Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
- No tags were found...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
UAB/<strong>Unimontes</strong> - 1º Período<br />
GLOSSÁRIO<br />
Antropologia: Etimologicamente,<br />
o termo<br />
antropologia significa<br />
estudo do homem<br />
(anthpopos: homem;<br />
logos: conhecimento,<br />
saber, estudo).<br />
PA RA SABER MAIS<br />
Leia o texto de Horace<br />
Miner, “O Ritual do Corpo<br />
entre os Nacirema”<br />
(disponível em http://<br />
comunicacaoeesporte.files.wordpress.<br />
com/2011/03/nacirema.pdf),<br />
e procure<br />
descobrir sobre qual<br />
povo o autor está falando<br />
e tente pensar sobre<br />
a prática da reflexão<br />
antropológica.<br />
Atividade<br />
Reflitam sobre <strong>as</strong><br />
oposições entre <strong>as</strong><br />
“sociedades ocidentais”<br />
e <strong>as</strong> “sociedades<br />
não ocidentais” e que<br />
implicações ideológic<strong>as</strong><br />
ess<strong>as</strong> oposições podem<br />
ter para a consolidação<br />
do conhecimento<br />
científico e discutam<br />
esta proposta no fórum<br />
de discussão.<br />
12<br />
1.3 Objeto de estudo e a<br />
especificidade da Antropologia<br />
A reflexão do homem sobre o homem é muito antiga. O homem nunca parou de interrogarse<br />
sobre si mesmo. Em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> sociedades e em qualquer tempo e espaço “existiram homens<br />
que observaram homens”.<br />
Assim, o problema de se questionar sobre<br />
<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> culturais ou sociais foi sempre<br />
constante durante a história da humanidade.<br />
No entanto, a constituição de um projeto<br />
antropológico que se ocup<strong>as</strong>se do próprio homem<br />
como objeto de conhecimento é bem recente.<br />
Em outr<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, a preocupação em se<br />
construir um discurso antropológico com status<br />
de ciência, ou que se pudesse cumprir certos critérios<br />
de uma teoria cientifica, pode ser situada<br />
a partir da metade do século XIX (LAPLANTINE,<br />
2000; COPANS, 1971; MERCIER, 1974). Lentamente,<br />
começa-se a constituir um arcabouço teórico<br />
e metodológico visando a apreender a ação<br />
humana como um fenômeno observável e analisável.<br />
A cultura ou <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sam a ser encarad<strong>as</strong><br />
como um objeto de estudo, pois podem<br />
ser apreendid<strong>as</strong> como um fenômeno p<strong>as</strong>sível de<br />
objetivação, ou seja, como um fenômeno possível<br />
de ser cl<strong>as</strong>sificado, explicado ou compreendido<br />
de maneira objetiva.<br />
Inicialmente, a Antropologia preocup<strong>as</strong>e<br />
em elaborar um conhecimento ou uma<br />
interpretação sobre <strong>as</strong> sociedades situad<strong>as</strong><br />
em espaços geográficos longe d<strong>as</strong> sociedades<br />
ocidentais. São <strong>as</strong> dit<strong>as</strong> sociedades “simples”<br />
ou de organização social simples ou<br />
ainda sociedades “primitiv<strong>as</strong>” que p<strong>as</strong>sam a<br />
ser tomad<strong>as</strong> como objeto de estudo da Antropologia.<br />
Assim, a Antropologia acaba de<br />
atribuir-se um objeto que lhe é próprio: o estudo<br />
d<strong>as</strong> populações que não pertencem à<br />
civilização ocidental.<br />
A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um<br />
saber são tão antigos quanto a humanidade, e se deram tanto na Ásia como na<br />
África, na América, na Oceania ou na Europa. (LAPLATINE, 2000 p.13)<br />
a. A ciência antropológica instituiu-se no espaço<br />
do Ocidente;<br />
b. O encontro com a diferença mais radical,<br />
o “OUTRO”. Vislumbra-se, <strong>as</strong>sim, a possibilidade<br />
de um distanciamento entre<br />
sujeito e objeto como condição de objetividade,<br />
necessária para se instituir o fazer<br />
científico. No entanto, o mais fundamental,<br />
o que vai definir o enfoque antropológico<br />
é a oposição entre o Nós e o Outro.<br />
Instituiu-se o Outro como problema fundamental,<br />
aliás um problema recorrente<br />
para a humanidade em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> vári<strong>as</strong><br />
etap<strong>as</strong> de sua história.<br />
c. E, como resultado, “é a busca de uma resposta<br />
sistemática a esse problema que vai<br />
definir, no início, uma atitude, mais tarde,<br />
uma reflexão sistemática, enfim, uma<br />
ciência: a etnografia, etnologia – ou antropologia”<br />
(SANCHIS, 1999, p. 24).<br />
d. É, portanto, a partir de uma reflexão sistemática<br />
sobre <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong>, do encontro<br />
com o Outro, que a antropologia, paulatinamente,<br />
se constituiu como uma ciência.<br />
Isto significa a elaboração de um conhecimento<br />
relativista. O outro deixa de ser<br />
o exótico, o esquisito, o desigual e p<strong>as</strong>sa<br />
a ser encarado como diferente, com uma<br />
lógica própria de dar inteligibilidade para<br />
si e de elaboração e compreensão sociocósmica.<br />
Isso exige um olhar de dentro,<br />
que se pudesse captar o ponto de vista<br />
do outro, ou como se diz em antropologia<br />
“o ponto de vista do nativo”;<br />
e. A especificidade da Antropologia, portanto,<br />
advém crucialmente dessa necessidade<br />
metodológica de apreender o ponto<br />
de vista do outro e isto só é possível na<br />
medida em que o antropólogo imerge na<br />
sociedade ou no grupo social que se pretende<br />
compreender. É a experiência do<br />
trabalho de campo (o próprio pesquisador<br />
coletando e interpretando seus dados<br />
etnográficos) que constitui a marca distintiva<br />
da Antropologia.<br />
Portanto, veja bem, o contato próximo e<br />
prolongado, a “observação participante” com<br />
a sociedade ou com o grupo social que se quer<br />
estudar ou compreender impõe uma marca<br />
distintiva da Antropologia, ou seja, a sua especificidade<br />
como disciplina científica. Essa<br />
especificidade reside na possibilidade que o<br />
antropólogo tem de refletir sobre sua própria<br />
sociedade. Ou seja, é a partir do encontro com<br />
o diferente que posso questionar os meus pa-