ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS

todo o dia um pouco. Quando os promotores acordarem, serão apanhados. Não
saberia dizer nem como e nem quando. Pode ser na política de vencimentos, de
aposentadoria, de garantias ou qualquer outra. Mas a reação virá. Tarda, mas é
inexorável. As poucas vezes que voltei a frequentar os meios políticos - a
Câmara Federal, o Senado, por exemplo - percebi que os políticos somente não
tiram o Ministério Público do texto da Constituição porque não têm condições
políticas para fazerem isso; mas ninguém gosta do Ministério Público. O
Ministério Público se tornou uma Instituição odiada pela classe política. É
odiado em todos os níveis. O Prefeito não gosta, a Câmara não gosta, o
Governador não gosta, a Assembléia não gosta, o Presidente não gosta,
ninguém gosta. Ora, esse arco contrário é muito perigoso e um dia a casa cai.
MEMORIAL: Desde a promulgação como tem sido a mobilização desses
setores contrários? Nós tivemos o episódio de 1992 da Lei Orgânica, depois em
1993 a revisão constitucional, que naufragou junto com o impeachment do
Presidente Collor, mas desde então, tem surgido volta e meia algum evento, a
Lei da Mordaça, a Avocatória...
ENTREVISTADO: Essa medida provisória que mexeu com o artigo 17,
colocando aquela fase de defesa antecipada na Lei de Improbidade é um
sintoma. A lei somente não cai agora porque não há condições políticas. Quem
tentar fazer isso é de tal maneira crucificado, que fica sem coragem política
para fazer.
Mas, se o Ministério Público, e eu espero que não aconteça, escorregar
em algum ponto, como houve o escorregão com aquele Luís Francisco naquele
episódio famoso com o Antonio Carlos Magalhães, um escorregão desse tipo
pode botar a Instituição inteira para baixo, e esse é o meu medo.
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