Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
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<strong>Esquistossomose</strong> <strong>mansônica</strong>: <strong>aspectos</strong> <strong>sócio</strong>-<strong>culturais</strong>... Daniella Coelho G. da Silva<br />
dava orig<strong>em</strong> aos males e as epid<strong>em</strong>ias (Hegenberg, 1998). Apesar de ser um<br />
pensamento antigo, ainda existe o medo e a culpabilidade na relação do ser humano<br />
com a doença <strong>em</strong> algumas sociedades atuais.<br />
No período clássico, na Grécia dos t<strong>em</strong>pos heróicos, era vigente a concepção de<br />
doença através do poder dos deuses. De acordo com a mitologia, Apoleu, o deus da<br />
Medicina, enviava as doenças para a Terra e só ele poderia afastá-las. Esculápio, filho<br />
do deus Apolo e da ninfa Coronis, se tornaria um excelente médico e conseguiria<br />
diminuir o número de almas enviadas ao inferno.<br />
Como discípulos de Esculápio, as duas filhas do deus Asclépios, Higéia e<br />
Panacéia. A primeira filha, Higéia, era adorada por aqueles que consideravam a saúde<br />
como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, onde a saúde através de<br />
ações preventivas, tinha como objetivos estabelecer o equilíbrio dos el<strong>em</strong>entos<br />
fundamentais terra, fogo, ar e água. Enquanto que Panacéia era a padroeira da medicina<br />
curativa, exercia prática terapêutica baseada <strong>em</strong> intervenções sobre indivíduos doentes,<br />
através de manobras físicas, encantamentos, preces, uso de medicamentos (Almeida<br />
Filho, 2003).<br />
Segundo Hegenberg (1998), a Medicina Científica t<strong>em</strong> início com Hipócrates,<br />
apesar de existir uma controvérsia <strong>em</strong> relação à autoria total dos tratados. As teorias<br />
médicas reunidas no Corpus Hipocrático exerc<strong>em</strong> grande influência na medicina, sendo<br />
consideradas como obra de um só autor: Hipócrates, que teria vivido entre 460 e 370<br />
a.C., sendo considerado o pai da Medicina.<br />
“O nascimento da medicina como saber científico<br />
autônomo, associado à obra de Hipócrates, é parte do legado da<br />
civilização grega clássica. A evolução do esforço científico<br />
humano pode ser acompanhado pelas formas novas como o<br />
corpo humano é examinado e investigado. A medicina reflete<br />
as metamorfoses do <strong>em</strong>preendimento científico ao longo do<br />
t<strong>em</strong>po”(Albuquerque et al., 2004, p.278).<br />
A obra de Hipócrates faz a primeira tentativa no sentido de eliminar causas<br />
sobrenaturais; atribuindo, assim, às doenças uma causa natural, sendo a saída da<br />
explicação sobrenatural para a natural na causalidade das doenças.<br />
Nessa época, a natureza era percebida como uma combinação de quatro<br />
el<strong>em</strong>entos: terra, água, ar e fogo. Hipócrates associava esses quatro el<strong>em</strong>entos aos<br />
quatros “humores” do corpo humano: sangue, o “phlegma”, a bile amarela e a bile<br />
negra. A saúde representaria o equilíbrio dos el<strong>em</strong>entos; a doença, então, ao<br />
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