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mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...

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formas <strong>de</strong> dominação política. Este quadro ampliou-se, posteriormente, com a explosão dos temas<br />

femininos da Nouvelle Histoire, como bruxaria, prostituição, loucura, aborto, parto, maternida<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong>,<br />

sexualida<strong>de</strong>, a história das emoções e dos sentimentos, entre outros” 53 .<br />

Para o marxismo “a problemática que divi<strong>de</strong> homens e mulheres [é] uma contradição<br />

secundária, que encontrará resolução com o fim da contradição principal: a instauração da<br />

socieda<strong>de</strong> sem classes com a mudança do modo <strong>de</strong> produção. Não se justifica, portanto, uma<br />

atenção especial do historiador para a questão feminina” 54 . Somente a partir dos anos 1960,<br />

<strong>de</strong>vido as correntes revisionistas do marxismo e seu envolvimento com a história social, que a<br />

preocupação com grupos esquecidos historicamente, incluindo as mulheres, entra em voga.<br />

A influência do movimento feminista durante a década <strong>de</strong> 1960 e 70 contribuiu ainda<br />

mais para o <strong>de</strong>senvolvimento da história das mulheres. “Nos Estados Unidos, on<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou o referido movimento, bem como em outras partes do mundo nas quais este se<br />

apresentou, as reivindicações das mulheres provocaram uma forte <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> informações,<br />

pelos estudantes, sobre as questões que estavam sendo discutidas” 55 . As feministas passam a<br />

criticar o caráter particularista, i<strong>de</strong>ológico, racista e sexista das ciências, atacando a lógica<br />

operante da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, pois afirmavam que esta não é capaz <strong>de</strong> refletir sobre a diferença,<br />

sendo esta lógica i<strong>de</strong>ntitária e exclu<strong>de</strong>nte. Ou seja, po<strong>de</strong>mos exemplificar esta crítica com o<br />

conceito universal <strong>de</strong> homem que remete ao mo<strong>de</strong>lo oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> homem branco,<br />

heterossexual e civilizado, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado todos aqueles que não fazem parte <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> referência. A partir disso propõe-se a abertura, nas universida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> cursos em que o<br />

estudo da história das mulheres é o principal tema.<br />

“[...] poucos po<strong>de</strong>rão negar que a entrada <strong>de</strong>sses novos temas se fez em gran<strong>de</strong> parte pela pressão<br />

crescente das mulheres, que invadiram as universida<strong>de</strong>s e criaram seus próprios núcleos <strong>de</strong> estudo e<br />

pesquisa, a partir dos anos setenta. Feministas assumidas ou não, as mulheres forçam a inclusão dos<br />

temas que falam <strong>de</strong> si, que contam sua própria história e <strong>de</strong> suas antepassadas e que permitem enten<strong>de</strong>r<br />

as origens <strong>de</strong> muitas crenças e valores, <strong>de</strong> muitas práticas sociais freqüentemente opressivas e <strong>de</strong><br />

inúmeras formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sclassificação e estigmatização. De certo modo, o passado já não nos dizia e<br />

precisava ser re-interrogado a partir <strong>de</strong> novos olhares e problematizações, através <strong>de</strong> outras categorias<br />

interpretativas, criadas fora da estrutura falocêntrica especular” 56 .<br />

Surgindo então grupos como History Workshop, na Inglaterra, Women’s Studies, nos<br />

Estados Unidos e Cahiers pour l’histoire <strong>de</strong>s femmes, na França, as pesquisas se multiplicam<br />

e a história das mulheres torna-se reconhecida a nível acadêmico. A partir da década <strong>de</strong> 1970,<br />

53 RAGO, op. cit., pp. 12-13.<br />

54 SOIHET, op. cit., p. 400.<br />

55 I<strong>de</strong>m, p. 401.<br />

56 RAGO, op. cit., p. 13.<br />

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