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No início, o tratamento Dewey encontrou resistência, especialmente de grupos<br />

de negócios e de políticos que muitas vezes se reuniam no Salão Redondo. Entretanto,<br />

passados alguns meses, até os vendedores tratavam isso como um destaque. O grupo de<br />

genealogia lidava com o tratamento quase como um jogo, já que cada mês Dewey<br />

escolhia uma pessoa diferente com quem passar a reunião. Eles riam e tentavam atraí-lo<br />

para seus colos, quase igual às crianças na "Hora da história".<br />

"Dewey anda confuso esses dias", eu disse ao grupo. "Desde que Tony começou<br />

a pintar a biblioteca, ele tem saído da rotina. Mas tenho certeza de que assim que ele<br />

notar que vocês estão aqui... "<br />

Como se isso fosse uma deixa, Dewey entrou na sala, pulou para cima da mesa e<br />

começou suas rondas.<br />

"Me avisem se precisarem de algo", falei, voltando para a parte principal da<br />

biblioteca. Ninguém disse nada. Todos estavam muito ocupados, focalizados em<br />

Dewey. "Não é justo, Esther", ouvi, enquanto o som da reunião desaparecia à distância.<br />

"Você deve ter um atum no bolso!"<br />

Quando Tony acabou de pintar, depois de três semanas, Dewey era outro gato.<br />

Talvez ele pensasse mesmo que era "O Duque", porque já não estava mais satisfeito só<br />

com sonecas e colos. Ele queria explorar. E subir. E, mais importante, explorar novos<br />

lugares onde subir. Chamávamos isso de fase Edmund Hillary de Dewey, em<br />

homenagem ao famoso alpinista. Dew não queria parar de subir enquanto não atingisse<br />

o topo de seu Everest pessoal, o que conseguiu fazer em menos de um mês.<br />

"Algum sinal de Dewey esta manhã?", perguntei a Audrey Wheeler, que<br />

trabalhava na mesa de circulação. "Ele não apareceu para o café-da-manhã."<br />

"Não o vi."<br />

"Diga-me, se o vir. Quero ter certeza de que não está doente."<br />

Cinco minutos mais tarde, escutei Audrey pronunciar o que em nosso meio era<br />

uma surpreendente blasfêmia: "Ai, minha nossa!".<br />

Ela estava de pé no meio da biblioteca, olhando diretamente para cima. Lá, sobre<br />

as luminárias, olhando diretamente para baixo, estava Dewey.<br />

Ao perceber que olhávamos para ele, o gato puxou a cabeça para trás.<br />

Instantaneamente ficou invisível. Enquanto olhávamos, a cabeça de Dewey reapareceu<br />

alguns metros além, sobre as lâmpadas. Aí desapareceu outra vez para reaparecer alguns<br />

metros adiante. As lâmpadas corriam em faixas de trinta metros de comprimento e ele<br />

claramente estava lá há horas, nos observando.<br />

"Como vamos fazer para ele descer?"<br />

"Talvez devamos ligar para a municipalidade", sugeriu alguém. "Eles mandam<br />

alguém com uma escada."<br />

"Deixem ele lá", falei. "Ele não fará nada de mal e vai acabar tendo de descer<br />

para comer."<br />

Uma hora depois, Dewey entrou trotando em meu escritório, lambendo a boca<br />

depois de um café-da-manhã tardio, e pulou em meu colo para um afago. Era<br />

perceptível que ele estava animado com o novo jogo, mas não queria exagerar. Eu sabia<br />

que estava ele morrendo de vontade de perguntar...<br />

O que você acha dessa façanha?<br />

"Não vou nem falar nisso, Dewey."<br />

Ele me olhou de banda.<br />

"Estou falando sério."<br />

Então está bem, vou tirar uma soneca. Foi uma manhã emocionante, sabe?<br />

Eu perguntei a todos e realmente ninguém o vira descer. Foram algumas<br />

semanas de observação constante para descobrir o método dele. Primeiro, Dewey

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