You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
MEDICINA GENÔMICA<br />
Metagenômica: inovação no diagnóstico<br />
e vigilância de vírus emergentes<br />
Por: Deyvid Amgarten e Fernanda Malta<br />
A cada dia que passa tem se tornado mais<br />
evidente a eficiência e adequabilidade dos<br />
testes moleculares no diagnóstico de doenças<br />
infecciosas, sobretudo aquelas causadas<br />
por vírus como é o caso da atual pandemia<br />
de COVID19. Os testes moleculares são capazes<br />
de detectar o material genético do<br />
patógeno, atestando de forma direta sua<br />
presença na amostra.<br />
Colocando em perspectiva, os diferentes<br />
testes disponíveis para o diagnóstico de CO-<br />
VID19 têm a sua utilidade bem definida. O<br />
teste molecular de RT-qPCR é especialmente<br />
importante para identificar indivíduos com<br />
carga viral, permitindo que medidas de restrição<br />
como a quarentena sejam aplicadas<br />
com o objetivo de bloquear a disseminação<br />
viral. Já os testes imunológicos podem ser<br />
usados para identificar indivíduos que já<br />
foram expostos ao patógeno e podem ser<br />
utilizados para conferir “Passaportes imunológicos”,<br />
de forma a atestar sua imunidade à<br />
doença. Todavia, nenhum destes testes mostrou-se<br />
adequado para o diagnóstico inicial<br />
em surtos, ou seja, para a identificação de<br />
novos patógenos virais no momento que eles<br />
são emergentes.<br />
O novo coronavírus, nomeado posteriormente<br />
de SARS-CoV-2, foi identificado rapidamente<br />
na cidade de Wuhan por uma técnica<br />
de pesquisa e diagnóstico denominada<br />
“Metagenômica”. Trata-se de uma técnica<br />
molecular que também é capaz de identificar<br />
diretamente o material genético do vírus,<br />
mas diferentemente da técnica de RT-qPCR,<br />
a metagenômica não é uma técnica direcionada,<br />
ou seja, com um alvo específico. Ao invés<br />
disso, a técnica faz uso da extração total<br />
do material genético da amostra, seguida do<br />
sequenciamento massivo paralelo (também<br />
conhecido como sequenciamento de nova<br />
geração NGS) e da análise bioinformática<br />
para buscar o genoma e identificar o patógeno<br />
de forma precisa.<br />
Do momento da identificação do patógeno<br />
associado ao surto da síndrome respiratória<br />
aguda em Wuhan até o final de janeiro de<br />
2020, o diagnóstico dos pacientes foi possível<br />
somente através da metagenômica. A<br />
partir do depósito do genoma em bancos<br />
públicos, ensaios de RT-qPCR começaram<br />
a ser desenvolvidos no mundo através de<br />
estudos detalhados das regiões do genoma<br />
viral.<br />
Enquanto isso, os primeiros casos suspeitos<br />
de COVID19 eclodiam no Brasil,<br />
sendo descartados um a um pela técnica<br />
de metagenômica desenvolvida internamente<br />
no Hospital Israelita Albert Einstein.<br />
Por se tratar de uma técnica que não<br />
possui um patógeno viral específico como<br />
alvo, a mesma é capaz de diagnosticar<br />
arboviroses, hepatites virais e síndrome<br />
respiratórias de uma miríade de vírus diferentes,<br />
incluindo todos os vírus da família<br />
Coronaviridae.<br />
0 74<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020