17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.241 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A classificação formal da categoria de segurado por ocasião da inscrição na previdência social não pode prevalecer sobre<br />

os fatos concretos. Aplicação do princípio da primazia da realidade.<br />

No ato de inscrição do marido da recorrida na previdência social, foi regis<strong>tr</strong>ado na base de dados do INSS endereço urbano<br />

(fl. 75). Esse dado, no máximo, serviria como indício con<strong>tr</strong>ário à afirmação de exercício de atividade rural. O indício, porém,<br />

não foi confirmado pela prova t<strong>es</strong>temunhal, que demons<strong>tr</strong>ou exercício de atividade rural pela família durante tempo<br />

suficiente a cobrir o período de carência da aposentadoria por idade.<br />

O fato de a recorrida ter sido qualificada como dona de casa em certidão lavrada pelo cartório de RGI em 1999 não é, por si<br />

só, suficiente para d<strong>es</strong>acreditar todo o conjunto probatório formado. Trata-se de mero indício, que deve ser sop<strong>es</strong>ado em<br />

confronto com os demais elementos de prova coligidos. De qualquer forma, a certidão lavrada em 1999 baseou-se no<br />

conteúdo da <strong>es</strong>critura pública lavrada em 1973, época em que era comum a <strong>es</strong>posa de <strong>tr</strong>abalhador rural ser<br />

inadequadamente qualificada como “do lar”, m<strong>es</strong>mo quando colaborava com o cônjuge na exploração da terra.<br />

O fato de os filhos da recorrida terem exercido atividade urbana é irrelevante, porque não afasta a configuração do exercício<br />

de atividade rural pelos pais.<br />

Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.<br />

16 - 2008.50.52.000293-9/01 MARIA HELENA BISPO DA SILVA (ADVOGADO: ARILSON CARDOSO CAETANO.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL DESQUALIFICADO PELAS<br />

DEMAIS PROVAS DOS AUTOS. DOCUMENTOS NÃO CONTEMPORÂNEOS. RECURSO IMPROVIDO.<br />

A certidão de casamento indicando a profissão do marido como lavrador normalmente constitui início razoável de prova<br />

material da atividade rurícola, conforme enuncia a Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização. O documento<br />

refere-se a evento muito remoto, ocorrido há mais de quarenta anos, não revelando indício seguro de que o grupo familiar<br />

da autora tenha persistido a <strong>tr</strong>abalhar na roça nos anos seguint<strong>es</strong>. Em situaçõ<strong>es</strong> nas quais constitui o único documento<br />

apr<strong>es</strong>entado, a certidão de casamento remota é aceitável como início de prova material, d<strong>es</strong>de que não existam ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos de prova que coloquem em dúvida a indicação de que o núcleo familiar tenha continuado a <strong>tr</strong>abalhar na roça. No<br />

pr<strong>es</strong>ente caso, porém, há documentos mais recent<strong>es</strong> que lançam severas dúvidas sobre o fato de a recorrente e o marido<br />

ex<strong>tr</strong>aírem o sustento exclusivamente da atividade rural.<br />

A declaração do sindicato de <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais não vale como início de prova material, porque não <strong>es</strong>tá homologada pelo<br />

INSS, conforme exige o art. 106, III, da Lei nº 8.213/91. Ademais, o documento não é contemporâneo, porque at<strong>es</strong>ta que a<br />

recorrente <strong>tr</strong>abalhou d<strong>es</strong>de 1989, embora a filiação à entidade de classe tenha ocorrido apenas em 24/07/2006 (fl. 14 e 25).<br />

O ins<strong>tr</strong>umento particular de con<strong>tr</strong>ato de comodato agrícola firmado en<strong>tr</strong>e a recorrente e seu pai (fl. 29); as fichas de<br />

ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar (fls. 26 a 28); a carteira e declaração do sindicato (fl. 14 e 25) datam do m<strong>es</strong>mo ano em que a recorrente<br />

deu en<strong>tr</strong>ada no requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Logo, os documentos não são contemporâneos. De acordo com a Súmula nº<br />

34 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, “para fins de comprovação do<br />

tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”.<br />

As fichas clínicas (fls. 70/72) con<strong>tr</strong>ariam a alegação da autora de que r<strong>es</strong>ide no meio rural, uma vez que apr<strong>es</strong>entam<br />

endereço r<strong>es</strong>idencial em zona urbana na cidade de São Mateus, no bairro Posto Esso. Tal fato é confirmado pela primeira<br />

t<strong>es</strong>temunha que também r<strong>es</strong>ide na cidade e declarou que a recorrente e seu cônjuge “moram na cidade, mas ‘acha’ que<br />

el<strong>es</strong> vão e ficam <strong>tr</strong>abalhando a semana e vem pra cá no final de semana”.<br />

Os documentos de fls. 30/47 (<strong>es</strong>critura pública, ITR, CCIR) comprovam que o pai da recorrente é proprietário de imóvel<br />

rural. A jurisprudência permite aos filhos se beneficiarem dos documentos em nome dos pais. Assim o faz porque, enquanto<br />

os filhos vivem com os pais, é costumeiro que pr<strong>es</strong>tem colaboração na atividade rural. En<strong>tr</strong>etanto, sendo a recorrente<br />

casada, pr<strong>es</strong>ume-se ter formado novo grupo familiar independente, de forma que a situação do pai não lhe pode ser<br />

<strong>es</strong>tendida. Tendo ela e o marido exercido atividade urbana durante certo tempo, vinga a pr<strong>es</strong>unção de que não mais<br />

colaborasse com o pai na exploração do imóvel rural.<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal, eminentemente superficial, não reúne detalh<strong>es</strong> suficient<strong>es</strong> para complementar o frágil início de prova<br />

material. O juiz que pr<strong>es</strong>idiu a audiência de ins<strong>tr</strong>ução e julgamento relatou que a recorrente não tinha aparência nem<br />

linguajar característicos de <strong>tr</strong>abalhador rural, fato não impugnado no recurso.<br />

Não há prova segura de que a recorrente tenha exercido atividade rural em regime de economia familiar durante tempo<br />

equivalente à carência da aposentadoria.<br />

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e honorários advocatícios por ser beneficiária<br />

da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.<br />

17 - 2006.50.51.001878-4/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Bruno Medeiros Bastos.)<br />

x ALVIM OLIMPIO FERREIRA (ADVOGADO: LILIAN BELISARIO DOS SANTOS.).<br />

E M E N T A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!