SCMedia News | Revista | Janeiro 2023
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
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O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />
“O que pode ser melhor do que video-chamadas na era do<br />
metaverso?”Ideas worth spreading, TEDxCapeTown,<br />
Josephine Eyre, 0.6 millhões de visualizações<br />
“(…) Alice riu-se. - Não vale a pena tentar – disse – Ninguém pode acreditar em coisas impossíveis.<br />
- O que eu acho é que não tens praticado muito – respondeu a Rainha<br />
– Quando eu tinha a tua idade, fazia sempre este exercício durante meia hora por dia.<br />
Às vezes conseguia acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço”<br />
Alice do Outro Lado do Espelho, Lewis Carroll<br />
A tecnologia viabiliza o trabalho remoto, uma<br />
das grandes alterações laborais recentes, mas a<br />
dependência das video-chamadas mina a capacidade<br />
de sermos criativos em equipa. Mesmo, e sobretudo,<br />
com a câmara ligada, esta comunicação em 2D a que<br />
nos habituámos recentemente nas empresas não nos<br />
é natural e pode ser penalizadora, como pesquisa<br />
recente demonstrou. Por outro lado, a recriação virtual<br />
de locais de trabalho tradicionais com tectos, mesas<br />
e cadeiras não é de molde a potenciar a criatividade,<br />
a qual é essencial para a humanidade inovar e<br />
enfrentar os problemas da actualidade. A relação<br />
com a natureza, o inesperado e mesmo alguma<br />
desarrumação são necessários para estimular o lado<br />
criativo do cérebro.<br />
Uma das alternativas pode vir da indústria dos<br />
jogos, onde o metaverso é palco da comunicação em<br />
3D, criando espaços sociais de criatividade e também<br />
permitindo que competências inter-relacionais sejam<br />
desenvolvidas. As tecnologias imersivas no local de<br />
trabalho são já uma realidade em empresas como a<br />
Accenture e a Microsoft, que oferecem equipamentos<br />
de realidade virtual aos seus empregados, para<br />
comunicarem entre si.<br />
A realidade virtual é necessária para aceder ao<br />
metaverso. Existem três características-chave da<br />
realidade virtual que potenciam a colaboração<br />
criativa: Imersão – isolamento dos sentidos do<br />
ambiente físico, vendo, ouvindo, sentindo e mesmo<br />
cheirando ou saboreando um ambiente virtual, sem<br />
que o cérebro consiga distinguir o que é real do<br />
que não é. Interacção – manipulação de algo que<br />
não existe realmente, o que nos permite desenhar<br />
produtos em 3D. Imaginação – ultrapassando os<br />
paradigmas da realidade que limitam a criação.<br />
O metaverso, ou a internet dos sentidos, como todas<br />
as invenções humanas, tem o potencial para o bem<br />
ou para o mal. Afinal, apesar de relativamente recente,<br />
a internet revolucionou o acesso à informação no<br />
mundo, e criou empregos que não existiam. Mas<br />
também deu azo a monopólios e campanhas de<br />
desinformação que atacaram democracias. Cabe-nos<br />
a nós, com a nossa capacidade de premeditação, de<br />
criar o futuro que queremos ver, juntos.<br />
Josephine Eyre é sul-africana, tendo-se formado em<br />
Linguística e Antropologia Social em Inglaterra. Fez o<br />
mestrado pela Universidade de Leicester em Comunicação<br />
Social, Inteligência e Segurança. Josephine explora o<br />
impacto das tecnologias emergentes na comunicação<br />
humana, e a sua pesquisa está focada no local do trabalho<br />
e nas suas condições para a inovação.