os painéis de azulejo da estação de s. bento - Repositório Aberto da ...
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Apesar <strong>de</strong> coincidir com uma cena interior, Jorge Colaço brin<strong>da</strong>-n<strong>os</strong> com um<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comp<strong>os</strong>ição dispondo plan<strong>os</strong> sucessiv<strong>os</strong> que se prolongam para o<br />
exterior através <strong>da</strong> abertura <strong>de</strong> três arc<strong>os</strong>. Pese, embora, o número elevado <strong>de</strong><br />
personagens presentes, a atenção centra-se nas duas figuras do rei e <strong>de</strong> Egas<br />
Moniz, separad<strong>os</strong> por uma distância protocolar, mas unid<strong>os</strong> pela troca fixa <strong>de</strong><br />
olhares. O rei apresenta-se sentado no seu trono, numa p<strong>os</strong>ição ligeiramente<br />
diagonal, com as insígnias do po<strong>de</strong>r real: a coroa e a espa<strong>da</strong>. Egas Moniz, <strong>de</strong><br />
pés <strong>de</strong>scalç<strong>os</strong> e com uma cor<strong>da</strong> ao pescoço, estando acompanhado pel<strong>os</strong><br />
membr<strong>os</strong> <strong>da</strong> sua família, m<strong>os</strong>tra-se reverente, oferecendo a vi<strong>da</strong> como preço do<br />
seu perjúrio. Se aludim<strong>os</strong> à forma exemplar <strong>da</strong> comp<strong>os</strong>ição, não po<strong>de</strong>m<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> realçar o bom tratamento <strong>da</strong> cor, em gra<strong>da</strong>ções sucessivas, e o<br />
extraordinário domínio <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> luz, importante numa cena <strong>de</strong> interior,<br />
e a aplicação <strong>da</strong> perspectiva através <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong>s três janelas». 81<br />
4.4.3. Casamento <strong>de</strong> D. João I com Dona Filipa <strong>de</strong> Lencastre<br />
À direita <strong>de</strong> quem entra, num d<strong>os</strong> mur<strong>os</strong> mais estreit<strong>os</strong> do vestíbulo do lado <strong>da</strong><br />
Rua do Loureiro, Jorge Colaço representou na parte superior o Casamento <strong>de</strong> D. João I<br />
com Dona Filipa <strong>de</strong> Lencastre.<br />
Não podia ser <strong>de</strong> outra nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a não ser inglesa a futura mulher <strong>de</strong> D.<br />
João I. Tanto Castela como <strong>os</strong> <strong>de</strong>mais rein<strong>os</strong> peninsulares não se <strong>os</strong>tentavam como<br />
aliad<strong>os</strong> segur<strong>os</strong>. Para além d<strong>os</strong> Pirenéus, <strong>os</strong> equilíbri<strong>os</strong> eram ain<strong>da</strong> mais volúveis,<br />
<strong>de</strong>correndo a Guerra d<strong>os</strong> Cem An<strong>os</strong>. Um matrimónio real era uma aliança que no geral<br />
confirmava anteriores relações ou tratad<strong>os</strong> <strong>de</strong> Paz. Nele se uniam famílias e se fundiam<br />
patrimóni<strong>os</strong> e, <strong>de</strong>sta união, ain<strong>da</strong> mais importante do que qualquer outra, esperavam-se<br />
uma varonil e frutu<strong>os</strong>a <strong>de</strong>scendência que, consequentemente, seriam <strong>os</strong> her<strong>de</strong>ir<strong>os</strong> do<br />
trono.<br />
As estreitas relações entre Portugal e a Inglaterra, envolvendo a questão<br />
castelhana, tinham origens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> do reinado <strong>de</strong> D. Fernando. E tendo João <strong>de</strong> Gand<br />
duque <strong>de</strong> Lencastre e D. João I invadido Castela em 1387. 82<br />
81 MARTINS, Fausto Sanches - Azulejaria portuense: história e iconografia, pp. 96-97.<br />
82 COELHO, Maria Helena <strong>da</strong> Cruz - D. João I : o que re-colheu Boa Memória. Mem Martins :<br />
Círculo <strong>de</strong> Leitores, 2005, pág. 112.<br />
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