o impacto das cotas nas
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O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012) • 177<br />
vontade da instituição de realmente efetivar um programa<br />
de inclusão social e racial, na medida em que ela não opera<br />
ações que possam favorecer a inserção dos estudantes cotistas<br />
no ambiente universitário e não cria condições reais de<br />
permanência na instituição.<br />
Aspecto importante a ressaltar é que tanto em relação<br />
ao segmento indígena, quanto ao afro-brasileiro, existe uma<br />
grande dificuldade: a inexistência de política na instituição para<br />
promover a diversidade. Esta diversidade não se constitui, ape<strong>nas</strong>,<br />
com a presença de negros e indíge<strong>nas</strong> no espaço universitário,<br />
mas exige o combate ao racismo e ao preconceito, enfrentando o<br />
desafio da garantir efetivamente a permanência socioeconômica<br />
e da permanência simbólica. Esta última está relacionada com<br />
a sensação de não aceitação pelo conjunto dos estudantes e,<br />
principalmente, no meio docente, onde as manifestações de<br />
inconformidade com a presença dos cotistas e a omissão dos<br />
coordenadores de curso, acabam por criar um ambiente hostil e<br />
um abandono do cotista a própria sorte.<br />
Gostaríamos de deixar claro que esta inconformidade sentida<br />
na comunidade universitária não é ape<strong>nas</strong> pela forma de acesso<br />
do cotista, mas fundamentalmente pela dificuldade de lidar com<br />
os marginalizados social e racialmente, os quais desacomodam as<br />
práticas e convenções universitárias. Conviver obrigatoriamente<br />
com negros e indíge<strong>nas</strong> não significa superar os preconceitos étnicoraciais<br />
e estes acabam por permanecer no espaço universitário<br />
sem que ações determina<strong>das</strong> sejam adota<strong>das</strong> para enfrentar<br />
institucionalmente essa situação.<br />
A presença numericamente significativa de jovens <strong>das</strong> classes e grupos<br />
até então impedidos de freqüentar os bancos universitários, deve levar a<br />
que as ideologias, teorias e metodologias que sustentam e dão andamento<br />
à produção de conhecimentos sejam questiona<strong>das</strong> e, em decorrência, as<br />
atividades acadêmicas e científicas sejam redimensiona<strong>das</strong>. Dizendo<br />
de outra maneira, instituições de ensino superior que reconhecem a<br />
diversidade social e econômica da população brasileira, sua pluralidade<br />
cultural e racial e as avaliam como injustas, ao reservar vagas para