ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
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ENTREVISTADO: Fomos plantando aqui e ali os “ganchinhos”, para<br />
“pendurarmos”, depois, a legislação infraconstitucional com atribuição para<br />
nós. Isso também foi parte de uma estratégia. Veja que se o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />
tem que velar pelo regime democrático, todos os fundamentos deste soa<br />
problemas afetos à Instituição. Quanto a questão do Tribunal de Contas há<br />
uma história a respeito, muito engraçada, não fosse trágica. Se você examinar<br />
os primeiros textos constitucionais, vai constar que dentre os diversos<br />
<strong>Ministério</strong>s <strong>Público</strong>s constava o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> junto ao Tribunal de Contas,<br />
ao lado do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> Federal, Eleitoral, do Trabalho etc. O <strong>Ministério</strong><br />
<strong>Público</strong> do Tribunal de Contas estava elencado naquele dispositivo<br />
constitucional e ficou lá uma porção de tempo. Mas, nós sempre queríamos<br />
tirá-lo de lá, porque entendíamos não se justificar um <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> tão<br />
diminuto – o ideal, pensávamos, seria que essa atribuição ficasse para os<br />
diversos <strong>Ministério</strong>s <strong>Público</strong>s Estaduais e para o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> Federal,<br />
este no caso do Tribunal de Contas da União. Realmente, não tem sentido você<br />
criar uma Instituição para seis ou sete pessoas. Bom, chegou o momento em<br />
que conseguimos tirar esse <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> da norma, fazendo ele<br />
desaparecer. Mas esse pessoal tem muita força, uma força fantástica. E eles<br />
eram muito apoiados por aquele movimento chamado “Centrão”. Quando<br />
chegou o momento da votação final, o “Centrão”, que não mais existia<br />
formalmente, mas que ainda atuava muito, exigia a volta do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />
dos Tribunais de Contas. Foi esse um dos motivos que emperraram a votação<br />
do texto por cinco sessões – a mais demorada votação de toda a Constituinte.<br />
Antes de uma dessas sessões o Ibsen apareceu lá no gabinete da liderança do<br />
PMDB, e disse: — “Não vai passar, não vai passar, porque esse negócio do<br />
Tribunal de Contas, vai dar problema, não vai passar, não vai passar, não vai<br />
passar. Então, Araldo, põe essa “porcaria” do Tribunal de Contas, porque nós não<br />
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