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Quando você for ao centro, talvez para um doce na padaria Carroll Bakery ou<br />
para fazer compras na The Hen House, provavelmente não notará as fachadas de lojas<br />
baixas e as longas linhas puras. Ao contrário, vai estacionar ao longo da Grand Avenue<br />
e caminhar sob as grandes marquises chatas e em frente às vitrines de vidro. Perceberá<br />
os postes de luz de metal da rua e as incrustações de tijolo nas calçadas, o jeito como as<br />
lojas parecem fluir umas depois das outras, e vai pensar com seus botões: "Gosto daqui.<br />
Eis um centro de cidade que funciona".<br />
O nosso centro é o legado do incêndio de 1931, mas é também o legado da crise<br />
agrícola dos anos 1980. Quando os tempos estão difíceis, ou se juntam as forças ou se<br />
desmorona. Isso vale para famílias, cidades e até pessoas. No final dos anos 1980,<br />
Spencer mais uma vez juntou suas forças. E, mais uma vez, a transformação ocorreu de<br />
dentro para fora, quando os comerciantes da Grand Avenue, muitos em lojas<br />
administradas por seus avôs em 1931, decidiram que poderiam tornar a cidade melhor.<br />
Contrataram um administrador de empresas para o corredor varejista do centro inteiro<br />
da cidade, fizeram melhorias na infra-estrutura e investiram gastos pesados em<br />
publicidade, mesmo quando parecia já não haver dinheiro algum sobrando para a<br />
comunidade gastar.<br />
Lentamente, as rodas do progresso começaram a girar. Um grupo local comprou<br />
e começou a restaurar o The Hotel, o maior prédio e o mais antigo legado histórico na<br />
cidade. O edifício decadente era uma visão horrorosa e um escoadouro da energia e da<br />
boa vontade coletivas. Agora, passou a ser uma fonte de orgulho, uma promessa de dias<br />
melhores. Ao longo da parte comercial da Grand Avenue, os lojistas pagaram por novas<br />
vitrines, melhores calçadas e distrações para as noites de verão. Eles realmente<br />
acreditavam que os melhores dias para Spencer estavam por vir e, quando os visitantes<br />
vinham ao centro, ouviam música e caminhavam em calçadas novas, também<br />
acreditavam nisso. Como não fosse suficiente, na extremidade sul do centro da cidade,<br />
logo depois da Third Street, havia uma biblioteca bem arrumada, acolhedora, recémreformada.<br />
Pelo menos, esse era o meu plano. Assim que fui nomeada diretora em 1987,<br />
comecei a pressionar para conseguir dinheiro a fim de reformar a biblioteca. Não havia<br />
um administrador da cidade, e até o prefeito era um cargo de período parcial, um posto<br />
em grande parte cerimonial. O conselho municipal tomava todas as decisões. Então, foi<br />
ao conselho que me dirigi... Outra vez, outra vez e outra vez.<br />
O conselho municipal de Spencer era uma clássica rede de velhotes, uma<br />
extensão dos mediadores políticos que se reuniam no Sister's Café. O Sister's ficava a<br />
apenas seis metros de distância da biblioteca, mas não acredito que um único membro<br />
daquele grupo já tenha pisado em nosso prédio. É claro, eu nunca freqüentara o Sister's<br />
Café, então o problema era recíproco.<br />
"Dinheiro para a biblioteca? Para quê? Precisamos de mais empregos, não de<br />
livros."<br />
"A biblioteca não é um armazém", afirmei ao conselho. "É um centro<br />
comunitário vital. Temos recursos de localização de empregos, salas de reunião,<br />
computadores."<br />
"Computadores! Quanto estamos gastando em computadores?"<br />
Era sempre esse o perigo. Comece a pedir dinheiro e, mais cedo ou mais tarde,<br />
alguém vai dizer: "Para que uma biblioteca quer dinheiro, afinal? Vocês já têm livros<br />
suficientes".<br />
Eu disse a eles: "Estradas recém-pavimentadas são legais, porém não levantam o<br />
ânimo da nossa comunidade. Pelo menos não como uma biblioteca calorosa, simpática e