Filósofos Brasileiros - Curso Independente de Filosofia

FILÓSOFOS ATUAIS
As grandes correntes do pensamento europeu não deixaram de agitar a consciência
do Brasil contemporâneo. O marxismo, o fascismo, as teorias de Freud e de Spengler,
as doutrinas espíritas e teosóficas tiveram uma ampla difusão nestes últimos vinte
anos.
O marxismo começou a propagar-se no Brasil depois da Guerra de 1914. Jackson
de Figueiredo escreveu em 1919: "O mal-estar que há meio século envolve as sociedades
européias já se transplantou ao Brasil. São Paulo está hoje minado pelo marxismo".
Naquela época o marxismo já motivara uma tentativa revolucionária. Em 1935
provocou outro movimento, que foi energicamente reprimido no país. O marxismo que
havia penetrado nos círculos universitários e cujas publicações eram traduzidas e distribuídas
profusamente por quase todas as editoras, está desde então fora lei.
Além dessa influência política, o materialismo histórico vem desempenhando,
no terreno das ciências históricas e sociais, importante papel.
A interpretação da vida social que o positivismo introduziu no Brasil, com uma
valorização excessiva dos fatores culturais, foi substituída por uma necessidade de investigação
mais profunda, dos fatores econômicos que condicionam a vida humana.
Essas concepções refletiram-se na literatura, criando uma espécie de consciência
individual de responsabilidade no processo da vida coletiva a qual foi transformada no
centro de interesse intelectual e estético e em personagem dos dramas e das tragédias
humanas. Sob essa influência surgiu o novo romance brasileiro que busca um realismo
socio-econômico e que aspira tornar-se documentário antes que pura obra de arte, segundo
declaração dos próprios autores.
A filosofia fascista, com suas afirmações darwinianas e nietzscheanas sobre vontade
de potência e sua encarnação na vontade do Estado, não chegou a atuar tão profundamente,
como o materialismo histórico. Entretanto também surgiu no Brasil um partido
do tipo fascista, com a denominação de integralismo, que teve como modelo para sua
organização o exemplo europeu, orientando sua ideologia nacionalista dentro das tradições
cristãs brasileiras.
Da filosofia de Oswaldo Spengler, causaram impressão as concepções referentes
à natureza das culturas consideradas como expressões vivas de determinados grupos
históricos, completamente independentes entre si, e, principalmente, suas afirmações de
que toda cultura nasce, desenvolve-se e morre como os indivíduos. As doutrinas spenglerianas,
anunciando a decadência da cultura ocidental robusteceram a fé num futuro
predomínio dos povos latino-americanos no mundo.
As doutrinas de Freud tiveram no Brasil, como em toda parte, uma entusiasta
acolhida. Sua influência se fez sentir em toda a produção literária dos últimos tempos.
Referindo-se aos excessos a que chegou, escreveu Arthur Ramos: "É tempo de que reintegremos
a psico-análise no seu verdadeiro lugar, no Brasil. É preciso evitar que tenha o
destino da frenologia ou de qualquer coisa para-científica. Ou, o que seria pior: que se
transforme em misticismo ou magia. É preciso reinterpretar esse método de observação
que pode ser suscetível de correção nos seus detalhes, mas que permanece fundamental
para a sondagem profunda do espírito humano".
O espiritismo, é também um movimento que se estendeu muito no Brasil. Em
1917, já Nestor Victor observava no seu livro sobre Farias Brito: "Pode-se dizer que o
espiritismo não apenas se propaga, mas corre como o fogo num rastilho de pólvora por
todo o país, dia a dia, desde o advento da república. Os contagiados pelo espiritismo são
contados aos milhões, hoje em dia". Para a difusão do espiritismo no Brasil contribuiu o
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