Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
Download this publication as PDF - CEAD - Unimontes
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5.3 Nov<strong>as</strong> identidades culturais e a<br />
educação<br />
Pedagogia - Antropologia e Educação<br />
Existem muitos jeitos de se abordar a<br />
questão da identidade. A própria flexão da palavra<br />
no singular ou no plural expressa, por si<br />
só, um posicionamento teórico-conceitual.<br />
Se perguntarmos “o que quer dizer identidade?”,<br />
podemos nos referir tanto à noção psicanalítica<br />
de sujeito, ao processo psíquico de<br />
aquisição de identidade, como à concepção<br />
antropológica de conjunto de característic<strong>as</strong><br />
distintiv<strong>as</strong> de um grupo, ou à recente tendência<br />
culturalista de conceber a identidade como<br />
uma “celebração móvel”.<br />
O termo identidade é relativamente novo<br />
n<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais, tornando-se um conceito<br />
central apen<strong>as</strong> nos meados do século XX. Contudo,<br />
<strong>as</strong> questões que hoje estão implicad<strong>as</strong><br />
na rubrica da identidade não foram inteiramente<br />
desconhecid<strong>as</strong> dos clássicos.<br />
O fato de a identidade ocupar um lugar<br />
tão proeminente na teoria cultural contemporânea<br />
está relacionado às transformações<br />
radicais em andamento no mundo e, particularmente,<br />
às ruptur<strong>as</strong>, descontinuidades, deslocamentos<br />
e instabilidades que se instalam<br />
no panorama d<strong>as</strong> teorizações, concepções e<br />
manifestações dit<strong>as</strong> pós-modern<strong>as</strong>.<br />
A identidade é um dos construtos modernos<br />
que se estilhaça inapelavelmente. Tal<br />
estado de cois<strong>as</strong> tem sido diagnosticado como<br />
“crise da identidade” - condição em que os indivíduos<br />
e grupos estariam deslocados tanto<br />
de seu lugar no mundo quanto de si mesmos.<br />
De uma concepção una, centrada, equilibrada,<br />
coerente e estável de identidade, p<strong>as</strong>sa-se a<br />
fragmentação, efemeridade, mobilidade, superficialidade,<br />
flutuação. (CASTELLS, 1999, p.88)<br />
Podemos ser um e muitos ao mesmo<br />
tempo e em diferentes tempos. A identidade<br />
parece que está à deriva no tempo e no espaço,<br />
o que a torna permanentemente capturável,<br />
ancorável, m<strong>as</strong>, paradoxalmente, ao<br />
mesmo tempo escorregadia - uma celebração<br />
móvel, como recém mencionei, utilizando-me<br />
de expressão empregada por Stuart<br />
Hall (2003).<br />
A constituição da identidade de crianç<strong>as</strong><br />
e jovens como estudantes e como sujeitos do<br />
currículo dá-se no entrecruzamento de vários<br />
fluxos e redes de poder.<br />
Os sujeitos escolares são subjetivados<br />
simultaneamente por múltiplos discursos.<br />
Crianç<strong>as</strong> e jovens quando chegam à escola já<br />
foram objeto de um conjunto de discursos,<br />
que produziram diferentes “posições de sujeito”,<br />
entre eles, aqueles que os constituem<br />
como consumidores, como clientes. (DEBORD,<br />
1997, p.26)<br />
Quem são? Que querem? Que fazer<br />
com eles?<br />
As mudanç<strong>as</strong> verificad<strong>as</strong> a partir da segunda<br />
metade do século XX, desencadead<strong>as</strong>,<br />
sobretudo, pelos vertiginosos avanços n<strong>as</strong><br />
tecnologi<strong>as</strong> da informação e da comunicação,<br />
estão intimamente relacionad<strong>as</strong> com a<br />
verdadeira revolução pela qual p<strong>as</strong>sam tais<br />
conceitos. A “virada cultural”, posicionando<br />
a cultura no centro dos acontecimentos e da<br />
vida n<strong>as</strong> sociedades do limiar do novo milênio,<br />
estabelece nova direção de fluxo na definição<br />
da identidade. O sujeito, antes concebido<br />
como uma agência centrada, estável<br />
e emanadora do sentido identitário, tem sua<br />
posição deslocada.<br />
Crianç<strong>as</strong>, jovens, mulheres, negros, idosos,<br />
docentes, surdos etc., são exemplos de identidades<br />
recriad<strong>as</strong> e reinventad<strong>as</strong> de múltipl<strong>as</strong><br />
form<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> variad<strong>as</strong> narrativ<strong>as</strong> que p<strong>as</strong>sam a<br />
circular de forma planetária, fazendo aparecer<br />
novos atores sociais. Contemporaneamente,<br />
delineiam-se nitidamente <strong>as</strong> condições que<br />
instauram o caráter provisório e construído d<strong>as</strong><br />
identidades. (BIGUM,1995, p. 33)<br />
5.3.1 Artefatos culturais contemporâneos na vida escolar<br />
Tais acontecimentos têm descortinado<br />
um v<strong>as</strong>to e novo repertório da cultura pósmoderna,<br />
predominantemente midiática, que<br />
se insinua na vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, alterando <strong>as</strong><br />
rotin<strong>as</strong> e <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> cotidian<strong>as</strong> no interior de<br />
instituições consagrad<strong>as</strong>, como é o c<strong>as</strong>o da família<br />
e da escola.<br />
Os pesquisadores e pesquisador<strong>as</strong> voltados<br />
para análises da cultura são questionados<br />
se já haviam se dedicado a examinar a inv<strong>as</strong>ão<br />
dos Yu-Gi-Ohs na vida da garotada e n<strong>as</strong> escol<strong>as</strong>.<br />
41