ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
ANTONIO ARALDO FERRAZ DAL POZZO* - Ministério Público - RS
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
clandestina chegava numa salinha minúscula, aonde cheguei a ficar cerca de<br />
36 horas seguidas, sem sair, dando uns trocados para um funcionário me<br />
comprar água, sanduíche e cigarros. Corrigimos muita coisa. Essa é, pode crer,<br />
a única e verdadeira fonte do Direito, como sempre disse nas minhas aulas...<br />
Bom, o Deputado Egídio ainda estava lá no Prodasen quando, mais ou menos à<br />
meia-noite, saiu a primeira versão do texto. Como estava em ordem, fui para o<br />
hotel dormir. Mas, por segurança, havia uma outra pessoa que ficava de<br />
plantão, para me avisar se acontecesse alguma coisa fora do comum.<br />
Quando foi uma ou duas horas da manhã, tocou o telefone e ele contou<br />
que o Dr. Sepúlveda Pertence, então Procurador-Geral da República, acabara<br />
de sair do PRODASEN.<br />
O fato era importante porque o Dr. Pertence, ao que tudo indica contra<br />
seu modo pessoal de pensar, mas atendendo à reivindicação da classe que<br />
chefiava, defendia a advocacia para o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> Federal.<br />
MEMORIAL: A advocacia particular, a possibilidade de exercício da<br />
advocacia comum?<br />
ENTREVISTADO: Exatamente! E, como eu imaginei desde logo, a<br />
possibilidade de exercício da advocacia voltara no texto do relatório. Liguei para<br />
o Ibsen Pinheiro, duas e meia da manhã para nos encontrarmos no Prodasen,<br />
porque eu não tinha condições de me dirigir pessoalmente ao relator. Entrei na<br />
sala do relator com o Ibsen, e ele disse: “Olha, Egídio, não pode voltar a<br />
advocacia para o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, isso aí está errado”. E o homem estava num<br />
estado de nervos, ligava para uma pessoa que me ocorreu ser seu “guru” nesses<br />
assuntos, parece que era um advogado de Recife, para saber o que ele devia ou<br />
não permitir a advocacia pelos membros do <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>. O Deputado<br />
Egídio estava literalmente arrasado. Uma coisa impressionante! Lembro que em<br />
determinado momento ele se aproximou, segurou firmemente no meu braço,<br />
16