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mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...

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esquecimentos, ressentimentos e emoções. Junto a isso, o entrevistador tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalhar com outros tipos <strong>de</strong> pesquisas e fontes, o que permite que sua pesquisa fique ainda<br />

mais rica, já que po<strong>de</strong> analisar a ação humana a partir <strong>de</strong> diversos ângulos – por exemplo ao<br />

trabalhar com fotografias ou objetos pessoais do entrevistado. Esses elementos possuem uma<br />

base comum, uma característica que marca a história oral e que é, talvez, o que seja mais<br />

importante na metodologia: seu trabalho com a memória.<br />

A entrevista é uma produção intelectual, uma interação entre entrevistador e<br />

entrevistado com o objetivo <strong>de</strong> se produzir conhecimento através da lembrança do<br />

entrevistado. Portanto, o historiador oral se utiliza da memória para <strong>de</strong>senvolver sua pesquisa.<br />

Mas é necessário que estejamos atentos para utilizá-la <strong>de</strong> maneira correta, através <strong>de</strong> técnicas<br />

específicas para sua análise e entendimento, averiguando sua legitimida<strong>de</strong> assim como as<br />

evidências e trabalhando como uma expressão cultural que possui diversos significados e<br />

complexida<strong>de</strong>s, diferentemente das <strong>de</strong>mais fontes que possuem mo<strong>de</strong>los mais fixos.<br />

Partilhamos da idéia que a memória <strong>de</strong>ve ser entendida enquanto fenômeno social, já<br />

que o ser humano é um indivíduo social e pertence e se i<strong>de</strong>ntifica com esse universo,<br />

reproduzindo modos <strong>de</strong> agir, pensar e sentir que são exteriores a ele e exercem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

coerção. “Essa preexistência e esse predomínio do social sobre o individual <strong>de</strong>veria, por força,<br />

alterar substancialmente o enfoque dos fenômenos ditos psicológicos como a percepção, a<br />

consciência e a memória” 22 . Assim, consi<strong>de</strong>ramos a memória como construída coletivamente<br />

e passível <strong>de</strong> transformações constantes, ou seja, nossa memória não é genuinamente<br />

individual, mas coletiva, passível <strong>de</strong> uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências vividas por<br />

indivíduos e agrupamentos sociais que não estão parados no tempo, mas em constante<br />

reformulação. Segundo Halbwachs, a memória individual existe sempre a partir <strong>de</strong> uma<br />

memória coletiva, assim sendo, nossas lembranças são, da mesma forma que nossas idéias,<br />

reflexões, sentimentos e paixões, estabelecidas no interior <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo, são<br />

partilhadas por indivíduos e grupos sociais com os quais nos relacionamos. Logo, segundo o<br />

autor, a memória coletiva é relativa à socieda<strong>de</strong> e é uma interpretação das experiências<br />

vividas, sendo distinta do discurso histórico. “A memória é o resultado do movimento do<br />

sujeito no ato da memorização, como também é ação dos diversos grupos sociais em suas<br />

histórias, o passado e o presente” 23 , ou seja, “a memória do indivíduo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do seu<br />

relacionamento com a família, com a classe social, com a escola, com a Igreja, com a<br />

22 BOSI, op. cit., p. 16. (Grifo original).<br />

23 HALBWACHS, op. cit., p. 32.<br />

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