04.09.2015 Views

Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes

Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes

Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pedagogia - Antropologia e Educação<br />

significativos era de que program<strong>as</strong> de educação<br />

bilíngüe poderiam colidir com os valores<br />

e os propósitos da “incorporação dos índios à<br />

comunhão (linguística) nacional”, consagrados<br />

na Lei.<br />

A oferta de program<strong>as</strong> de educação escolar<br />

destinados às comunidades indígen<strong>as</strong> <strong>as</strong>sumiu,<br />

ao longo da história, movimentos, de um<br />

lado, marcados pela imposição de modelos<br />

educacionais através da dominação, da negação<br />

de identidades e da homogeneização cultural<br />

e de movimentos marcados pelos modelos<br />

educacionais reivindicados pelos índios<br />

ressaltados pelo pluralismo cultural, respeito e<br />

valorização de identidades étnic<strong>as</strong>.<br />

Com a promulgação da Constituição Federal<br />

de 1988, são notóri<strong>as</strong> <strong>as</strong> conquist<strong>as</strong> em<br />

uma nova direção referentes aos direitos indígen<strong>as</strong>,<br />

que apontam para um tratamento diferente,<br />

na medida em que se reconhecem su<strong>as</strong><br />

identidades étnic<strong>as</strong> diferenciad<strong>as</strong> e se incumbe<br />

o Estado de proteger su<strong>as</strong> manifestações<br />

culturais, ao mesmo tempo em que lhes é <strong>as</strong>segurado<br />

o direito a uma educação escolar diferenciada.<br />

Nota-se, então, que a Constituição<br />

Federal de 1988 foi um marco balizador para a<br />

existência de nov<strong>as</strong> normatizações a essa modalidade<br />

de ensino, conferindo a mesma competência<br />

para o desenvolvimento da Educação<br />

Escolar Indígena no Br<strong>as</strong>il. (ROSENDO, 1998,<br />

p.32)<br />

A Lei de Diretrizes e B<strong>as</strong>es da Educação<br />

Nacional (LDB n° 9.394/96) garante, nos artigos<br />

78 e 79, competênci<strong>as</strong> e ações de pesquisa e<br />

ensino a fim de possibilitar a execução de uma<br />

educação escolar indígena, de caráter específico,<br />

diferenciado, intercultural e bilíngue.<br />

Nesse processo, não resta dúvida que<br />

cabe ao professor indígena, membro de sua<br />

cultura, detentor desses processos próprios de<br />

aprendizagem, apropriar-se de novos conhecimentos<br />

e desenvolver essa educação escolar<br />

indígena. É ele o agente intercultural que<br />

propiciará a educação específica, diferenciada,<br />

intercultural e bilíngue, já que não cabe a nenhuma<br />

instituição externa construir ou ditar<br />

norm<strong>as</strong> sobre a natureza da escola diferenciada.<br />

Cabe, sim, apresentar discussões teóric<strong>as</strong><br />

sobre o processo educativo, num contexto de<br />

reflexão com o docente indígena em processo<br />

de formação, seja ela inicial ou continuada.<br />

4.3.1 A educação indígena em Min<strong>as</strong> Gerais<br />

Em Min<strong>as</strong> Gerais, desde 1995, iniciou-se<br />

um trabalho de Implantação de Escol<strong>as</strong> Indígen<strong>as</strong><br />

envolvendo agênci<strong>as</strong> governamentais<br />

e não governamentais, instituições de ensino<br />

superior e <strong>as</strong> organizações Indígen<strong>as</strong>.<br />

Atualmente, existem quatro grupos indígen<strong>as</strong><br />

reconhecidos oficialmente em Min<strong>as</strong><br />

Gerais: Maxacali, nos municípios de Bertópolis<br />

e Santa Helena; os Krenak, em Resplendor; os<br />

Pataxós, do município de Carmésia (originários<br />

do Sul da Bahia de onde foram transferidos<br />

em 1977); e os Xacriabás, de Itacarambi e São<br />

João d<strong>as</strong> Missões. (BARTOLOMEU, 2000).<br />

Contextualizando os povos indígen<strong>as</strong> de<br />

Min<strong>as</strong> Gerais:<br />

Maxacali<br />

População: 1000 habitantes (FUNAI,<br />

2000).<br />

Localização: município de Bertópolis – reserva<br />

de Pradinho – e município de Santa Helena<br />

de Min<strong>as</strong> – reserva de Água Boa.<br />

Esse grupo (em Min<strong>as</strong> Gerais) é o que preserva<br />

a sua cultura e língua própri<strong>as</strong>, de forma<br />

mais vigorosa. São o único grupo de Min<strong>as</strong><br />

ainda monolíngue. Possuem uma população<br />

em idade escolar de aproximadamente 300<br />

crianç<strong>as</strong>. Se autodeterminam tikmã, ãn, que<br />

quer dizer “nós humanos”. Pertencem ao tronco<br />

lingüístico Macro-Gê de família Maxacali.<br />

Por preservarem intensamente viv<strong>as</strong> sua<br />

língua e sua cultura, mantêm uma intensa vida<br />

ritual e contato permanente com o mundo<br />

dos espíritos.<br />

Têm uma economia de subsistência b<strong>as</strong>eada<br />

na agricultura da mandioca, batata-doce<br />

e frut<strong>as</strong>. Aos homens são destinados qu<strong>as</strong>e<br />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> atividades; restando às mulheres o<br />

serviço doméstico, cuidar d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>, a pesca<br />

e a coleta de frutos e raízes.<br />

Krenak<br />

População: 200 habitantes dados (FUNAI,<br />

2000).<br />

Localização: Município de Resplendor, às<br />

margens do Rio Doce do Leste Mineiro.<br />

Pertencem ao tronco lingüístico Macro-<br />

Gê, família Botocudo, língua Krenak. São o<br />

grupo Gut-Krak dos Botocudos. Embora falem<br />

cotidianamente o Português, possuem também<br />

o conhecimento da língua materna em<br />

graus variados. Sua autodeterminação é Borum<br />

Watu.<br />

Apesar de falarem o Português no cotidiano,<br />

os krenak também falam a língua Krenak.<br />

Esse grupo ocupa um território definido<br />

e possui uma liderança local. A caça e a coleta<br />

ainda são importantes, m<strong>as</strong> é a pesca a atividade<br />

mais importante para a sobrevivência<br />

Krenak.<br />

33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!