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REPORTAGEM<br />
REPORTAGEM<br />
A eurodeputada Isabel Carvalhais também<br />
adiantou que entende a utilidade da quota<br />
como um instrumento – “é quase como<br />
tentar educar determinado comportamento<br />
por aquela via impositiva”, sendo que<br />
defende que esse instrumento deixe de<br />
ser preciso “a partir do momento em que<br />
já não faça sentido”, onde as pessoas já<br />
estejam educadas de forma a que não seja<br />
preciso recorrer às quotas.<br />
A moderadora do evento lembrou,<br />
durante o debate, um estudo de 2015<br />
que demonstrava que, a nível daquilo<br />
que é a visibilidade em ecrã, ou seja, em<br />
todas as plataformas, todos os projetos<br />
demonstrados em ecrã, a profissão do<br />
cientista é representada por homens<br />
em cerca de 88% das vezes. “É uma<br />
percentagem que se aproxima dos 90%<br />
e nós não teremos uma mudança se a<br />
representação da ciência continuar a<br />
ser vista no género masculino”, por isso<br />
questionou as participantes sobre que<br />
mecanismos é que deverão existir para<br />
a imagem da mulher na sociedade ir<br />
mudando ao longo dos tempos.<br />
A engenheira Elvira Fortunato considerou<br />
que a solução passa por dar destaque<br />
a quem trabalha em todas estas áreas,<br />
sensibilizando as universidades e os<br />
restantes círculos para valorizar e mostrar<br />
o papel das cientistas, “que também<br />
conseguem chegar onde os cientistas<br />
masculinos chegam”.<br />
Ana João reiterou as palavras da sua colega<br />
de painel e avançou que existem, em<br />
Portugal, cientistas de renome que fizeram<br />
descobertas incríveis em todas as áreas<br />
do saber. A solução passa, para a bióloga,<br />
por dar-lhes voz nos meios<br />
de comunicação: “acredito que as<br />
mulheres modelo, as cientistas modelo, vão<br />
fazer a diferença” e continuou, explicando<br />
que “precisamos de usar estas mulheres<br />
modelo, que são pessoas que conseguem<br />
conciliar a vida pessoal e profissional<br />
e atingir feitos espetaculares e devem<br />
ser estes os modelos que nós queremos<br />
mostrar às meninas e raparigas”.<br />
A voz que os meios de comunicação social<br />
têm proporcionado a diversas pessoas<br />
e áreas do saber foi uma questão que<br />
mereceu a análise de Isabel Carvalhais, que<br />
tem notado, ao longo dos anos, “um papel<br />
muito positivo e relevante” dos media na<br />
promoção de novas imagens, por exemplo,<br />
da presença do homem em determinadas<br />
expressões artísticas – “um esforço muito<br />
importante em desmistificar a ideia do<br />
homem que é bailarino e tentando desligar<br />
isso da sua identidade sexual”.<br />
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