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Revista Newslab Edição 159

Revista Newslab Edição 159 - Abril / Maio 2020

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NANOMEDICINA<br />

Um tema recente, e que se utiliza intensamente<br />

de nanotecnologia para cumprir sua<br />

proposta, é a teranóstica. A teranóstica é a atual<br />

proposta de medicina personalizável, uma<br />

classe de medicina baseada em diagnósticos<br />

dinâmicos e personalizáveis, na qual a doença<br />

será monitorada constantemente e o remédio<br />

será formulado para cada pessoa e cada quadro<br />

de enfermidade. Neste caso, a formulação<br />

química e a dosagem do medicamente, serão<br />

exclusivas para cada indivíduo, e com o avanço<br />

dos diagnósticos médicos com apenas uma<br />

gota de sangue ou suor, diversos fatores do<br />

corpo humano serão constantemente monitorados<br />

modificando os prognósticos ao longo do<br />

tratamento. O nível da nanotecnologia atual já<br />

possibilitou a criação de equipamentos médicos<br />

que conseguem diagnosticar doenças apenas<br />

usando uma gota de sangue ou suor. Existe<br />

um equipamento suíço, que com apenas uma<br />

gota de sangue detecta e lista todo o quadro de<br />

alergia de uma pessoa. Outro equipamento suíço,<br />

consegue com uma gota de sangue realizar<br />

o teste do pezinho, sem fazer o bebe e os pais<br />

passarem pelo desconforto do método tradicional<br />

de arrastar o pé da criança para preencher<br />

o papel coletor. Esses são alguns poucos exemplos,<br />

que a nanotecnologia pode e poderá trazer<br />

para melhorar o conforto e reduzir praticamente<br />

a zero as dores decorrentes de tratamentos médicos<br />

e das doenças. Poderemos nos próximos<br />

anos revolucionar a medicina e sua oferta de<br />

soluções para as enfermidades da população. O<br />

médico do futuro será muito diferente do profissional<br />

atual, terá ferramentas mais modernas<br />

como medicina de precisão e medicina personalizada.<br />

Com isto o profissional médico terá<br />

mais flexibilidade no diagnóstico, poderá captar<br />

e monitorar mais informações em tempo real,<br />

poderá prover um tratamento mais adequado<br />

para cada caso e consequentemente será mais<br />

assertivo na solução da doença.<br />

No mundo, já existem diversas aplicações,<br />

algumas em nível de pesquisa outras em produtos<br />

finais. Um caso interessante de pesquisa,<br />

são as nanosondas que são colocadas no cérebro<br />

para monitorar pacientes após um AVC<br />

com a intenção de alertar para um novo epsódio.<br />

Outro nanossensor monitora as enzimas<br />

creatina fosfoquinase (CPK) e creatina quinase<br />

(CK) que o coração produz pouco antes de um<br />

infarto. Um produto promissor é o nanossensor<br />

da XSensio, empresa suíça premiada que criou<br />

um nanossensor de nanotubos de carbono capaz<br />

de ler diversos sinais biomédicos com uma<br />

gota de suor. Outra aplicação, mais avançadas,<br />

são os nanorrobos criados por Ido Bachellet, por<br />

meio da conformação e conexão de partes de<br />

DNA, projetados em sistema CAD e sintetizados<br />

em solução, em um processo chamado de<br />

DNA origami. Esses nanorrobos além de serem<br />

feitos por material orgânico, podem programar<br />

(sem sistema de TI) a sequencia de entrega dos<br />

quimioterápicos, maximizando o efeito de tratamento<br />

e no alvo correto. Essa tecnologia foi<br />

adquirida pela Pfizer em 2015.<br />

No Brasil já existem algumas tentativas recentes<br />

com grande potencial. No tratamento do<br />

câncer, por exemplo, a inovação garante a transferência<br />

dos quimioterápicos apenas para as células<br />

doentes, evitando que as saudáveis sejam<br />

atingidas. Esse ano, pesquisadores do Centro<br />

Nacional de Pesquisa em Energia em Materiais<br />

(CNPEM) desenvolveram nanopartículas capazes<br />

de atrair e inativar o vírus HIV. Outra solução<br />

inovadora, da Professora Elina Martins Lima,<br />

da UFG, que desenvolveu uma nanopartícula<br />

injetável que captura cocaína no sangue eliminando<br />

a orvedose. Uma solução no campo de<br />

diagnósiticos, foi a criação de uma POC (Point-of-Care)<br />

criado por empresas e pesquisadores<br />

brasileiros e europeus (Fundação CERTI, CTI<br />

Renato Archer, IBMP Fiocruz e Fraunhofer Institute<br />

ENAS), chamado PodiTrodi, resultado de<br />

um projeto com o governo europeu, que pode<br />

detectar a doença de chagas em poucas horas<br />

ao invés de dias. Um terceiro exemplo, a startup<br />

desenvolveu um namoimplante que controla o<br />

ciclo de gravidez em éguas, e já está estudando<br />

a transferência desta tecnologia para humanos.<br />

Um quarto exemplo criado pelo Instituto SENAI<br />

de Inovação em Eletrolítica, criou um nanossensor<br />

capaz de detectar proteínas de Alzheimer,<br />

uma solução que originalmente detecta gripe<br />

na água em aviários no intuito de reduzir o uso<br />

de antibióticos para frangos.<br />

Como pode se constatar, existem muitas soluções<br />

em desenvolvimento, e não somente por<br />

pesquisadores, mas por institutos de ciência e<br />

tecnologia, empresas consolidadas e até mesmo<br />

startups. A cultura de inovação que está se<br />

implantando no Brasil recentemente é um dos<br />

fatores chave para avanço econômico e estratégico<br />

nacional. Para que a medicina brasileira<br />

se desenvolva é necessário que os incentivos a<br />

criação de startups, pesquisas na fronteira do<br />

conhecimento e investimento privado continuem<br />

e se fortaleçam cada vez mais. Somente<br />

desta forma, reduziremos nossa dependência<br />

por tecnologia externa e nos tornamos provedores<br />

de alta tecnologia para outros países.<br />

Leandro Antunes Berti<br />

CEO FIBER INOVA – empresa de Inovação Estratégica, Presidente Institucional da Associação Brasileira de Nanotecnologia (BrasilNano), foi Coordenador-Geral de<br />

Tecnologias Convergentes e Habilitadoras (CGTC), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações do Brasil (MCTIC), Coordenador de Tecnologias<br />

Estratégicas , responsável pela política pública nacional, estratégia, iniciativas de Nanotecnologia, Fotônica, Materiais Avançados e Manufatura Avançada e Membro<br />

da Comissão de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, BRICS WG Photonics National Representative, OECD (Bio-, Nano- and Converging<br />

Technologies (BNCT)) - Nanotecnology National Representative, Brazil-Canada Joint Committee for Cooperation on Science, Technology and Innovation;<br />

Diretor do Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia, Presidente da Centro Brasileiro-Chinês de Nanotecnologia. Foi Secretário Executivo do API.nano, na<br />

Fundação CERTI. Pós-doutorado em Nanobiotecnologia pelo InteLAB, UFSC, PhD em SoftNanotechnology, pela University of Sheffield, Inglaterra, e Pós-Graduado<br />

em Engenharia da Computação pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Autor dois livros sobre regulação com Nanossegurança: Guia de Boas Práticas em<br />

Nanotecnologia para Indústria e Laboratórios e Nanossegurança na Prática: Diretrizes para análise de segurança de empresas, laboratórios e consumidores que<br />

usam nanotecnologia. Possui Ampla experiência em negociação internacional, contratos, licenciamento e gestão de projetos de inovação.<br />

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<strong>Revista</strong> NewsLab | Abr/Mai 2020

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