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mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...

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Francisco e, posteriormente, com o primeiro colóquio internacional <strong>de</strong> história oral em<br />

Bolonha. Consi<strong>de</strong>rada a etapa que marca o início da terceira geração <strong>de</strong> historiadores orais,<br />

vê-se no mundo uma maior utilização e visibilida<strong>de</strong> acadêmica da metodologia – por exemplo<br />

no Brasil, com a criação da Fundação Getúlio Vargas, em 1975, primeiro programa <strong>de</strong> história<br />

oral com intuito <strong>de</strong> coligir <strong>de</strong>poimentos dos lí<strong>de</strong>res políticos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 20. Nos anos<br />

80, cada vez mais colóquios internacionais são realizados e com o lançamento <strong>de</strong> revistas<br />

especializadas na temática, cria-se uma significativa comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> história oral. Além disso,<br />

é nessa época que vemos o estreitamento <strong>de</strong> laços entre museus, arquivos e programas <strong>de</strong><br />

história oral e a utilização pedagógica <strong>de</strong>sta metodologia, formando uma consciência da<br />

relação passado-presente. “Foi, enfim, um período <strong>de</strong> reflexões epistemológicas e<br />

metodológicas, no qual se contestou a idéia ingênua <strong>de</strong> que a entrevista permitia atingir<br />

diretamente a realida<strong>de</strong>, havendo inclusive uma profissionalização maior no tocante aos<br />

projetos <strong>de</strong> pesquisa oral e à sua utilização” 6 . A chamada quarta geração dos anos <strong>de</strong> 1990 é<br />

formada pela influência das anteriores, no entanto, possui uma relação mais natural com a<br />

oralida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maior liberda<strong>de</strong> e também <strong>de</strong> maior valorização da subjetivida<strong>de</strong> – tendo<br />

<strong>de</strong>staque a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gravadores e <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o.<br />

Segundo Phillipe Joutard a história oral é formada pela história política e história<br />

antropológica. A primeira surgiu primeiro, sendo a entrevista utilizada como um<br />

complemento <strong>de</strong> documentos escritos, visando, inicialmente, personagens públicas e notáveis.<br />

Já a segunda trabalha com assuntos que estão presentes em várias experiências nacionais, dá<br />

voz aos excluídos e trata <strong>de</strong> temas da vida cotidiana, levantando novas problemáticas, sendo,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, predominante. Além disso, <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>stacar que a história oral antropológica é<br />

uma metodologia utilizada em pesquisas históricas e sociológicas, primando pela valorização<br />

da memória individual e coletiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos antes <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados pela<br />

historiografia oficial.<br />

Portanto, ao escolher trabalhar com as experiências e memórias <strong>de</strong> <strong>mães</strong> dos anos 60 e<br />

70 do século XX, a metodologia privilegiada foi a história oral. Quando buscamos analisar a<br />

experiência das mulheres com o corpo, com a gravi<strong>de</strong>z, o parto, com os cuidados com os<br />

filhos e os significados contraditórios <strong>de</strong> tudo isto, ou seja, o que ficou ausente dos estudos<br />

sobre a maternida<strong>de</strong>, acreditamos ser esta a melhor forma <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r.<br />

A história oral consiste, basicamente, em gravações <strong>de</strong> narrativas pessoais para a<br />

elaboração <strong>de</strong> documentos, arquivamento e trabalhos que visam analisar experiências sociais<br />

6 JOUTARD, op. cit., p. 49.<br />

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