os painéis de azulejo da estação de s. bento - Repositório Aberto da ...
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Em 1415 organizou no Porto a frota que transportaria as “forças do Norte” para<br />
a conquista <strong>de</strong> Ceuta, sob a divisa “Talent <strong>de</strong> bien faire”, e domina a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ceuta,<br />
entrando vitori<strong>os</strong>o pela porta <strong>da</strong> Almina. Premiando-o por tal feito e pela <strong>de</strong>monstração<br />
<strong>de</strong> tanta valentia, o pai armou-o cavaleiro na mesquita mourisca. 88<br />
Regressado a Portugal, recebeu o título Senhor <strong>de</strong> Viseu e <strong>da</strong> Covilhã. Dias<br />
<strong>de</strong>pois, foi nomeado administrador e governador <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo. Em segui<strong>da</strong>,<br />
lançou-se na tarefa <strong>da</strong> expansão ultramarina.<br />
Recolheu-se em Sagres. Trabalharam e colaboram com ele muit<strong>os</strong> portugueses e<br />
alguns estrangeir<strong>os</strong> na obra expansionista, caracteriza<strong>da</strong> pelo inegável sonho <strong>de</strong> querer<br />
tornar Portugal um reino ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente soberano na história do Mundo.<br />
O Infante D. Henrique não foi um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro marinheiro nem técnico <strong>de</strong><br />
navegação. No entanto, soube entusiasmar, organizar e persistir com aqueles que<br />
executaram as heróicas tarefas <strong>de</strong> intenção magnificente<br />
Os Portugueses <strong>de</strong>vem ao infante D. Henrique a afortuna<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>os</strong> libertar <strong>da</strong><br />
“lei <strong>da</strong> morte”, transformando um “povo bisonho <strong>de</strong> lavradores” n<strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> mundiais <strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> “mares nunca d’ antes navegad<strong>os</strong>” (Camões). 89<br />
Na <strong>de</strong>scrição do painel usam<strong>os</strong> as palavras <strong>de</strong> Fausto Martins:<br />
«Jorge Colaço utiliza as linhas diagonais para imprimir movimento à<br />
comp<strong>os</strong>ição, em contraste com a p<strong>os</strong>ição vertical e dominadora que configura a<br />
presença do infante. D. Henrique, natural do Porto, tendo a seus pés um<br />
adversário com uma ban<strong>de</strong>ira caí<strong>da</strong>, em contraponto com a ban<strong>de</strong>ira <strong>da</strong>s quinas<br />
<strong>de</strong>sfral<strong>da</strong><strong>da</strong>, símbolo <strong>da</strong> vitória. De realçar, ain<strong>da</strong>, o cui<strong>da</strong>do do artista em<br />
marcar as diferenças entre <strong>os</strong> dois exércit<strong>os</strong>, quer através <strong>da</strong>s vestes, quer pel<strong>os</strong><br />
símbol<strong>os</strong> heráldic<strong>os</strong> <strong>da</strong>s ban<strong>de</strong>iras, quinas e crescentes, sem esquecer o<br />
pormenor <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> local <strong>da</strong> paisagem marroquina com as adobes e as<br />
palmeiras. Revela, uma vez mais, o g<strong>os</strong>to <strong>da</strong>s representações, <strong>de</strong> tal forma que o<br />
cavalo morto, no primeiro plano, evoca, necessariamente, a Batalha <strong>de</strong> São<br />
Romano <strong>de</strong> Paolo Ucello». 90<br />
88 D´ARA, Maria <strong>da</strong> Conceição cabeças – Porto Monumental e artístico (Património <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />
Porto: Porto Editora, pp. 104-105.<br />
89 Ibi<strong>de</strong>m, pág. 105.<br />
90 MARTINS, Fausto Sanches - Azulejaria portuense: história e iconografia, pág. 97.<br />
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