato ilhéu, que ficou sabendo do encontro,
da ansiedade e de boa parte do caso. Quando Patrícia chegou,
o pai fez logo questão de apresentá-la ao novo amigo:
“Este aqui é o meu filho...”
“Não”, corrigiu o feirante. “Ela é a sua filha.”
Muita coisa havia mudado em onze anos: da última vez
que a vira, Patrícia ainda não tinha passado por cirurgia plástica
e depilação a laser. Agora tinha o cabelo longo e brilhante,
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