19.05.2020 Views

Revista Newslab Edição 159

Revista Newslab Edição 159 - Abril / Maio 2020

Revista Newslab Edição 159 - Abril / Maio 2020

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MICROBIOLOGIA CLÍNICA<br />

terados). As citocinas inflamatórias elevadas,<br />

como IL-6, IL-2R (para monitoramento doença<br />

e medicamentos potencialmente monoclonais),<br />

diminuição da contagem de linfócitos<br />

(aplicação de moduladores imunológicos,<br />

como a imunoglobina), são fatores que você<br />

pode utilizar para avaliação da doença e plano<br />

de tratamento.<br />

Comentário prof. Caio: A fisiopatogenia<br />

da doença é desenhada, mas não é definida.<br />

Há alguns hiatos que precisam ser preenchidos<br />

com hipóteses e confirmados por pesquisas.<br />

Mesmo assim, já há marcadores laboratoriais<br />

que podem, e devem, ser utilizados como<br />

indicadores de prognóstico, tais como Sat O2<br />

abaixo de 93%, aumento brusco de ferritina,<br />

D-Dímero, IL-6, alterações de enzimas hepáticas<br />

e marcadores de função renal indicam<br />

má evolução, com processo de hiperinflamação,<br />

ou tempestade de citocinas. Os mesmos<br />

podem colaborar com escolhas terapêuticas<br />

– dentro do que temos no momento – como<br />

uso precoce de hidroxicloroquina/azitromicina<br />

(até máximo 6 dias de sintomas) para<br />

evitar a evolução que desencadeará a<br />

tempestade de citocinas. Caso o paciente<br />

seja atendido na segunda semana de sintomas,<br />

adicionar corticoides em doses elevadas<br />

parece ser o mais adequado, dentro que estamos<br />

acompanhando de relatos informais de<br />

médicos de diversos centros. Recentemente,<br />

a confirmação da necessidade de anticoagular<br />

no começo, também parece ser extremamente<br />

útil. O fato é que o laboratório precisa ser mais<br />

utilizado e valorizado na covid19.<br />

6. Fale-nos sobre os dados de impacto.<br />

Quanto podemos confiar nos dados de<br />

estudos retrospectivos e ensaios clínicos,<br />

por favor?<br />

Resumo da resposta Dr. Zhang: Tente se<br />

referir a periódicos de alto impacto e pesquisa<br />

básica. Deve ser extremamente crítico para<br />

estudos que reivindiquem um tratamento promissor<br />

ou conclusão definitiva. Periódicos como<br />

JAMA ou NEJM são muito úteis, assim como publicações<br />

afins. Mas não podemos afirmar que<br />

esses estudos estejam certos. É preciso muito<br />

mais pesquisa, e mais dados, dados obtidos de<br />

estudos de larga população e período. Somente<br />

então saberemos mais a respeito desta doença.<br />

Comentário prof. Caio: O que falei neste<br />

momento, é que estamos diante de uma doença<br />

nova e de um vírus novo, e que tudo está sendo<br />

aprendido, tentado e aplicado em tempo real, em<br />

método de tentativa e erro, com alguns acertos,<br />

sendo estes, amplamente distribuídos pelas publicações<br />

e pré-publicações na rede. Por isso, Dr.<br />

Zhang reforça estudos usando referências de alto<br />

impacto, alta qualificação, porém, concorda conosco<br />

que não podemos apenas esperar amplos<br />

estudos, mas valorizar pesquisas observacionais e<br />

achados que levam a melhoria dos doentes, reduzindo<br />

quadros graves, impedindo que se torne<br />

crítico e necessite de respirador.<br />

É preciso quebrar o engessamento da ciência<br />

neste momento, sem que se interrompa o ciclo<br />

de estudos randomizados. Devemos lembrar<br />

que toda grande descoberta, partiu de<br />

uma observação, ou adaptação de uma. Os<br />

chineses testaram cloroquina, franceses aperfeiçoaram<br />

e adicionaram azitromicina, americanos<br />

adicionam zinco, espanhóis e brasileiros<br />

adicionaram corticoides em doentes graves<br />

– por falta de antivirais de última geração – e<br />

todos salvam vidas, usando protocolo<br />

que partiu de uma observação. Jamais<br />

devemos desprezar um achado, nos colocando<br />

acima da própria descoberta.<br />

A humildade do pesquisador diante dos<br />

fatos é o que o leva a perceber. O segredo<br />

está na genial capacidade de perceber o<br />

que ninguém mais percebe.<br />

Finalizei dizendo “Muito obrigado por<br />

salvar vidas em Wuhan e contribuir para<br />

salvar milhares de vidas em todo o mundo<br />

com seus estudos e publicações. Foi<br />

uma honra para nós tê-lo aqui no Papo<br />

Connection. Espero que estejamos criando<br />

uma ponte científica entre nós e trocando<br />

experiências e descobertas.”<br />

Ele se despediu desejando que “Deus abençoe<br />

o Brasil, e que os brasileiros fiquem bem,<br />

assim como o povo de Wuhan e China”.<br />

Que possamos aprender com essa pandemia.<br />

Deus abençoe o Brasil e os brasileiros, ilumine a<br />

humanidade e a ciência.<br />

Link para o Papo Connection com da<br />

Entrevista:<br />

https://www.youtube.com/watch?v=MuBTszcVCt0&t=2s<br />

Caio Salvino<br />

Caio Salvino é farmacêutico-bioquímico, microbiologista clínico, professor e consultor. Apaixonado<br />

pela profissão que escolheu, dirige o Laboratório Saldanha, em Lages e a ImersãoLab Capacitação<br />

e Treinamentos em Análises Clínicas, em Floripa, ambas na Santa e bela Catarina. É idealizador e<br />

apresentador do talk-show Papo de Jaleco no YouTube.<br />

0 90<br />

<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!