o impacto das cotas nas
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O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012) • 163<br />
acompanhamento, com resultados semelhantes dentro de cada<br />
categoria de curso. Em todos os casos as únicas diferenças<br />
estatisticamente significantes são aquelas entre os cotistas negros<br />
e as outras duas categorias. A proporção de alunos com baixo<br />
desempenho (indicado por integralização de menos de 50% dos<br />
créditos esperados pelo número de semestres em que o aluno<br />
se matriculou) chega a mais de 80% entre os cotistas negros em<br />
cursos considerados difíceis.<br />
Estes resultados incluem os estudantes evadidos entre<br />
aqueles com “baixo desempenho”. Por isso não permitem<br />
distinguir entre aqueles com progresso lento e aqueles que<br />
desistiram completamente. A comissão também elaborou uma<br />
análise parecida <strong>das</strong> taxas de evasão dos três grupos, que mostrou<br />
uma taxa mais elevada entre os cotistas negros, em torno de 26%,<br />
ao passo que percentagem de evadidos é 19% entre os últimos<br />
estratos da seleção universal e 20% entre os cotistas que não se<br />
consideram negros.<br />
Esta análise mostra que existe um número significativo de<br />
alunos de to<strong>das</strong> as modalidades de ingresso com dificuldades<br />
de acompanhar os cursos e terminar dentro do prazo ideal,<br />
especialmente em alguns cursos. É importante notar que o baixo<br />
aproveitamento resulta de uma combinação de características<br />
dos alunos e dos cursos. Por exemplo, o curso com a mais<br />
alta taxa de evasão e o índice médio de aproveitamento mais<br />
baixo, o curso noturno de Física, é conhecido como um curso<br />
de fácil ingresso, pela baixa procura, mas é um curso difícil,<br />
exigindo bastante habilidade matemática e teórica. Ou seja, é<br />
a combinação de alunos mal preparados e um curso difícil que<br />
resulta <strong>nas</strong> dificuldades desses alunos. A evasão também parece<br />
ser maior nos cursos que não oferecem boas oportunidades de<br />
carreira para os formados. Isso é o caso da Física e da Filosofia,<br />
o curso com a segunda maior taxa de evasão. Por outro lado, os<br />
cursos de Engenharia geralmente têm índices de aproveitamento<br />
(a razão entre a TIM individual e a TIM do curso) relativamente<br />
baixos - indicando a dificuldade desses para os alunos de to<strong>das</strong><br />
as categorias de ingresso - mas mantém taxas de evasão baixas,