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MICROBIOLOGIA CLÍNICA<br />
terados). As citocinas inflamatórias elevadas,<br />
como IL-6, IL-2R (para monitoramento doença<br />
e medicamentos potencialmente monoclonais),<br />
diminuição da contagem de linfócitos<br />
(aplicação de moduladores imunológicos,<br />
como a imunoglobina), são fatores que você<br />
pode utilizar para avaliação da doença e plano<br />
de tratamento.<br />
Comentário prof. Caio: A fisiopatogenia<br />
da doença é desenhada, mas não é definida.<br />
Há alguns hiatos que precisam ser preenchidos<br />
com hipóteses e confirmados por pesquisas.<br />
Mesmo assim, já há marcadores laboratoriais<br />
que podem, e devem, ser utilizados como<br />
indicadores de prognóstico, tais como Sat O2<br />
abaixo de 93%, aumento brusco de ferritina,<br />
D-Dímero, IL-6, alterações de enzimas hepáticas<br />
e marcadores de função renal indicam<br />
má evolução, com processo de hiperinflamação,<br />
ou tempestade de citocinas. Os mesmos<br />
podem colaborar com escolhas terapêuticas<br />
– dentro do que temos no momento – como<br />
uso precoce de hidroxicloroquina/azitromicina<br />
(até máximo 6 dias de sintomas) para<br />
evitar a evolução que desencadeará a<br />
tempestade de citocinas. Caso o paciente<br />
seja atendido na segunda semana de sintomas,<br />
adicionar corticoides em doses elevadas<br />
parece ser o mais adequado, dentro que estamos<br />
acompanhando de relatos informais de<br />
médicos de diversos centros. Recentemente,<br />
a confirmação da necessidade de anticoagular<br />
no começo, também parece ser extremamente<br />
útil. O fato é que o laboratório precisa ser mais<br />
utilizado e valorizado na covid19.<br />
6. Fale-nos sobre os dados de impacto.<br />
Quanto podemos confiar nos dados de<br />
estudos retrospectivos e ensaios clínicos,<br />
por favor?<br />
Resumo da resposta Dr. Zhang: Tente se<br />
referir a periódicos de alto impacto e pesquisa<br />
básica. Deve ser extremamente crítico para<br />
estudos que reivindiquem um tratamento promissor<br />
ou conclusão definitiva. Periódicos como<br />
JAMA ou NEJM são muito úteis, assim como publicações<br />
afins. Mas não podemos afirmar que<br />
esses estudos estejam certos. É preciso muito<br />
mais pesquisa, e mais dados, dados obtidos de<br />
estudos de larga população e período. Somente<br />
então saberemos mais a respeito desta doença.<br />
Comentário prof. Caio: O que falei neste<br />
momento, é que estamos diante de uma doença<br />
nova e de um vírus novo, e que tudo está sendo<br />
aprendido, tentado e aplicado em tempo real, em<br />
método de tentativa e erro, com alguns acertos,<br />
sendo estes, amplamente distribuídos pelas publicações<br />
e pré-publicações na rede. Por isso, Dr.<br />
Zhang reforça estudos usando referências de alto<br />
impacto, alta qualificação, porém, concorda conosco<br />
que não podemos apenas esperar amplos<br />
estudos, mas valorizar pesquisas observacionais e<br />
achados que levam a melhoria dos doentes, reduzindo<br />
quadros graves, impedindo que se torne<br />
crítico e necessite de respirador.<br />
É preciso quebrar o engessamento da ciência<br />
neste momento, sem que se interrompa o ciclo<br />
de estudos randomizados. Devemos lembrar<br />
que toda grande descoberta, partiu de<br />
uma observação, ou adaptação de uma. Os<br />
chineses testaram cloroquina, franceses aperfeiçoaram<br />
e adicionaram azitromicina, americanos<br />
adicionam zinco, espanhóis e brasileiros<br />
adicionaram corticoides em doentes graves<br />
– por falta de antivirais de última geração – e<br />
todos salvam vidas, usando protocolo<br />
que partiu de uma observação. Jamais<br />
devemos desprezar um achado, nos colocando<br />
acima da própria descoberta.<br />
A humildade do pesquisador diante dos<br />
fatos é o que o leva a perceber. O segredo<br />
está na genial capacidade de perceber o<br />
que ninguém mais percebe.<br />
Finalizei dizendo “Muito obrigado por<br />
salvar vidas em Wuhan e contribuir para<br />
salvar milhares de vidas em todo o mundo<br />
com seus estudos e publicações. Foi<br />
uma honra para nós tê-lo aqui no Papo<br />
Connection. Espero que estejamos criando<br />
uma ponte científica entre nós e trocando<br />
experiências e descobertas.”<br />
Ele se despediu desejando que “Deus abençoe<br />
o Brasil, e que os brasileiros fiquem bem,<br />
assim como o povo de Wuhan e China”.<br />
Que possamos aprender com essa pandemia.<br />
Deus abençoe o Brasil e os brasileiros, ilumine a<br />
humanidade e a ciência.<br />
Link para o Papo Connection com da<br />
Entrevista:<br />
https://www.youtube.com/watch?v=MuBTszcVCt0&t=2s<br />
Caio Salvino<br />
Caio Salvino é farmacêutico-bioquímico, microbiologista clínico, professor e consultor. Apaixonado<br />
pela profissão que escolheu, dirige o Laboratório Saldanha, em Lages e a ImersãoLab Capacitação<br />
e Treinamentos em Análises Clínicas, em Floripa, ambas na Santa e bela Catarina. É idealizador e<br />
apresentador do talk-show Papo de Jaleco no YouTube.<br />
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<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020