06.04.2013 Views

o impacto das cotas nas

o impacto das cotas nas

o impacto das cotas nas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012) • 21<br />

muitos são remanescentes de anos letivos anteriores a 2004 quando<br />

contabilizamos os primeiros cotistas negros e indíge<strong>nas</strong>.<br />

Em 2008, na pesquisa realizada no doutorado, quando<br />

acompanhamos todos os alunos matriculados em 2004 e<br />

separamos os dados sobre os remanescentes <strong>das</strong> vagas gerais que<br />

concluíram 2007, pudemos observar que não houve supremacia<br />

no rendimento acadêmico dos alunos <strong>das</strong> vagas gerais sobre os<br />

cotistas negros. Da mesma forma, agora podemos observar que a<br />

diferença de 8,28% pode conter no seu bojo os remanescentes de<br />

anos anteriores, já que os cursos de 4 anos podem ser concluídos<br />

em até 7 anos e os de 5 anos têm um prazo de 8 anos. Assim, quem<br />

adentrou a partir do ano 2000 teve como prazo para conclusão o<br />

mesmo período que os cotistas ingressos em 2004. Portanto, essa<br />

diferença, diante deste fato, se torna irrelevante, colocando os<br />

negros na mesma via de sucesso dos acadêmicos <strong>das</strong> vagas gerais.<br />

Quando nos detemos a fazer comparações ape<strong>nas</strong> com os<br />

dados de matrículas e conclusão, percebemos que esta diferença<br />

é bastante acentuada nos três sistemas, porém com uma grande<br />

margem “negativa” para os indíge<strong>nas</strong>, o que nos leva a acreditar<br />

que na trajetória acadêmica alguns elementos determinantes<br />

definem a vida e o sucesso tanto de brancos pobres quanto de<br />

negros, mas de uma forma mais contundente para os indíge<strong>nas</strong>.<br />

Landa, uma estudiosa da temática indígena, aponta que, ao<br />

falarmos de permanência e desempenho acadêmico dos indíge<strong>nas</strong><br />

no ensino superior, temos alguns elementos de conflito, dentre<br />

estes o discurso no meio acadêmico de que<br />

o insucesso do aluno índio é potencializado, não tem a mesma<br />

interpretação que se dá ao insucesso do aluno não índio. O acadêmico<br />

não indígena tem insucesso porque vem de uma formação precária; o<br />

acadêmico indígena tem insucesso porque é incapaz. 9<br />

9 Beatriz dos Santos Landa. “Os desafios da permanência para os estudantes<br />

indíge<strong>nas</strong> da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS”. In Adir Casaro<br />

Nascimento et al. (orgs.). Povos indíge<strong>nas</strong> e sustentabilidade: saberes e praticas<br />

interculturais <strong>nas</strong> universidades (Campo Grande: UCDB, 2009), p.82.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!