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os painéis de azulejo da estação de s. bento - Repositório Aberto da ...

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enquadrament<strong>os</strong> que propõe, utilização <strong>de</strong> gra<strong>da</strong>ções e transparências <strong>de</strong> «azuis-<br />

cobalt<strong>os</strong>», como na tipologia <strong>de</strong> cercaduras que utiliza.<br />

Uma característica que distingue o seu trabalho é a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

transparência <strong>de</strong> azuis quase <strong>de</strong> aguarela e a construção académica do <strong>de</strong>senho. Estes<br />

aspect<strong>os</strong> pren<strong>de</strong>m-se com a formação e círculo cultural do pintor, e, do ponto <strong>de</strong> vista<br />

técnico, com o facto <strong>de</strong> Colaço encarar a matéria cerâmica apenas como suporte<br />

bidimensional <strong>de</strong> pintura, ao contrário <strong>de</strong> Bor<strong>da</strong>lo, <strong>de</strong> formação escultórica, que encara<br />

a azulejaria como pertencente ao mundo matérico <strong>da</strong> faiança, dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

carácter e <strong>de</strong> uma «ver<strong>da</strong><strong>de</strong>» própria. Criticado por pintar sobre <strong>azulejo</strong> já vidrado,<br />

respon<strong>de</strong> no artigo citado que assim não fica sujeito a «surpresas» que a cozedura <strong>de</strong><br />

pintura sob o esmalte po<strong>de</strong> trazer e explica o seu método como uma inovação técnica.<br />

Jorge Colaço foi um pintor-<strong>de</strong>corador: trabalha sobre azulejaria porque encontra<br />

aí ec<strong>os</strong> <strong>da</strong> sua infância e espaç<strong>os</strong> <strong>de</strong> afirmação própria, bem como d<strong>os</strong> valores<br />

nacionalistas ou <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> impressionante <strong>de</strong><br />

obras <strong>de</strong> vulto realiza<strong>da</strong>s e mesmo <strong>de</strong> encomen<strong>da</strong>s particulares que por muito dispersas<br />

não referim<strong>os</strong>, prova a aceitação do seu trabalho, fruto também d<strong>os</strong> círcul<strong>os</strong> sociais<br />

on<strong>de</strong> se movimenta (lembre-se a propósito do seu casamento com Branca <strong>de</strong> Gonta<br />

Colaço, escritora <strong>de</strong> memórias <strong>de</strong> Estoril e Cascais). A <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> «Porque me <strong>de</strong>cidi<br />

pintar como pinto» explica claramente uma obra-espelho <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa e<br />

conservadora que lhe encomen<strong>da</strong> <strong>os</strong> <strong>painéis</strong> <strong>de</strong> azulej<strong>os</strong>.<br />

“Quanto à <strong>de</strong>dicação à azulejaria explica o autor num texto <strong>da</strong><br />

Cerâmica e Edificação - «Porque me <strong>de</strong>cidi pintar como pinto» - que foi «…<br />

por predilecção que só p<strong>os</strong>so atribuir a influências atávicas <strong>da</strong>s terras <strong>de</strong> moiras<br />

on<strong>de</strong> nasci […] Predilecção adormeci<strong>da</strong> em Paris […] mas uma vez em<br />

Portugal não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> acor<strong>da</strong>r […] perante as form<strong>os</strong>íssimas tradições <strong>de</strong><br />

uma arte que, embora importa<strong>da</strong>, soube ganhar for<strong>os</strong> <strong>de</strong> arte nacional»; quanto<br />

a<strong>os</strong> seus temas revela a natural paixão <strong>de</strong> qualquer ci<strong>da</strong>dão por assunt<strong>os</strong> do seu<br />

país não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> afirmar: «Neste tempo <strong>de</strong> brumas o Nacionalismo á<br />

atm<strong>os</strong>fera salvadora…» (Colaço, 1933). 72<br />

72 PEREIRA, Paulo – História <strong>da</strong> Arte Portuguesa, pp. 55-56.<br />

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