mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...

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com os outros e consigo mesmo tem duplo significado: dar um sentido à sua própria existência e a existência de seu próprio grupo. Dessa maneira, uma investigação que advenha da memória possibilita, sobretudo, registrar a voz e, por seu intermédio, a vida e o pensamento de pessoas, o que resulta no alcance da memória pessoal, social, familiar e grupal; ou seja, possibilita analisar grupos e experiências coletivas e/ou acontecimentos sociais através das singularidades e das subjetividades. 32
CAPÍTULO DOIS – A HISTÓRIA DA MATERNIDADE Neste capítulo abordamos a problematização histórica da maternidade mais especificamente. Começando com uma breve discussão sobre os estudos de gênero na história, partimos para a análise de alguns trabalhos sobre as mulheres e a maternidade, tendo destaque Simone de Beauvoir e Betty Friedan. Em seguida passamos à instituição da maternidade procurando entender como o “mito da maternidade” se constituiu, a importância no século XX das políticas públicas maternalistas e como isto se insere em um contexto específico de transformações sócio-culturais que ocorreram nas décadas de 1960 e 1970 e que afetaram particularmente a vida das mulheres. 2.1. O estudo do gênero Ao nos propormos trabalhar com as experiências e memórias de mulheres que foram mães nas décadas de 1960 e 1970, nos inserimos no campo de estudos de gênero, mais precisamente dentro dos trabalhos histórico-feministas sobre a maternidade. Para tanto, antes de iniciarmos uma discussão sobre a maternidade em si, iremos explanar mais especificamente sobre a área que nosso trabalho se encontra. Observamos, desde os anos de 1980, uma ampliação na produção historiográfica denominada de estudos de gênero. Seu surgimento pode ser observado como um dos desdobramentos do movimento feminista, mais especificamente das feministas norte-americanas. De início “a palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como ‘sexo’ ou ‘diferença sexual’. O ‘gênero’ sublinhava também o aspecto relacional das definições normativas de feminilidade” 41 . Neste período o trabalho com gênero era proposto por aquelas que acreditam que seu uso transformaria os paradigmas de cada disciplina. No entanto, inicialmente este trabalho era realizado somente nas áreas das ciências sociais e da psicologia, havendo uma certa demora do surgimento de pesquisas que envolvessem essa categoria na história. Isto se deveu ao fato da relação das pesquisas com o movimento feminista e o envolvimento político que resultava: 41 SCOTT, op. cit. 33
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