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para dizer-nos que estava contando a todo mundo em Nova York sobre sua maravilhosa<br />

cidade natal e seu amado gato de biblioteca.<br />

Ele não foi o único. Tínhamos três a quatro pessoas por semana que vinham à<br />

biblioteca para ver Dewey.<br />

"Estamos aqui para ver o famoso gato", diria um homem mais velho,<br />

aproximando-se do balcão.<br />

"Ele está dormindo lá atrás. Vou buscá-lo."<br />

"Obrigado", ele respondeu, fazendo menção a uma mulher mais nova, com uma<br />

garotinha loura que se escondia atrás da perna dela. "Eu queria que minha neta Lydia o<br />

conhecesse. Ela é de Kentucky."<br />

Quando Lydia viu Dewey, sorriu e olhou para o avô, como se pedisse licença.<br />

"Vá, queridinha. Dewey não morde." A menina estendeu a mão, hesitante, para Dew.<br />

Dois minutos depois, ela estava espichada no chão, afagando-o.<br />

"Viu?", o avô disse à mãe da menininha. "Eu disse que a viagem valeria a pena."<br />

Supus que ele se referia a Dewey ou à biblioteca, mas suspeitei que estava se referindo a<br />

algo mais.<br />

Um pouco depois, enquanto a mãe afagava Dewey com a filha, o avô chegou-se<br />

a mim e disse: "Muito obrigado por ter adotado Dewey". Parecia querer falar algo mais,<br />

porém acho que nós dois tínhamos compreendido que ele já dissera o suficiente.<br />

Passados trinta minutos, quando estavam saindo, escutei a moça dizer ao homem mais<br />

velho: "Você tinha razão, papai. Foi ótimo. Pena que não viemos antes". "Não se<br />

preocupe, mamãe", disse a garotinha. "Vamos vê-lo no ano que vem também."<br />

Orgulho. Confiança. Segurança de que esse gato, essa biblioteca, essa<br />

experiência, talvez até essa cidade fossem realmente especiais. Dewey não ficara mais<br />

bonito ou simpático depois do artigo na Country — na verdade, a fama nunca o atingiu.<br />

Tudo o que ele sempre quis foi um lugar quentinho onde tirar uma soneca, uma lata<br />

fresca de comida, amor e atenção de qualquer pessoa que pusesse os pés na Biblioteca<br />

Pública de Spencer. Mas, ao mesmo tempo, Dewey tinha mudado porque agora as<br />

pessoas o viam de um modo diferente.<br />

A prova? Antes do artigo na Country, ninguém tinha assumido a culpa de jogar o<br />

pobre Dewey dentro da caixa de devolução. Todo mundo sabia da história, porém<br />

ninguém havia confessado. Depois que Dewey chegou à mídia, onze pessoas vieram a<br />

mim confidencialmente e juraram pelo túmulo da mãe (ou pelos olhos da mãe, se ela<br />

estivesse viva) que tinham empurrado Dew por aquela calha abaixo. Elas não estavam<br />

assumindo a culpa, e, sim, reivindicando crédito. "Eu tinha certeza de que ia dar certo",<br />

diziam.<br />

Onze pessoas! Dá para acreditar? Deve ter sido um bando muito doido de<br />

salvadores de gatos vira-latas.<br />

A ROTINA DIÁRIA<br />

TAL COMO DESENVOLVIDA por Dewey Readmore Books logo depois de sua lamentável<br />

travessura fora da Biblioteca Pública de Spencer e seguida pelo resto de sua vida.<br />

7H30. MAMÃE CHEGA. Exigir comida, mas não ficar muito impaciente. Observar<br />

tudo o que ela fizer. Seguir colado aos seus calcanhares. Fazer com que ela se sinta<br />

especial.<br />

8 HORAS. CHEGADA DO PESSOAL. Passar uma hora conferindo cada um.<br />

Descobrir quem não está legal e dar-lhe a honra de me afagar o quanto quiser. Ou até...

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