todos os dias. Eu não tinha dúvida de que o conselho recebera algumas queixas, porém sempre existiram queixas. Agora, como Dewey não tinha sua melhor aparência, as vozes se tornavam mais ruidosas. Mas aquilo não significava que a cidade tivesse se voltado contra Dewey. Uma coisa que aprendi ao longo dos anos foi que as pessoas que amavam Dewey, que realmente o queriam e precisavam dele, não eram as que tinham as vozes mais altas: eram as que não tinham voz alguma. Se esse tivesse sido o conselho vinte anos atrás, jamais teríamos podido adotar Dewey. "Graças a Deus", pensei comigo mesma. "Graças a Ti, Deus, pelos conselhos passados." E mesmo que fosse verdade o que o conselho achava, mesmo que a maior parte da cidade tivesse virado as costas a Dewey, não tínhamos nós o dever de apoiá-lo? Mesmo que cinco pessoas se importassem, já não era suficiente? Mesmo que ninguém se importasse, permanecia o fato de Dewey adorar a cidade de Spencer. Sempre amaria Spencer. Ele precisava de nós. Nós não podíamos simplesmente jogá-lo fora porque olhar para ele, mais velho e fraco, não era mais um motivo de orgulho para nós. Havia ainda outra mensagem do conselho, que veio em alto e bom som: Dewey não é o nosso gato — ele é o gato da cidade. Falamos pela cidade, então é nossa a decisão. Nós sabemos o que é melhor. Não discuto um fato: Dewey era o gato de Spencer. Nada era mais verdadeiro. Mas ele era também o meu gato. E, por último, Dewey era um gato. Naquela reunião, percebi que, na cabeça de muita gente, Dewey tinha passado de um animal de carne e osso, com pensamentos e sentimentos, para um símbolo, uma metáfora, um objeto que podia ter dono. Os membros do conselho da biblioteca adoravam Dewey como um gato — Kathy Greiner, a presidente, sempre levava petiscos no bolso para ele —, porém eles ainda não conseguiam separar o animal do legado. E admito que havia ainda outra coisa passando pela minha cabeça: "Eu também estou ficando mais velha. Minha saúde não é das melhores. Será que essas pessoas vão me descartar também?". "Sei que sou chegada a Dewey", disse ao conselho. "Sei que atravessei um ano difícil, com a morte da minha mãe e com minha saúde, e que vocês estão tentando me proteger. Porém eu não preciso de proteção." Parei. Não era nada disso o que eu estava querendo dizer. "Talvez vocês achem que eu amo Dewey demais", recomecei. "Talvez achem que meu amor tolde meu julgamento. Mas confiem em mim. Eu saberei quando for a hora. Tive animais a minha vida inteira. Sacrifiquei-os. É difícil, mas consigo fazê-lo. A última coisa que quero, a última coisa mesmo, é que Dewey sofra." Uma reunião de conselho pode ser um trem de carga, e aquele me jogou para fora da estrada como se eu fosse uma vaca. Alguém sugeriu um comitê para tomar decisões a respeito do futuro de Dewey. Eu sabia que as pessoas naquele comitê estariam bem intencionadas. Sabia que encarariam seriamente a tarefa delas e fariam o que achassem melhor. No entanto, eu não podia deixar que isso acontecesse. Simplesmente não podia. O conselho estava discutindo quantas pessoas deveriam fazer parte desse Comitê de Vigilância da Morte de Dewey quando um membro, Sue Hitchcock, falou: "Isso é ridículo. Não acredito que estejamos discutindo isso. Vicki está na biblioteca há vinte e cinco anos. Ela tem Dewey há dezenove anos. Ela sabe o que está fazendo. Devíamos todos confiar no julgamento de Vicki". Graças a Deus por Sue Hitchcock. Assim que ela falou, o trem descarrilou e o conselho recuou. ―É, é...‖, murmuraram. "Você tem razão... É muito cedo... Se a condição dele piorar..."
Eu estava arrasada. Doeu-me fundo que essas pessoas chegassem até a sugerir que tirassem Dewey de mim. E elas poderiam tê-lo feito. Tinham o poder para isso. Mas não tiraram. De algum modo, eu saíra vitoriosa: por Dewey pela biblioteca, pela cidade. Por mim.
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