ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dos atos administrativos, fruto de improbidade administrativa, tal como ocorre<br />
com a ação popular.<br />
MEMORIAL: Aí nasceu, logo em seguida, a Lei da Improbidade<br />
Administrativa.<br />
ENTREVISTADO: É, tem uma outra historinha antes.<br />
Na verdade, o que queríamos é que o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> fosse detentor de<br />
uma ação popular própria, ação popular entre aspas. Para quê? Para que ele<br />
pudesse combater a nulidade dos atos administrativos. Se há uma concorrência<br />
fraudulenta, eu destruo a concorrência; há um ato vinculado de um<br />
Governador que desrespeitou a lei, eu vou anular o ato, está certo? Até aí você<br />
está representando a sociedade. Mas, no momento em que você está<br />
recuperando o dinheiro para o erário público você está representando o Estado,<br />
que é o seu legítimo dono. Não sei como é possível recuperar dinheiro para a<br />
Fazenda – ainda que pela Lei de Improbidade – sem representar o Estado. Aí<br />
alguns acabam dizendo que o erário é interesse difuso; conversa com a qual<br />
não é possível concordar; não é nada, não dá para falar que é porque<br />
juridicamente não é aceitável. Então, essa questão da Lei de Improbidade,<br />
representa, a meu ver, um enorme retrocesso, um retrocesso fantástico. Vão<br />
dizer: “O <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> está agindo, está conseguindo grandes feitos”, o que é<br />
verdade. Mas, realmente, deveria parar na anulação do ato, deixando a<br />
recuperação do dinheiro a cargo dos Procuradores do Estado, dos Procuradores<br />
do Município, dos Advogados da União, que se não o fizessem, aí sim, poderiam<br />
ser processados criminalmente pelo <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, porque aí o <strong>Ministério</strong><br />
<strong>Público</strong> estaria na sua atuação de fazer funcionar o aparelho do Estado, mais<br />
uma vez em nome da sociedade. Agora, essa coisa do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> ir<br />
buscar o dinheiro para entregar para a Fazenda pode até estar funcionando na<br />
prática, mas do ponto de vista institucional-ideológico é um retorno ao passado,<br />
14