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Revista Newslab Edição 159

Revista Newslab Edição 159 - Abril / Maio 2020

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MICROBIOLOGIA CLÍNICA<br />

interferente que possa manter essa IgM positiva.<br />

Outra hipótese é que seja uma manutenção<br />

real de níveis de IgM, por presença de vírus, ou<br />

partículas virais na circulação. Mas são somente<br />

especulações de minha parte. Algumas respostas,<br />

só o tempo e a pesquisa poderão nos dar.<br />

3. Dr. Zhang, você observou a conversão<br />

prolongada de ácido nucleico em vários<br />

pacientes com COVID-19. Qual o significado<br />

disso encontrado? Como os laboratórios<br />

clínicos podem ajudar os médicos?<br />

Fale-nos sobre isso.<br />

Resumo da resposta Dr. Zhang: A conversão<br />

prolongada de ácido nucleico era realmente<br />

comum em pacientes servidores. É difícil<br />

definir “prolongado” e também mencionei que,<br />

de outras doenças virais, traços de vírus podem<br />

ser encontrados semanas após a recuperação,<br />

mas não desempenham nenhum papel na<br />

transmissão. Há casos sendo acompanhados de<br />

permanência de RT-PCR positiva por mais de 90<br />

dias, pacientes assintomáticos. Não sabemos do<br />

poder de disseminação nesses casos.<br />

Comentário prof. Caio: Temos aqui dois<br />

fatos interessantes somados, que são a permanência<br />

da IgM por 2 meses, assim como da<br />

carga viral, e MESMO NA PRESENÇA de IgG, o<br />

que tem sido bastante comum nos testes rápidos<br />

que temos acompanhado. Há vários relatos<br />

no país, com esse perfil. Mas, não temos RT-PCR<br />

para queimar, o que seria importantíssimo. Em<br />

Wuhan, os testes eram feitos por ELISA in house,<br />

bem mais sensíveis que imunocromatográficos.<br />

Mesmo assim, ele relata baixa sensibilidade,<br />

em torno de 65-70% desde que coletado no<br />

momento correto. Qual nossa dificuldade? Não<br />

temos como provar que os negativos são negativos,<br />

e nem que os positivos são positivos, na<br />

imensa maioria das vezes. Caso teste rápido seja<br />

positivo, e o paciente seja assintomático, jamais<br />

haverá confirmação com métodos moleculares,<br />

ou até mesmo, pesquisa sorológica para antígeno.<br />

Apenas manteremos os casos “confirmados”<br />

como tal. Os demais, irão para a estatística e<br />

ponto. Sabemos que o valor preditivo positivo<br />

para IgM é razoável, e que devemos considerar.<br />

Mas como acompanhar de forma racional, os<br />

pacientes que denominamos de “IgM arrastada”,<br />

ou “IgM persistente” sem RT-PCR? Qual será<br />

a utilidade destes resultados, além de encher<br />

estatísticas? Será que em algum momento saberemos<br />

quais são verdadeiramente negativos,<br />

ou positivos? Será que teremos esse acompanhamento<br />

de casos “fora da curva”? Quanto<br />

aos negativos, me parece pior ainda o quadro.<br />

Pacientes assintomáticos carregarão os vírus<br />

para suas casas, com potencialidade de disseminação,<br />

porém, certos de que estão saudáveis.<br />

Qual será o impacto desses falsos negativos na<br />

transmissão e manutenção dos novos casos em<br />

elevação? Qual será o impacto de testes aleatórios<br />

realizados em farmácias, drogarias e empresas?<br />

Só o tempo dirá, talvez.<br />

4. Dr. Zhang, acho que a principal dúvida<br />

de nossos profissionais de laboratório no<br />

Brasil, talvez em todo o mundo, diz respeito<br />

às janelas imunológicas da covid19<br />

e à cinética dos anticorpos séricos contra a<br />

SARS-CoV-2, principalmente quando, qual<br />

o correto momento, temos que coletar<br />

amostras para diagnóstico ou detecção de<br />

IgM. Ao mesmo tempo, qual o momento<br />

correto para a coleta de IgG. Qual é a opinião<br />

do Dr. Zhang sobre isso?<br />

Resumo da resposta Dr. Zhang: Para<br />

definir o momento correto para o teste de anticorpos,<br />

você precisa descobrir o objetivo (diagnóstico?<br />

Avaliação?) e a cinética do anticorpo.<br />

Segundo relatos, a IgM poderia ser detectada<br />

em 7 dias após o início dos sintomas e atingir<br />

seu ponto mais alto em cerca de 2 semanas, e<br />

a IgG pode ser detectada após cerca de 2 semanas<br />

e persistir. Nos faltam os dados de cinética<br />

precoce, no entanto, meus dados não publicados<br />

mostraram que aproximadamente 50% dos<br />

pacientes apresentaram resultado positivo para<br />

IgM após 2 meses do início dos sintomas, e mais<br />

de 99% dos pacientes sintomáticos eram positivos<br />

para IgG (Nota: ao mesmo tempo).<br />

Comentário prof. Caio: Nossa análise primária,<br />

que propõe a coleta das amostras a partir<br />

do 14º dia de sintomas, porém, este novo dado<br />

observacional da equipe do Dr. Zhang mostra<br />

uma imensa flexibilidade nas respostas de IgM,<br />

com cerca da metade dos casos sintomáticos<br />

apresentam IgM positiva após 2 meses do início<br />

dos sintomas, algo novo para nós, mas que<br />

estão sendo demonstrados – IgG + IgM – em<br />

muitos testes rápidos. Para termos uma noção<br />

dos nossos casos, cada teste positivo deveria<br />

ser repetido semanalmente, para termos nossos<br />

próprios dados observacionais, porém, a<br />

especulação e alto custo desses testes no Brasil,<br />

impedem testagens em larga escala pela rede<br />

privada, e esbarra no problema dos testes de<br />

anticorpos totais na rede pública, e não há como<br />

saber se há apenas IgG ou se trata de casos de<br />

IgM arrastada. Se quisermos saber se esses fatos<br />

se repetem aqui, precisaremos realizar testes<br />

com inteligência.<br />

5. Ok. Temos o diagnóstico de covid19,<br />

o paciente está desenvolvendo a doença.<br />

Sabemos que 85% ou mais desenvolverá<br />

covid19 assintomático ou em condições<br />

amenas. Sabemos também que algo em<br />

torno de 5% pode desenvolver as diversas<br />

formas. Quais são os fatores de risco<br />

para um mau prognóstico no COVID-19?<br />

O laboratório clínico pode ajudar aos<br />

médicos com alguns dados? Quais são<br />

os marcadores laboratoriais mais importantes<br />

nas várias formas de covid19?<br />

Resumo da resposta Dr. Zhang: Os fatores<br />

de risco para um mau prognóstico do<br />

COVID-19 incluem: idade avançada, sexo<br />

masculino, fumante, comorbidades como<br />

hiperestesia (esses fatores não podem ser al-<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020

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