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Revista Newslab Edição 159

Revista Newslab Edição 159 - Abril / Maio 2020

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MEDICINA GENÔMICA<br />

Metagenômica: inovação no diagnóstico<br />

e vigilância de vírus emergentes<br />

Por: Deyvid Amgarten e Fernanda Malta<br />

A cada dia que passa tem se tornado mais<br />

evidente a eficiência e adequabilidade dos<br />

testes moleculares no diagnóstico de doenças<br />

infecciosas, sobretudo aquelas causadas<br />

por vírus como é o caso da atual pandemia<br />

de COVID19. Os testes moleculares são capazes<br />

de detectar o material genético do<br />

patógeno, atestando de forma direta sua<br />

presença na amostra.<br />

Colocando em perspectiva, os diferentes<br />

testes disponíveis para o diagnóstico de CO-<br />

VID19 têm a sua utilidade bem definida. O<br />

teste molecular de RT-qPCR é especialmente<br />

importante para identificar indivíduos com<br />

carga viral, permitindo que medidas de restrição<br />

como a quarentena sejam aplicadas<br />

com o objetivo de bloquear a disseminação<br />

viral. Já os testes imunológicos podem ser<br />

usados para identificar indivíduos que já<br />

foram expostos ao patógeno e podem ser<br />

utilizados para conferir “Passaportes imunológicos”,<br />

de forma a atestar sua imunidade à<br />

doença. Todavia, nenhum destes testes mostrou-se<br />

adequado para o diagnóstico inicial<br />

em surtos, ou seja, para a identificação de<br />

novos patógenos virais no momento que eles<br />

são emergentes.<br />

O novo coronavírus, nomeado posteriormente<br />

de SARS-CoV-2, foi identificado rapidamente<br />

na cidade de Wuhan por uma técnica<br />

de pesquisa e diagnóstico denominada<br />

“Metagenômica”. Trata-se de uma técnica<br />

molecular que também é capaz de identificar<br />

diretamente o material genético do vírus,<br />

mas diferentemente da técnica de RT-qPCR,<br />

a metagenômica não é uma técnica direcionada,<br />

ou seja, com um alvo específico. Ao invés<br />

disso, a técnica faz uso da extração total<br />

do material genético da amostra, seguida do<br />

sequenciamento massivo paralelo (também<br />

conhecido como sequenciamento de nova<br />

geração NGS) e da análise bioinformática<br />

para buscar o genoma e identificar o patógeno<br />

de forma precisa.<br />

Do momento da identificação do patógeno<br />

associado ao surto da síndrome respiratória<br />

aguda em Wuhan até o final de janeiro de<br />

2020, o diagnóstico dos pacientes foi possível<br />

somente através da metagenômica. A<br />

partir do depósito do genoma em bancos<br />

públicos, ensaios de RT-qPCR começaram<br />

a ser desenvolvidos no mundo através de<br />

estudos detalhados das regiões do genoma<br />

viral.<br />

Enquanto isso, os primeiros casos suspeitos<br />

de COVID19 eclodiam no Brasil,<br />

sendo descartados um a um pela técnica<br />

de metagenômica desenvolvida internamente<br />

no Hospital Israelita Albert Einstein.<br />

Por se tratar de uma técnica que não<br />

possui um patógeno viral específico como<br />

alvo, a mesma é capaz de diagnosticar<br />

arboviroses, hepatites virais e síndrome<br />

respiratórias de uma miríade de vírus diferentes,<br />

incluindo todos os vírus da família<br />

Coronaviridae.<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020

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