mães desdobráveis - Departamento de História - Universidade ...
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nem o com papel <strong>de</strong> mãe e esposa da mulher), nem o fim da missão educadora e altruísta da<br />
mulher na vida social e política, ao contrário, ao promover o aumento da instrução da mulher,<br />
permite-se uma proteção à infância, o cumprimento do papel social da mulher e melhorias na<br />
socieda<strong>de</strong>. Juntamente com iniciativas visando benefícios práticos às mulheres e às crianças, a<br />
Fe<strong>de</strong>ração Brasileira pelo Progresso Feminino organizou eventos para discussão <strong>de</strong>ssas<br />
práticas, como o I e o II Congresso Internacional Feminista, reunindo representantes <strong>de</strong><br />
organizações profissionais femininas, <strong>de</strong> assistência social e entida<strong>de</strong>s filantrópicas. A<br />
Fe<strong>de</strong>ração também participou da organização da Constituição <strong>de</strong> 1934, incluindo itens como o<br />
direito da mulher <strong>de</strong> votar e ser votada, licença maternida<strong>de</strong>, participação das mulheres na<br />
direção e administração <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> assistência e bem-estar social referentes à<br />
maternida<strong>de</strong> e à infância, entre outros.<br />
Outra organização <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong> igual importância é a Cruzada Pró Infância, criada<br />
em 1930 em São Paulo sob a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Pérola Byington e Maria Antonieta <strong>de</strong> Castro.<br />
Apesar do <strong>de</strong>senvolvimento agrícola e industrial do período, a socieda<strong>de</strong> brasileira vivia em<br />
péssimas condições <strong>de</strong> trabalho e sanitárias, o que acarretava em altas taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />
infantil. Esta questão preocupava as elites e se tornou o principal objetivo da Cruzada, ao<br />
combater a mortalida<strong>de</strong> infantil por meio <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> assistência para as <strong>mães</strong> e suas<br />
crianças. Além disso, o contexto da época valorizava a proteção à infância: “Dentro <strong>de</strong> um<br />
espírito populista da época, acreditavam que o Brasil precisava preencher espaços vazios, que<br />
o número <strong>de</strong> habitantes significava maior número <strong>de</strong> trabalhadores, [...] que o futuro da nação<br />
<strong>de</strong>pendia da quantida<strong>de</strong>, como também da qualida<strong>de</strong> física, moral e educacional da<br />
população” 84 . Para tanto, a Cruzada Pró Infância se profissionalizou, permitindo uma<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e uma maior abrangência. Foram construídos no <strong>de</strong>correr da sua<br />
história, além da se<strong>de</strong>, dispensários (com atendimento pré-natal, clínica geral, higiene infantil,<br />
etc.), uma Casa Maternal para receber as <strong>mães</strong> antes e <strong>de</strong>pois do parto, parques infantis, um<br />
banco <strong>de</strong> leite e creches. A entida<strong>de</strong> tinha sua própria revista, produzindo uma relevante<br />
literatura sobre a proteção da infância e da maternida<strong>de</strong>, e também organizou campanhas e<br />
cursos para ensinar os preceitos da puericultura.<br />
“O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> família preconizado era o <strong>de</strong> marido provedor e da esposa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte voltada para os<br />
cuidados dos filhos. A família – constituída <strong>de</strong> pai, mãe e filhos – era consi<strong>de</strong>rada o sustentáculo da<br />
socieda<strong>de</strong>, mas a realida<strong>de</strong> social da maioria das brasileiras estava bem longe disso. Para Pérola<br />
Byington, todos <strong>de</strong>veriam lutar – igreja, governos, associações, imprensa, rádio, povo – no sentido <strong>de</strong><br />
dar os meios necessários para assegurar a continuida<strong>de</strong> do ‘binômio sagrado – mãe e filho’. [...] A<br />
84 MOTT, op. cit., p. 209.<br />
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