NANOMEDICINA Nanomedicina: a Medicina do Futuro Leandro Antunes Berti A Nanotecnologia é a Engenharia da Vida, e está presente em nossas vidas desde seu início, ligada intimamente ao funcionamento dos organismos e parte essencial do ferramental da Natureza para criar toda sua diversidade. As estruturas celulares são compostas e controladas por nanoestruturas. A principal forma de montagem molecular da nanoescala é a automontagem, um processo natural onde componentes separados ou ligados, espontaneamente formam estruturas maiores. O material que compõem as estruturas celulares, como proteínas, enzimas e até mesmo o próprio DNA, são elementos naturais automontados em tamanho nano. Entender e aplicar esta visão que valoriza o natural sempre beneficiou a humanidade, e é desta forma que a progressão da Nanotecnologia deve ser focada. A Nanotecnologia é considerada, em termos de soberania nacional não só pelo Brasil, mas também pelas maiores nações e blocos econômicos mundiais (EUA, Coréia do Sul, Japão, União Europeia, Suíça, Rússia, Inglaterra, China e outros), uma tecnologia estratégica e, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), uma das bases das Tecnologias Convergentes e Habilitadoras, responsável em moldar a próxima revolução industrial e trazer impactos positivos para o desenvolvimento social e econômico mundial. Possui característica transversal, disruptiva e pervasiva, dedicada à compreensão, controle e utilização das propriedades da matéria na nanoescala (1,0x10-9m, que equivale a um bilionésimo do metro). Desta forma acomoda facilmente todas as áreas de negócio. As novas propriedades dos nanomateriais conquistados a partir do entendimento e da utilização da nanotecnologia, revolucionam não somente os produtos, mas também os bens de capital – as máquinas para produção – e a prestação de serviços, com inovações até pouco tempo inimagináveis. Uma das grandes aplicações da Nanotecnologia está no diagnóstico, no tratamento e cura de doenças. Existem atualmente um inúmeras ações e pesquisas no desenvolvimento de nanocarreadores para tratamento de câncer, nanopartículas carregadas com fármacos, que podem trafegar facilmente no corpo humano e quando determinado evento ocorre (gatilho: temperatura, mudança de pH) o carreado libera a dose de medicamento diretamente no local da enfermidade. Importantes aplicações estão também em curativos com propriedades melhoradas quer aceleram a regeneração do tecido lesado. Na área de diagnósticos o uso da tecnologia de Lab on a Chip ou Organ on a Chip, ou seja, um laboratório de análise clínica em um dispositivo fabricado com nanocanais onde quantidades ínfimas de material podem ser analisadas com rapidez e precisão e principalmente com baixo custo, como por exemplo análises de DNA. Muitas outras aplicações estão sendo desenvolvidas, como por exemplo, os tratamentos genéticos baseados em terapias de RNA que futuramente auxiliarão no combate às doenças muito antes de um indivíduo desenvolver a condição adversa. Todas essas novidades possuem um enorme potencial para reduzir os custos do SUS e proporcionar um melhor serviço à população. A medicina tradicional é baseada em diagnósticos estáticos, normalmente os diagnósticos são consequência apenas do último quadro apresentado pelo paciente. Por exemplo, os exames de imagem refletem um único aspecto do tempo, não demonstram a evolução da doença e tão pouco sua interação com o restante do corpo. Esta limitação muitas vezes pode dificultar o tratamento da doença, pois cada pessoa possui um metabolismo, um ritmo corporal próprio e outros fatores únicos que promovem resultados diferentes, impactando diretamente na relação doença e seu diagnóstico/tratamento. A nanotecnologia apresenta uma nova via para tratar, diagnosticar e curar doenças, uma forma não invasiva onde a doença pode ser tratada de dentro para fora e até evitar que a doença se desenvolva. Já é possível, por exemplo, nanopartículas e até nanorrobos feitos de DNA, que transportam um coquetel de droga, que pode ser liberado controladamente e na ordem correta para combater a doença. Em um caso recente, pesquisadores desenvolveram e testaram em camundongos, uma nanopartícula ativada por luz, que acordou o sistema imunológico e eliminou a metástase de um câncer de colo. A nanopartícula foi injetada no camundongo, navegou até a região do câncer de colo, foi absorvida pela célula cancerígena e quando na posição, o pesquisador incidiu um faixo de luz na região onde se encontrava a nanopartícula, e esta se abriu liberando as drogas dentro do câncer que em poucos dias foi eliminado por completo. A cura foi realizada de dentro para fora, sem incisão, cortes ou suturas. Outro exemplo do uso da nanotecnologia é a ampliação do sinal do agente de contraste em imagens médicas. Nanopartículas especiais, quando aplicadas em agentes de contraste podem não só ampliar o sinal mas também melhorar a captação dos detalhes fisiológicos antes imperceptíveis por métodos convencionais. 0 92 <strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020
MICROBIOLOGIA CLÍNICA <strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020 0 93