Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
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<strong>Esquistossomose</strong> <strong>mansônica</strong>: <strong>aspectos</strong> <strong>sócio</strong>-<strong>culturais</strong>... Daniella Coelho G. da Silva<br />
com os quais os leigos conceituavam e vivenciavam o processo da doença e da saúde,<br />
fornecendo análises mais profundas das “variáveis sociais” da história das doenças.<br />
A partir do século XX, mais precisamente na década de 20 até a década de 40,<br />
configurou-se a primeira fase da integração das ciências sociais ao campo da saúde.<br />
Apesar de não ser ainda devidamente reconhecida, nessa fase já houve trabalhos sobre<br />
os probl<strong>em</strong>as sociais e questões específicas sobre a distribuição da doença. A<br />
<strong>em</strong>ergência de um pensamento social <strong>em</strong> saúde está estritamente relacionada com a<br />
probl<strong>em</strong>ática socioeconômica, político-ideológica e das tradições <strong>culturais</strong> e intelectuais<br />
de cada época e de cada contexto. Dificuldades existiram para os cientistas sociais <strong>em</strong><br />
adentrar neste campo da saúde, uma vez que não eram médicos e não estavam<br />
envolvidos diretamente no cuidado do paciente, além de tudo ser<strong>em</strong> vistos como críticos<br />
das instituições médicas e do papel do médico (Nunes, 2003).<br />
A reação ao tecnicismo e ao biologicismo da medicina, com uma corrente de<br />
pensamento que vê a saúde por meio da sua história social, sob o olhar do marxismo <strong>em</strong><br />
seu viés estrutural, t<strong>em</strong> como foco a desigualdade de renda e as condições de vida<br />
(Minayo et al., 2003).<br />
Nos anos 80, surg<strong>em</strong> estudos epid<strong>em</strong>iológicos enfatizando os fatores sociais<br />
entre eles: a migração, o processo urbano, a estrutura agrária (Nunes, 2003). Havendo<br />
um investimento teórico-social e metodológico <strong>em</strong> outras abordagens compreensivas e<br />
dialetizantes das determinações e da subjetividade na construção do pensamento sobre a<br />
saúde e a doença (Minayo et al., 2003).<br />
Mesmo havendo uma interação entre os vários campos, os objetos de estudo das<br />
ciências – biomedicina, epid<strong>em</strong>iologia e ciências sociais - que tratam do processo<br />
saúde-doença são diferentes, possuindo assim suas peculiaridades. O objeto da clínica<br />
médica é fisiopatológico com o determinante biológico. Já o objeto da epid<strong>em</strong>iologia<br />
refere-se ao determinante clínico mais o determinante epid<strong>em</strong>iológico. Por último, o<br />
objeto das ciências sociais seriam o determinante epid<strong>em</strong>iológico juntamente com o<br />
determinante social (ibid).<br />
Segundo Sevalho & Castiel (1998), as complexas relações epid<strong>em</strong>iológicas,<br />
<strong>sócio</strong>-econômicas, <strong>culturais</strong>, biológicas envolv<strong>em</strong> indivíduos e seu comportamento, as<br />
infecções <strong>em</strong>ergentes vêm sendo consideradas como resultantes de desequilíbrios nestas<br />
interações, não podendo ser mais suficiente considerar “enfermidades humanas”, mas<br />
como “fenômeno de adoecimento”. Então, o adoecer das populações humanas visa um<br />
entendimento profundo sobre os seus determinantes, havendo assim um contato entre a<br />
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