os painéis de azulejo da estação de s. bento - Repositório Aberto da ...
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4.1. Enquadramento Histórico<br />
Ao tempo havia sido aplicado na Escola Médica <strong>de</strong> Lisboa (1903) a<br />
ornamentação <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s interiores com retábul<strong>os</strong> <strong>de</strong> azulej<strong>os</strong>, em que o distinto pintor<br />
Jorge Colaço afirmava com crescente notorie<strong>da</strong><strong>de</strong> a fecundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu talento e a<br />
varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s suas aptidões artísticas. Pouco a pouco se aproximara nas suas obras do<br />
tom inimitável d<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> antig<strong>os</strong> azulej<strong>os</strong> que dão um encanto in<strong>de</strong>finível às<br />
edificações do século XVIII. No gran<strong>de</strong> Hotel do Buçaco (1904) mais se afirmavam <strong>os</strong><br />
seus progress<strong>os</strong>.<br />
Ocorreu-me, por isso, em 1905, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fazer do vestíbulo <strong>da</strong> <strong>estação</strong> do Porto<br />
uma obra <strong>de</strong> arte única no seu género, em que to<strong>da</strong>s as superfícies <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s<br />
compreendi<strong>da</strong>s entre as cantarias <strong>os</strong>tentassem sobre azulej<strong>os</strong> artístic<strong>os</strong> form<strong>os</strong>as<br />
paisagens <strong>da</strong> região, quadr<strong>os</strong> pitoresc<strong>os</strong> <strong>de</strong> c<strong>os</strong>tumes populares, fact<strong>os</strong> glori<strong>os</strong><strong>os</strong> <strong>da</strong><br />
história regional, como era próprio o vestíbulo <strong>de</strong> um caminho-<strong>de</strong>-ferro, abun<strong>da</strong>nte<br />
como nenhum em atractiv<strong>os</strong> para o excursionismo. Num gran<strong>de</strong> friso seriam evocad<strong>os</strong><br />
as diferentes fases <strong>da</strong> viação através <strong>da</strong> História. 73<br />
Convi<strong>da</strong>do Jorge Colaço a incarnar esta i<strong>de</strong>ia, apenas esboça<strong>da</strong>, num plano<br />
<strong>de</strong>finido e concreto, foi este apresentado por ele em 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1905 e aprovado em<br />
princípio pelo Conselho <strong>de</strong> administração em 23 <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>to seguinte.<br />
Uma objecção surgia, porém. Tratava-se <strong>de</strong> uma superfície <strong>de</strong> 551 m 2 que, a<strong>os</strong><br />
preç<strong>os</strong> até aí pag<strong>os</strong> custaria 22 cont<strong>os</strong>. Prestava-se o artista a reduzir a 20 cont<strong>os</strong> esse<br />
dispêndio, que po<strong>de</strong>ria parecer <strong>de</strong>sperdício numa <strong>estação</strong>. Seria este, porém, um edifício<br />
monumental, para o qual não era excessiva a acura<strong>da</strong> e original ornamentação do corpo<br />
principal.<br />
Bem cabido era pois um auxílio do Tesouro ao fundo especial pela dotação d<strong>os</strong><br />
serviç<strong>os</strong> públic<strong>os</strong>, equivalente à diferença entre a quantia <strong>de</strong> 7 cont<strong>os</strong>, em que era<br />
estima<strong>da</strong> uma ornamentação mais mo<strong>de</strong>sta, e a <strong>de</strong> 20 cont<strong>os</strong> a <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r.<br />
Tudo era dinheiro do Estado embora saído <strong>de</strong> cofres divers<strong>os</strong>, sendo mais<br />
provável (como saiu) que <strong>os</strong> 13 cont<strong>os</strong> d<strong>os</strong> edifíci<strong>os</strong> se manteriam na região d<strong>os</strong> mit<strong>os</strong>.<br />
Esta inocente convenção surtiu, porém efeito. Pela portaria <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1905<br />
73 SOUSA, J. Fernando <strong>de</strong> - A <strong>estação</strong> <strong>de</strong> Porto – a <strong>estação</strong> <strong>de</strong> S. Bento e <strong>os</strong> seus azulej<strong>os</strong> artístic<strong>os</strong>. 1896-<br />
1916. Boletim <strong>da</strong> CP. Porto. 448: Nº (1966) pág. 17.<br />
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