SCMedia News | Revista | Janeiro 2023

SCM Supply Chain Magazine 3
dora.assis@supplychainmagazine.pt
Dora Assis
EDITORIAL
DESGLOBALIZAR OU DIVERSIFICAR?
"Há uma fenda em tudo. É assim que a luz entra."
Leonard Cohen
Se há coisa que os últimos anos têm
evidenciado é que “prognósticos só no fim
do jogo”. Ainda assim, o GEP lançou como
habitualmente o seu “GEP Outlook 2023
Supply Chain & Procurement” e não resistimos
a trazer-lhe algumas das tendências-chave
e espreitar os desafios e oportunidades que
para já se perfilam no horizonte, embora
conscientes de que o que agora é, amanhã
pode muito bem já não o ser. Certo, certo,
para já, é que depois de três anos marcados
por problemas sanitários, instabilidade
política, catástrofes ambientais, choques nos
mercados de energia e guerras comerciais, é
ainda muito pouco provável que as cadeias de
abastecimento regressem à “normalidade”.
O que desejavelmente devia integrar a
normalidade era passarmos da atual visão
de cadeia de abastecimento para uma lógica
de ecossistema, com parceiros ligados em
rede, uma rede de cadeias de abastecimento
interligadas! Gisela Santos, do INEGI, aborda
o tema mais em detalhe no seu artigo sobre
“Supply Chain Network”, que é o tema de capa
desta edição. Desafiante, sem dúvida, mas é
preciso começar por algum lado.
A crise vai continuar. Este é para já o cenário
mais otimista no horizonte, mesmo no caso
de empresas para quem os ventos têm estado
de feição. Entrevistámos Nuno Fonseca, CEO
da Abreu Logistics, cujo trajeto tem sido de
crescimento e é com os pés bem assentes na
realidade que nos diz que 2023 “é um ano
desafiante para todos”.
A resposta passa talvez por trilhar novos
caminhos, fazer o que ainda não foi feito,
como é disso exemplo o Código de Boas
Práticas que a APCADEC decidiu propor
aos profissionais de procurement, ou a
nossa conferência Intralogística que em
Guimarães teve sala cheia e trouxe ao palco
os notáveis desenvolvimentos que empresas
de diferentes setores estão a fazer, apostando
na modernização e digitalização dos seus
processos e operações para responder à
turbulência dos mercados.
Numa altura em que sustentabilidade está
na agenda de todos, a Agência Internacional
de Energia publicou um relatório dedicado
às cadeias globais de abastecimento de
energia solar fotovoltaica. Conclusão:
maioritariamente é a China que domina.
Faz sentido esperar resultados diferentes se
continuarmos a fazer tudo da mesma forma?
Noutros termos? “Não coloques todos os
ovos no mesmo cesto”. A sabedoria popular
defende-o há muito. A Apple também o
percebeu da pior forma: na prática.