Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Esquistossomose</strong> <strong>mansônica</strong>: <strong>aspectos</strong> <strong>sócio</strong>-<strong>culturais</strong>... Daniella Coelho G. da Silva<br />
entre indivíduo e cultura, tornando possível uma verdadeira integração da dimensão<br />
contextual na abordag<strong>em</strong> dos probl<strong>em</strong>as de saúde, como afirmam Uchôa & Vidal:<br />
“O discurso antropológico aponta os limites e a<br />
insuficiência da tecnologia biomédica quando se trata de mudar<br />
de forma permanente o estado de saúde de uma população. Ele<br />
nos revela que o estado de saúde de uma população é associado<br />
ao seu modo de vida e ao seu universo social e cultural. A<br />
antropologia médica se inscreve, assim, numa relação de<br />
compl<strong>em</strong>entariedade com a epid<strong>em</strong>iologia e com a sociologia<br />
da saúde” (1994, p.497).<br />
Os estudos de antropologia médica vêm possibilitando várias constatações no<br />
que se refere à construção cultural, histórica e social das enfermidades (Grimberg,<br />
1998).<br />
Segundo Uchôa & Vidal (1994), a antropologia considera que a saúde e o que se<br />
relaciona a ela – conhecimento de risco, idéias sobre prevenção, noções sobre<br />
causalidade, idéias sobre tratamentos apropriados – são fenômenos culturalmente<br />
construídos e culturalmente interpretados. Sendo utilizada a perspectiva qualitativa para<br />
identificar e analisar a mediação que exerc<strong>em</strong> os fatores sociais e <strong>culturais</strong> na<br />
construção de formas características de pensar e agir frente à saúde e à doença.<br />
“As representações da saúde e doença fundam-se ainda<br />
nas raízes tradicionais (crença e valores) relativos ao corpo,<br />
vida morte e nas experiências de vida... maior autonomia à<br />
‘cultura popular’ nos seus modos de significação, pela via do<br />
conceito de matrizes <strong>culturais</strong> de significações, como<br />
mediações capazes de re-s<strong>em</strong>antizar e reordenar os<br />
el<strong>em</strong>entos <strong>culturais</strong> produzidos por outro grupo, de modo<br />
que as mensagens da mídia e o próprio discurso médico<br />
pod<strong>em</strong> ser reinterpretados nos termos daquela cultura”<br />
(Canesqui, 2003, p.115).<br />
Sendo assim, a antropologia médica integrando a dimensão cultural, v<strong>em</strong> para<br />
contribuir, juntamente com a sociologia e a epid<strong>em</strong>iologia, para uma releitura dos<br />
processos patológicos.<br />
Essa dimensão cultural ou cultura especificamente pode ser definida como:<br />
“... conjunto de princípios (explícitos e implícitos)<br />
herdados por indivíduos m<strong>em</strong>bros de uma dada sociedade;<br />
princípios esses que mostram aos indivíduos como ver o<br />
mundo, como vivenciá-lo <strong>em</strong>ocionalmente e como comportarse<br />
<strong>em</strong> relação às outras pessoas,... e ao ambiente natural. Essa<br />
cultura também proporciona aos indivíduos um meio de<br />
25