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Espaços e Paisagens. Vol. 1 - Universidade de Coimbra

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PAISAGENS MARINHAS NO HiPÓLiTO DE EURÍPIDES<br />

Maria do Céu Fialho<br />

universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />

Abstract<br />

The main sites in the play are essentially three: the city, the countrysi<strong>de</strong> visited by Hippolytus<br />

and his companions, and the sea. Divine action and its meaning intertwines with these three<br />

spaces of action. At first sight it appears as a domain of oppositions, but in fact it is a domain<br />

of complementarity. The aim of this paper is to un<strong>de</strong>rstand this intertwining process and its<br />

importance to the reading of this tragedy.<br />

Keywords: Aphrodite, Artemis, Hippolytus, Poseidon, sea, wild nature.<br />

Palavras-chave: Afrodite, Ártemis, Eurípi<strong>de</strong>s, Hipólito, mar, natureza selvagem, Poséidon.<br />

A cisão cartesiana entre sujeito, como entida<strong>de</strong> que pensa, e objecto,<br />

como uma alterida<strong>de</strong> susceptível <strong>de</strong> ser pensada, observada e dominada<br />

por esse mesmo pensamento abriu um caminho que, como é sabido, nos<br />

conduziu até à perspectiva tecnológica e tecnocrática que veio crescendo até<br />

à contemporaneida<strong>de</strong>. O homem <strong>de</strong> hoje apercebe-se, finalmente, dos limites<br />

e dos perigos <strong>de</strong>sta dinâmica levada às últimas consequências. O pretenso<br />

“domínio” da Natureza <strong>de</strong>spoletou consequências catastróficas que atestam a<br />

sua dimensão indominável.<br />

Tal cisão afecta o modo como o homem se vê no mundo e como vê o<br />

mundo. Assim, o termo ‘paisagem’, que nos chegou do francês e que tem uma<br />

composição análoga ao do inglês ‘landscape’ ou do alemão ‘Landschaft’, ainda<br />

que assente na noção <strong>de</strong> ‘terra’ a que o homem está iniludivelmente ligado,<br />

tomou, cada vez mais, a carga <strong>de</strong> uma alterida<strong>de</strong> que os olhos humanos<br />

apreciam, e em que repousam, que os artistas observam para recriar, que a<br />

mão humana altera. ‘Paisagem’ como ‘quadro da natureza’, on<strong>de</strong> o homem<br />

po<strong>de</strong>, também, entrar para seu repouso e fruição, opunha-se, implicitamente,<br />

a espaço urbano. É relativamente recente a noção <strong>de</strong> ‘paisagem urbana’, ainda<br />

assim com a carga mista <strong>de</strong> valorização ou <strong>de</strong>svalorização do espectáculo do<br />

espaço construído pelo homem e <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> intervenção do homem, em<br />

função <strong>de</strong> uma melhor habitabilida<strong>de</strong>.<br />

Este último cambiante revela já a abertura da contemporaneida<strong>de</strong> para<br />

uma simbiose necessária, em nome do equilíbrio ecológico, entre espaço <strong>de</strong><br />

habitação humano e natureza como mundo habitável a que o homem pertence<br />

como parte integrante a que tem <strong>de</strong> respeitar. Esta nova perspectiva nasceu<br />

da consciência <strong>de</strong> ameaça e conduz, curiosamente, sem que muitos disso se<br />

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