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estiver precisando de mim, e eu não consigo encontrá-lo? Eu o estarei deixando na<br />

mão". Eu sabia que ele não estava morto. Era tão saudável. E eu sabia que não tinha<br />

fugido. Porém a idéia continuou rondando...<br />

No dia seguinte, ele não estava me esperando à porta da frente. Entrei. O lugar<br />

parecia morto. Um terror frio passou pela minha espinha, embora lá fora estivesse<br />

fazendo trinta e dois graus. Eu sabia que algo estava errado.<br />

Ordenei ao pessoal: "Procurem por toda parte".<br />

Examinamos cada canto. Abrimos cada armário e gaveta. Puxamos os livros das<br />

prateleiras. Alguns deles estavam afastados poucos centímetros da parede - Dewey<br />

poderia ter andado, fazendo suas rondas, caído e ficado preso. Falta de jeito não fazia o<br />

gênero dele, contudo, numa emergência, você checa todas as possibilidades.<br />

O zelador da noite! A idéia me bateu como uma pedrada - peguei o telefone.<br />

"Oi, Virgil. É Vicki, da biblioteca. Você viu Dewey ontem à noite?"<br />

"Quem?"<br />

"Dewey, o gato."<br />

"Não, não o vi."<br />

"Será que ele comeu alguma coisa que lhe fez mal? Produto de limpeza, talvez?"<br />

Ele hesitou. "Acho que não."<br />

Eu não queria perguntar, mas devia: 'Você por acaso costuma deixar alguma<br />

porta aberta?".<br />

Ele realmente hesitou dessa vez. "Eu prendo a porta de trás com um calço<br />

quando levo o lixo para a caçamba."<br />

"Durante quanto tempo?''<br />

"Uns cinco minutos."<br />

"Você a deixou aberta ontem à noite?"<br />

"Eu a deixo todas as noites."<br />

Senti um frio na barriga. Foi isso. Dewey jamais fugiria por uma porta aberta,<br />

mas se ele tivesse algumas semanas para pensar a respeito, dar uma espiadela para fora,<br />

cheirar o ar...<br />

"Você acha que ele fugiu?", perguntou Virgil.<br />

"Acho que sim, Virgil."<br />

Dei a notícia ao pessoal. Informação, qualquer informação, era boa para os<br />

nossos espíritos. Estabelecemos turnos: duas pessoas ficariam cobrindo o serviço na<br />

biblioteca enquanto o resto procurava Dewey. Os usuários habituais conseguiam<br />

perceber que algo estava errado. "Cadê Dewey?" passou de uma pergunta inocente para<br />

uma expressão de preocupação. Continuávamos a dizer à maior parte dos<br />

freqüentadores que não havia nada de errado, porém puxávamos os mais habituais de<br />

lado e contávamos que Dew tinha sumido. Logo, uma dúzia de pessoas palmilhava as<br />

calçadas. ―Veja todas essas pessoas. Perceba todo esse amor. Agora vamos encontrálo!",<br />

repetia para mim mesma.<br />

Eu estava enganada.<br />

Passei minha hora de almoço caminhando pelas ruas, procurando meu bebê. Ele<br />

estava tão abrigado na biblioteca. Ele não era um lutador. Era enjoado para comer.<br />

Como ele ia sobreviver?<br />

Por meio da bondade de estranhos, é claro. Dewey confiava nas pessoas. Ele não<br />

hesitaria em pedir ajuda.<br />

Dei uma passada no senhor Fonley, da floricultura Fonley Flowers, que tinha<br />

uma entrada dos fundos para o beco atrás da biblioteca. Ele não vira Dewey. Rick<br />

Krebsbach, no estúdio fotográfico, também não. Liguei para todos os veterinários da<br />

cidade. Como não tínhamos um abrigo para animais, seria um lugar para onde alguém

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