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NOREVISTA MARÇO 2021

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CRÓNICA<br />

CRÓNICA<br />

Por Ricardo Silva<br />

Chimamanda Ngozi Adichie – Todos devemos<br />

ser feministas, D. Quixote, 2015<br />

Este ensaio da nigeriana Chimamanda Adichie<br />

- hoje um nome reconhecido no panorama da<br />

literatura africana e não só – muito contribuiu<br />

para mostrar que há vozes inconformadas<br />

sobre a situação de África. Aqui sobre o difícil<br />

papel da mulher africana, se bem que podemos<br />

generalizar com mais ou menos cor consoante<br />

o continente em que nos encontramos. Existem<br />

vozes que lutam contra a manutenção de<br />

preconceitos e ideias seculares de discriminação.<br />

Ela é uma delas.<br />

Anualmente, a Fundação Sapling, sedeada nos<br />

EUA, promove as chamadas conferências TED –<br />

Tecnologia, Entretenimento e Design – que têm<br />

um modelo de grande projeção das boas ideias<br />

e visões inspiradoras para um futuro diferente<br />

num mundo melhor. São conferências feitas<br />

na Europa, Ásia e Américas, realizadas por<br />

pensadores, escritores, cientistas, entre outros,<br />

portadores de uma mensagem minimamente<br />

mobilizadora para a sociedade atual.<br />

E foi neste contexto que, em 2012, Chimamanda<br />

Adichie realizou uma palestra da qual brotou<br />

um pequeno livro, onde com leveza e bom<br />

humor tentou mostrar que o<br />

Feminismo é mais uma luta pela<br />

igualdade entre a humanidade do<br />

que propriamente uma questão<br />

de género (esta conferência pode<br />

ser vista no YouTube com o<br />

encanto da presença humorada<br />

da autora).<br />

Aliás, será melhor começar<br />

pela conclusão ou definição<br />

daquilo que a autora considera<br />

Feminismo:” são todos aqueles<br />

que acreditam na igualdade<br />

social, política e económica entre<br />

os sexos.” É, porventura, a forma<br />

mais simples e bonita que alguém<br />

definiu a ideia e a prática daquilo<br />

que é hoje um movimento<br />

social com pujança diferenciada<br />

conforme a latitude em que nos<br />

encontramos. Movimento com<br />

cambiantes e interpretações<br />

diversas, mas se nos ativermos à<br />

boa definição enunciada muita<br />

coisa fica clara.<br />

Em África, por exemplo, donde<br />

Chimamanda é natural (embora<br />

viva também nos Estados<br />

Unidos), a caminhada tem sido<br />

longa, sofrida e lenta, mas tem<br />

dado passos. Chimamanda com<br />

a sua experiência pessoal e com<br />

pequenos exemplos ao longo da<br />

palestra retrata exactamente isso.<br />

Uma das questões abordadas<br />

é a dificuldade dos homens<br />

conversarem sobre a questão<br />

do género. Citando. “As pessoas<br />

sentem-se desconfortáveis,<br />

por vezes até irritadas. Tanto<br />

homens como mulheres não<br />

gostam de falar sobre o assunto,<br />

e contornam-no rapidamente.<br />

Porque a ideia de mudar o status<br />

quo é sempre penosa.” Uma<br />

outra ideia explorada é a da<br />

relação entre o feminismo e a<br />

situação económica da pessoa<br />

e dos grupos sociais a que<br />

pertencem. Será que a pobreza<br />

tem a ver com as questões do<br />

género? Claro que não! Género<br />

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