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na palma da minha mão

Na palma da minha mao_ temas afro-brasileiros e ... - RI UFBA

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escuro deveria ser rasgado por uma virgem.” O rei escolheu a sua própriafilha e após alguns procedimentos lhe entregou o pano que, assim que erarasgado, as tiras que caíam iam transformando-se em correntes de água,que juntando-se formaram o rio Níger, rodeando o reino de Ijebu que, apartir de tal episódio, passou a ser uma ilha circun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelas águas chama<strong>da</strong>sde Oyá. História semelhante vamos encontrar para <strong>da</strong>r explicaçãoao culto do orixá Oxun no rio que leva o mesmo nome e atravessa Oxogbo,e até mesmo o culto a Yemanjá, <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de de Abeokutá. Retomar essahistória que até já foi registra<strong>da</strong> no trabalho de Siriku Salamim King, intitulado:Os orixás africanos, publicado pela editora Oduduwa, é muitoimportante num momento em que tal ancestral enfrenta uma acelera<strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça de concepção. Se é ver<strong>da</strong>de, como sugeriu Roger Bastide, que aescravidão impões às religiões trazi<strong>da</strong>s pelos africanos a seleção dos ancestraiscultuados no Brasil, ora reforçando algumas características, resultandono desaparecimento ou o fortalecimento de outros, é digno de notatambém que, <strong>na</strong> atuali<strong>da</strong>de, a representação desses ancestrais recebem“acréscimos” que <strong>na</strong> maioria <strong>da</strong>s vezes visam atender as expectativas <strong>da</strong>“moderni<strong>da</strong>de”, <strong>da</strong> “globalização” e <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> turística. Se no início osmissionários católicos, juntamente com os traficantes, tiveram participação<strong>na</strong> construção de algumas concepções confusas sobre alguns ancestrais,<strong>na</strong> atuali<strong>da</strong>de isso fica por conta particularmente dos antropólogosou outros simpatizantes que, se antes haviam confundido os ancestraiscom “deuses divinizados”, agora os tratam como “arquétipos universais”,uma espécie de tipologia, imagem, resumindo, “formas de classificação.”Se por um lado isso atrai um público que vê as religiões afro-brasileirascomo algo que vai além <strong>da</strong> preservação e afirmação dos elementos negro--africanos, tal fato não deixa de causar <strong>da</strong>nos às matrizes culturais que formaramestas religiões. No caso de Oyá, as imagens oscilam entre a sensuali<strong>da</strong>de,sendo reduzi<strong>da</strong> à sexuali<strong>da</strong>de e à vulgari<strong>da</strong>de, depravação,estereótipos que desde cedo acompanharam a mulher negra. Não sei emque momento padronizou-se que a cor de Oyá é o vermelho. Venho insis-114 • vilson caetano de sousa júnior

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