prefácioAo lado de uma marcante produção intelectual, a exemplo de livroscomo: O Banquete Sagrado e Nagô: a <strong>na</strong>ção de ancestrais itinerantes,Vilson Caetano de Sousa Júnior, professor <strong>da</strong> Escola de Nutrição <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deFederal <strong>da</strong> Bahia (Ufba), dissemi<strong>na</strong> o conhecimento sobre aspopulações afro-brasileiras, no jor<strong>na</strong>l A Tarde, de Salvador <strong>da</strong> Bahia. Assim,reúne, nesta publicação, muitas dessas comunicações, que tenho asatisfação de introduzir com uma palavra de sau<strong>da</strong>ção.A formação universitária tanto <strong>na</strong> Bahia, especialmente com oprofessor Vivaldo <strong>da</strong> Costa Lima, como, igualmente, <strong>na</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong>deCatólica de São Paulo (PUC/SP) e <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de EstadualPaulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), possibilitou sua capacitaçãoem investigar temas e problemas do fenômeno religioso do candomblé.Além do conhecimento discursivo sobre a matéria, Vilson tem participadobastante em núcleos temáticos, a exemplo do Centro de Estudos <strong>da</strong>sPopulações Afro e Indíge<strong>na</strong>s America<strong>na</strong>s (Cepaia), onde foi diretor, e <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong>de do Estado <strong>da</strong> Bahia (Uneb), uma universi<strong>da</strong>de que já <strong>na</strong>sceucomprometi<strong>da</strong> com a cor e com o semi-árido baiano. Na sua uni<strong>da</strong>deacadêmica atual, a Escola de Nutrição <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia,Vilson participa do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação eCultura (NEPAC). O estudo sobre a alimentação, a comi<strong>da</strong>, tem sido uma<strong>da</strong>s suas áreas prediletas de investigação científica.Vilson acompanhou a implantação <strong>da</strong> Lei 10.639, de 2003, integrao Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia e assessorou a Fun<strong>da</strong>çãoCultural Palmares, particularmente no que concerne ao reconhecimen-<strong>na</strong> <strong>palma</strong> <strong>da</strong> <strong>minha</strong> <strong>mão</strong> • 9
to de terreiros como patrimônio material e imaterial afro-brasileiro. Omagistério superior, incluindo as ativi<strong>da</strong>des de ensino e pesquisa, e a participaçãoem enti<strong>da</strong>des volta<strong>da</strong>s para a compreensão <strong>da</strong> fenomenologiaafrica<strong>na</strong> no Brasil, marcam o esforço intelectual de Vilson, que induz ostemas publicados em A Tarde.O presente volume encerra um conjunto qualitativo de contribuições<strong>da</strong> maior importância para o conhecimento <strong>da</strong>s religiões afro-brasileirasreorganiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de baia<strong>na</strong>. Destaco a maneira como esteestudioso baiano sabe transmitir ao escrever com clareza a comunicação,explicando o que se passa e o que permanece <strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong>des-terreiros.Ressalte-se o seu caráter didático. Como professor e conhecedor <strong>da</strong> matéria,sabe informar com manifesta vontade de fazer o leitor conhecer oscomponentes <strong>da</strong>s religiões africa<strong>na</strong>s. Predomi<strong>na</strong> em todo o texto o caráterdidático de dissemi<strong>na</strong>dor do conhecimento antropológico <strong>da</strong>s religiõesafrica<strong>na</strong>s inseri<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s circunstâncias <strong>da</strong> <strong>na</strong>ção baia<strong>na</strong>.Conforme a diretriz didática a que se propôs, explica inicialmenteo titulo <strong>da</strong> publicação: Tudo <strong>na</strong>s religiões de matriz africa<strong>na</strong> passa pelas<strong>mão</strong>s, a começar pelo jogo de búzios arremessado pelo sacerdote por ocasiãodo primeiro contato do cliente com a sua ancestrali<strong>da</strong>de. É beijandoas <strong>mão</strong>s que os iniciados trocam a benção. É através <strong>da</strong> imposição <strong>da</strong>s<strong>mão</strong>s que sua cabeça é adora<strong>da</strong> durante a iniciação. E prossegue no uso<strong>da</strong> <strong>palma</strong> <strong>da</strong>s <strong>mão</strong>s, quando passa a considerar a comi<strong>da</strong> e muitos outrossegmentos.No temário, inclui questões e contestações como a moderni<strong>da</strong>dedo candomblé, sua atualização e mu<strong>da</strong>nça, o desconfortável e polêmicosincretismo religioso afro-católico. É preciso, entretanto, não esquecerque a Bahia é uma formidável mistura! Ressalta a contribuição africa<strong>na</strong>para a ciência, a tecnologia e para a origem <strong>da</strong>s práticas médicas. Com oressurgimento do interesse pela cultura afro-brasileira, atenção merece aciência e a tecnologia. A noção integra<strong>da</strong> do corpo, a imagem emblemática<strong>da</strong> cobra, que é o símbolo de crescimento, <strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de, como tudo10 • vilson caetano de sousa júnior
- Page 2 and 3: na palma da minha mão
- Page 4 and 5: VILSON CAETANO DE SOUSA JUNIORnapal
- Page 6: A nossos pais e mães de quem ouvim
- Page 9: 93 • Os gêmeos e a inversão da
- Page 13 and 14: cultura afro-baiana com uma criaç
- Page 15 and 16: mãos que os iniciados trocam a bê
- Page 17 and 18: não dá para trás.” Ou do relat
- Page 20 and 21: candomblé e modernidadeO tema “c
- Page 22: os terreiros, rios, uma língua rit
- Page 25 and 26: Fato é que para o chamado “povo
- Page 27 and 28: São, pois, estas memórias que con
- Page 30 and 31: a ciência e a tecnologia queos afr
- Page 32 and 33: do Dahomé, Abomé ou Danxomé, atu
- Page 34: eligiões de matriz africana, onde
- Page 40 and 41: que ignoram tal significado. Acredi
- Page 42 and 43: af r icanos ,seus descedentese econ
- Page 44 and 45: as doceiras “perderam o ponto”,
- Page 46 and 47: ancestralidadeafro-brasileiraO conc
- Page 48 and 49: uma parte do corpo, mas do corpo to
- Page 50: te, ou simplesmente balbuciadas no
- Page 54 and 55: candomblé e destino entrea advinha
- Page 56 and 57: com a morte, mas em viver a vida. Q
- Page 58 and 59: seres vivos, no sentido bem amplo d
- Page 60 and 61:
em torno da noção de sacrifícion
- Page 62 and 63:
Vamos agora falar sobre o sacrifíc
- Page 64 and 65:
a expiatória. É quando a coisa sa
- Page 66:
esu .
- Page 69 and 70:
Diabo, entendido como adversário d
- Page 71 and 72:
ção do mal, sugerida pelos missio
- Page 74:
obaluaiyê
- Page 77 and 78:
portuguesa e mestiça. Isso fez com
- Page 79 and 80:
do aparelho urinário; Odé é resp
- Page 81 and 82:
extenso, tem forma, é visível a n
- Page 83 and 84:
primordial. Alguns orixás e nkise
- Page 86:
odé
- Page 89 and 90:
Médio e à Austrália. Depois fora
- Page 91 and 92:
(Artocarpus heterophyllus) chamada
- Page 94 and 95:
os gêmeos e a inversãoda mesaPara
- Page 96 and 97:
pois não libertava a sua mãe. O n
- Page 98:
Aos meninos é oferecida uma mesa,
- Page 101 and 102:
oportunidade de demonstrar a import
- Page 103 and 104:
cas, que construiu a sua família,
- Page 105 and 106:
mulheres que, desafiando o seu temp
- Page 108 and 109:
ao rei do mundo…Xangô é rei. É
- Page 110 and 111:
ele representou para a humanidade,
- Page 112:
oyá
- Page 115 and 116:
escuro deveria ser rasgado por uma
- Page 117 and 118:
çam graças à força emprestada p
- Page 120:
oxun
- Page 123 and 124:
O culto ao orixá Oxun, no Brasil,
- Page 126:
yemanjá
- Page 129 and 130:
santeiros. Como outros ancestrais n
- Page 131 and 132:
não pode ser encerrado na concepç
- Page 134 and 135:
iya agba yin,a mãe mais velhaDentr
- Page 136 and 137:
para Abeokuta, onde acreditava-se q
- Page 138:
quatro patas. Odé teria enlouqueci
- Page 142 and 143:
o ano bom para as religiõesde matr
- Page 144 and 145:
O Ciclo das Águas, especialmente n
- Page 146:
oxoguiã
- Page 149 and 150:
mais rápidos e o toque compassado
- Page 151 and 152:
consanguíneo de Tio Bangboxé, que
- Page 153 and 154:
da história das religiões de matr
- Page 155 and 156:
criar, reinventar e dar continuidad
- Page 158:
obá
- Page 161 and 162:
mesma, talvez por ela nos remeter a
- Page 163 and 164:
fender a sua dignidade através da
- Page 165 and 166:
______. Valores civilizatórios em
- Page 167:
Textos publicados no Jornal A TARDE