Filósofos Brasileiros - Curso Independente de Filosofia
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da<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se radicou posteriormente, publicou apenas um folheto: "<strong>Filosofia</strong> e Teologia"<br />
que continha uma polêmica em torno do positivismo.<br />
Republicano, como todos os positivistas, foi membro da Constituinte e do primeiro<br />
Senado brasileiro. Desiludido com as realida<strong>de</strong>s da República, que não correspondiam<br />
ao que tinha esperado, <strong>de</strong>sapareceu do cenário político, passando às fileiras da<br />
oposição. Saiu do seu retiro para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a candidatura <strong>de</strong> Ruy Barbosa à Presidência<br />
da República. A partir <strong>de</strong> então, em política, não passou <strong>de</strong> um "opositor passivo", como<br />
disse o Senador Carlos Botelho num discurso pronunciado no Senado brasileiro, quando<br />
propôs que lhe erigissem uma estátua em São Paulo.<br />
Pereira Barreto fez parte da primeira socieda<strong>de</strong> positivista do Brasil, mas foi excluído<br />
da Igreja fundada por Miguel Lemos, "pelos seus <strong>de</strong>ploráveis erros con<strong>de</strong>nados<br />
pela direção oficial do positivismo". Isso significa que Pereira Barreto seguiu as doutrinas<br />
<strong>de</strong> Comte unicamente em seu aspecto filosófico, sem aceitar as teorias religiosas<br />
que Comte formulou já nos últimos anos <strong>de</strong> vida, criando o culto do "Gran<strong>de</strong> Ser" ou <strong>de</strong><br />
"Deus Humanida<strong>de</strong>".<br />
Pereira Barreto adotou a lei <strong>de</strong> Comte sobre os três estados do espírito humano,<br />
como base para sua exposição do positivismo. Sua obra como já dissemos estava <strong>de</strong>stinada<br />
a estudar em três volumes esses estados, que ele chamava "filosofias", mas só chegou<br />
a escrever dois.<br />
No primeiro volume, consagrado ao estudo das diferentes formas da mentalida<strong>de</strong><br />
teológica, analisava sucessivamente as tendências animistas que existem no homem e<br />
que geram o fetichismo, o politeísmo e as diferentes formas da religião.<br />
Com relação ao Catolicismo fazia extensas consi<strong>de</strong>rações mostrando sua importância<br />
na história da humanida<strong>de</strong>. "A filosofia positivista, dizia, assinala a favor do catolicismo<br />
muitos séculos <strong>de</strong> valorosos serviços; mas com a mesma imparcialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra<br />
que o seu papel social terminou no século XIV e que nos tempos mo<strong>de</strong>rnos não<br />
passa <strong>de</strong> um elemento perturbador e subversivo."<br />
Pereira Barreto também aplicava a lei dos três estados à vida individual, fazendo<br />
o paralelo entre a infância, a juventu<strong>de</strong> e a maturida<strong>de</strong> e os estados teológico, metafísico<br />
e positivo. E advertia que "qualquer que seja o grau <strong>de</strong> evolução alcançado pelo espírito,<br />
o homem está sujeito a volver para uma das fases prece<strong>de</strong>ntes". Para confirmar essa<br />
observação referia-se a Sócrates e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> falar dos seus êxtases, <strong>de</strong> sua analgesia, do<br />
seu <strong>de</strong>mônio, <strong>de</strong>clarava que sofria <strong>de</strong> "uma grave perturbação cerebral". Reconhecia a<br />
genialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pascal em matéria científica, porém, em filosofia o consi<strong>de</strong>rava um alucinado.<br />
O segundo volume continha o estudo da filosofia metafísica, que Pereira Barreto<br />
apresentava como uma etapa passageira do espírito humano que saindo do estado teológico,<br />
ainda não tinha conseguido chegar ao positivismo. "A metafísica no fundo, dizia,<br />
não é senão uma espécie <strong>de</strong> teologia gradualmente enervada por simplificações dissolventes,<br />
que lhe privam do po<strong>de</strong>r direto <strong>de</strong> impedir a expansão especial das concepções<br />
positivistas." "Obe<strong>de</strong>cendo a essa natureza contraditória, o regime metafísico encontrase<br />
constantemente colocado diante <strong>de</strong> uma alternativa difícil <strong>de</strong> ten<strong>de</strong>r a uma vã restauração<br />
do estado teológico para satisfazer às condições <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, e <strong>de</strong> ir para uma situação<br />
puramente negativa para escapar do domínio opressivo da teologia."<br />
Em seguida, Pereira Barreto passava em revista às diferentes manifestações do<br />
espírito metafísico: o <strong>de</strong>ismo, o espiritualismo, o panteísmo, o materialismo, o ateísmo e<br />
o ecletismo.<br />
O livro termina com a seguinte profissão <strong>de</strong> fé "A ciência domou a matéria, aniquilou<br />
o tempo e matou a dor. Entronizemos igualmente e quanto antes esse novo po<strong>de</strong>r<br />
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