Esquistossomose mansônica: aspectos sócio-culturais em ...
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<strong>Esquistossomose</strong> <strong>mansônica</strong>: <strong>aspectos</strong> <strong>sócio</strong>-<strong>culturais</strong>... Daniella Coelho G. da Silva<br />
A esquistossomose <strong>mansônica</strong>, na comunidade de Vila Sotave II, começou a ser<br />
introduzida a partir da invasão daquela área por pessoas provenientes de regiões<br />
próximas e do interior do estado. Provavelmente, pessoas já contaminadas levaram a<br />
doença para o local e a ocupação desordenada do espaço favoreceu e deu condições para<br />
a instalação da doença. Os recém-chegados não encontraram nenhum tipo de assistência<br />
sanitária o que proporcionou o contato dos ovos do Schistosoma mansoni com a água,<br />
abundante no local, e com o caramujo hospedeiro, sendo a porta de entrada para as<br />
contaminações subseqüentes.<br />
Essa região urbana-litorânea originalmente não era considerada uma localidade<br />
que oferecesse condições propícias para a proliferação da esquistossomose, apesar de<br />
haver registros antigos na ocorrência dos caramujos hospedeiros intermediários. Tais<br />
condições foram criadas com a entrada de pessoas infectadas pelo parasito, com a<br />
ausência de fossas e com a dificuldade de escoamento das águas servidas.<br />
Atualmente existe a possibilidade clara da permanência da doença na região,<br />
com o alastramento dos casos e a end<strong>em</strong>ização da esquistossomose, caso não sejam<br />
tomadas medidas estruturais de saneamento e educação ambiental. A formação desta<br />
comunidade é recente, não havendo t<strong>em</strong>po para um convívio compartilhado dos agravos<br />
coletivos, por isso não identificam a esquistossomose como um dos seus “probl<strong>em</strong>as”<br />
de saúde.<br />
Foi possível perceber a carência de alimentação, de moradia, de educação e do<br />
mínimo para uma vida saudável, diante de tanta necessidade as pessoas não consegu<strong>em</strong><br />
perceber a gravidade de mais uma doença e a falta da saúde passa a ser uma condição<br />
natural. A percepção da esquistossomose, como um probl<strong>em</strong>a atual ou futuro, é<br />
camuflada pela luta contra tanta adversidade e pela sobrevivência do dia seguinte.<br />
Na comunidade de Vila Sotave II, urbana e recente, a doença ainda não está<br />
estabelecida ou enraizada no imaginário coletivo, ou seja, não faz parte daquela<br />
experiência de vida, <strong>em</strong>bora algumas pessoas conheçam a doença através de algum caso<br />
próximo ou, até mesmo pela confirmação da presença do verme no seu próprio<br />
organismo.<br />
Para essas pessoas, o contágio da esquistossomose está relacionado ao contato<br />
com as águas peri-domiciliares, infectadas pela drenag<strong>em</strong> das fossas nas ruas. No<br />
período de chuvas essas poças d’ água transbordam e tomam toda a rua, favorecendo a<br />
contaminação direta dos moradores. Os moradores mencionam a falta de saneamento<br />
básico e as águas poluídas como fatores responsáveis pela esquistossomose mas não<br />
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