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mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...

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narrador intentava expressar, seja no levantamento <strong>de</strong> questões ou ao produzir conexões entre<br />

a narrativa e o que é socialmente estudado. Isso é comum ao trabalhar com gênero, buscando<br />

resquícios <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> lutas feministas on<strong>de</strong> muitas vezes este tipo <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntificação<br />

não ocorreu <strong>de</strong> fato, ou não é consciente. Portanto, insiste-se para que olhemos os resultados<br />

das entrevistas com sensibilida<strong>de</strong> para não contrariarmos o senso que nossas colaboradoras<br />

têm <strong>de</strong> si mesmas. Devemos estar abertas para um intercâmbio <strong>de</strong> idéias para que nós não<br />

façamos simplesmente uma reunião <strong>de</strong> dados, adaptando aos nossos paradigmas, buscando<br />

contextualizar as narrativas orais <strong>de</strong> formas distintas das nossas construções fixas, pois ao<br />

utilizar a metodologia da história oral po<strong>de</strong>mos ir muito além <strong>de</strong> apenas encontrar a história<br />

<strong>de</strong> uma mulher, mas <strong>de</strong> várias mulheres com a uma série <strong>de</strong> questões diferentes a serem<br />

exploradas.<br />

Segundo afirma a historiadora Sherna Berger Gluck, a “história oral das mulheres é<br />

um encontro feminista [...]”, ou melhor, “é a criação <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> material sobre as<br />

mulheres; é a validação das experiências das mulheres; é a comunicação entre mulheres <strong>de</strong><br />

diferentes gerações; é o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> nossas próprias raízes e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

continuida<strong>de</strong> que nos vem sendo negada na <strong>de</strong>scrição tradicional da história” 20 . Gluck ainda<br />

afirma que quanto mais completo for um documento oral, mais ele permite a elaboração <strong>de</strong><br />

reflexões sobre as experiências, os valores, as atitu<strong>de</strong>s, em suma, sobre a vida das pessoas<br />

entrevistadas, possibilitando uma aproximação maior com as mulheres e, <strong>de</strong>ssa maneira, com<br />

a sua história.<br />

O historiador, usando ou não a história oral, se tornou mais atento para as dimensões<br />

subjetivas dos eventos e ativida<strong>de</strong>s. No entanto, ainda há muito que se fazer para melhor<br />

trabalharmos com essas subjetivida<strong>de</strong>s. A história oral nos permite ações nesse sentido, apesar<br />

<strong>de</strong> que ainda necessite <strong>de</strong> mudanças na metodologia <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações, on<strong>de</strong> o foco<br />

está sobre as perguntas certas, a interação, no processo, no dinâmico <strong>de</strong>sdobramento do ponto<br />

<strong>de</strong> vista do sujeito. É também preciso que ocorra alteração <strong>de</strong> foco, novas habilida<strong>de</strong>s do<br />

pesquisador que incluam a consciência <strong>de</strong> que as ações, coisas, e eventos são acompanhados<br />

<strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> emocional que os dá significado; a percepção que alguns sentimentos quando<br />

trazidos à tona po<strong>de</strong>m exce<strong>de</strong>r limites do aceitável ou do comportamento feminino esperado;<br />

e, além disso, que indivíduos po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem explicar o que eles querem dizer em seus<br />

próprios termos. Dessa forma, quando o entrevistador consegue ser sensível à privacida<strong>de</strong> do<br />

20<br />

GLUCK, Sherna Berger. “What’s so special about women? Women’s oral history”. In: ARMITAGE, Susan<br />

H.; HART, Patricia; WEATHERMON, Karen. (Eds.) Women’s Oral History: The “Frontiers” Rea<strong>de</strong>r.<br />

Lincoln : University of Nebraska Press, 2002, p. 5. (Tradução nossa).<br />

22

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