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CRÓNICA<br />
CRÓNICA<br />
Por Ricardo Silva<br />
Chimamanda Ngozi Adichie – Todos devemos<br />
ser feministas, D. Quixote, 2015<br />
Este ensaio da nigeriana Chimamanda Adichie<br />
- hoje um nome reconhecido no panorama da<br />
literatura africana e não só – muito contribuiu<br />
para mostrar que há vozes inconformadas<br />
sobre a situação de África. Aqui sobre o difícil<br />
papel da mulher africana, se bem que podemos<br />
generalizar com mais ou menos cor consoante<br />
o continente em que nos encontramos. Existem<br />
vozes que lutam contra a manutenção de<br />
preconceitos e ideias seculares de discriminação.<br />
Ela é uma delas.<br />
Anualmente, a Fundação Sapling, sedeada nos<br />
EUA, promove as chamadas conferências TED –<br />
Tecnologia, Entretenimento e Design – que têm<br />
um modelo de grande projeção das boas ideias<br />
e visões inspiradoras para um futuro diferente<br />
num mundo melhor. São conferências feitas<br />
na Europa, Ásia e Américas, realizadas por<br />
pensadores, escritores, cientistas, entre outros,<br />
portadores de uma mensagem minimamente<br />
mobilizadora para a sociedade atual.<br />
E foi neste contexto que, em 2012, Chimamanda<br />
Adichie realizou uma palestra da qual brotou<br />
um pequeno livro, onde com leveza e bom<br />
humor tentou mostrar que o<br />
Feminismo é mais uma luta pela<br />
igualdade entre a humanidade do<br />
que propriamente uma questão<br />
de género (esta conferência pode<br />
ser vista no YouTube com o<br />
encanto da presença humorada<br />
da autora).<br />
Aliás, será melhor começar<br />
pela conclusão ou definição<br />
daquilo que a autora considera<br />
Feminismo:” são todos aqueles<br />
que acreditam na igualdade<br />
social, política e económica entre<br />
os sexos.” É, porventura, a forma<br />
mais simples e bonita que alguém<br />
definiu a ideia e a prática daquilo<br />
que é hoje um movimento<br />
social com pujança diferenciada<br />
conforme a latitude em que nos<br />
encontramos. Movimento com<br />
cambiantes e interpretações<br />
diversas, mas se nos ativermos à<br />
boa definição enunciada muita<br />
coisa fica clara.<br />
Em África, por exemplo, donde<br />
Chimamanda é natural (embora<br />
viva também nos Estados<br />
Unidos), a caminhada tem sido<br />
longa, sofrida e lenta, mas tem<br />
dado passos. Chimamanda com<br />
a sua experiência pessoal e com<br />
pequenos exemplos ao longo da<br />
palestra retrata exactamente isso.<br />
Uma das questões abordadas<br />
é a dificuldade dos homens<br />
conversarem sobre a questão<br />
do género. Citando. “As pessoas<br />
sentem-se desconfortáveis,<br />
por vezes até irritadas. Tanto<br />
homens como mulheres não<br />
gostam de falar sobre o assunto,<br />
e contornam-no rapidamente.<br />
Porque a ideia de mudar o status<br />
quo é sempre penosa.” Uma<br />
outra ideia explorada é a da<br />
relação entre o feminismo e a<br />
situação económica da pessoa<br />
e dos grupos sociais a que<br />
pertencem. Será que a pobreza<br />
tem a ver com as questões do<br />
género? Claro que não! Género<br />
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